ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01403</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PT04</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Alheios</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Ronaldo Nogueira Silva Júnior (Universidade Federal do Ceará); Ravi Yuji Couto Sakata (Universidade Federal do Ceará); Thalis Jordy Gonçalves Braz (Universidade Federal do Ceará); Antonio Plácido Matos Portela (Universidade Federal do Ceará); Osmar Gonçalves dos Reis Filho (Universidade Federal do Ceará)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;cidade, indivíduo, fotografia expressão, fotografia expandida, string art</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Esta peça é parte do ensaio fotográfico  Alheios e apresenta como síntese as questões conceituais e temáticas do trabalho. Partindo da vivência e pesquisa visual no centro de Fortaleza, buscou-se abordar a presença de certos transeuntes da Praça do Ferreira que parecem absortos ao fluxo caótico do centro da cidade. Fruto das propostas da disciplina de Laboratório em Expressões Contemporâneas ministrada pelo professor Osmar Gonçalves no Instituto de Cultura e Arte da Universidade Federal do Ceará, o trabalho visa expressar caracteres dos transeuntes como indiferença, caos e aconchego através da técnica fotográfica que, aliada ao string-art, assume aspectos para além dos visuais a fim de tocar de forma mais expressiva e sensível a experiência daqueles retratados.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Fruto do processo desenvolvido durante a disciplina de Laboratório em Expressões Contemporâneas,  Alheios visa abordar aspectos da experiência do centro de Fortaleza através de transeuntes e suas singulares presenças na Praça do Ferreira. Assim, utilizando-se da retratação visual como busca para expressão do caos urbano contraposto ao conforto encontrado por alguns indivíduos em suas vivências da cidade. Tal tema surge aos autores também a partir desta vivência citadina. Através da experimentação como que do flaneur foi possível enxergar, diante das múltiplas possibilidades temáticas, a presença destes aqui retratados. Tais indivíduos, estando imersos em um possível caos urbano, não se incomodam com os fluxos da cidade, mas se estabelecem em posição quase alheia a esta caoticidade e fazem-se confortáveis diante da mesma. Orientando-se a expressar esta vivência, a fotografia aqui proposta se baseia em parâmetros técnicos como cor e enquadramento, de forma a salientar o indivíduo e sua experiência, temas da imagem. Porém, instigando ainda o espectador através de texturas e impressões táteis possíveis à fotografia pela intervenção do string-art na mesma. Neste caso, a sobreposição de técnicas não só destaca o indivíduo da imagem como também potencializa os caracteres de caos e conforto através da interação das linhas com a imagem fotográfica. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> O objetivo inicial do trabalho era a produção fotográfica para retratar tema relacionado ao centro de Fortaleza segundo escolha livre dos autores, porém se utilizando da fotografia documental que:  (...) pretende representar o real ou designá-lo. Podemos dizer que ela parte de um referente real, e possui alguma relação com esse referente. Ela é composta de estilos e técnicas expressivas e elaboradas pelo realismo, com a intenção de ter semelhança com o natural e registrar a percepção do mundo e de acontecimentos diversos pelo fotografo em diferentes momentos. (HORN, 2010) De modo consequente, esta produção progrediu ao longo da disciplina como oportunidade de ampliar o pensamento da técnica fotográfica em suas possibilidades artísticas e expressivas. Assumiu-se, pois, o objetivo de criar trabalho de fotografia expandida sendo esta como  uma possibilidade de expressão que foge da homogeneidade visual repetida a exaustão (FERNANDES JUNIOR, 2002 p. 19). Assim, através de intervenções técnicas e artesanais nas fotos se intenciona alcançar melhor expressão do tema como também suscitar outras formas de experiência visual aos espectadores. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Não são raros os trabalhos sobre cidade e seus centros. Em Fortaleza, de forma específica, diversos realizadores já buscaram retratar aqueles que ocupam e vivenciam a Praça do Ferreira. Suas abordagens, porém, recaem sobre uma estética documental de cunho quase que informativo, retratando os moradores de rua, os artistas e as aglomerações presentes na praça.  Alheios ambiciona distanciar-se um tanto disso.  Vivemos um momento de culto excessivo a uma hegemônica subjetividade. Daí, talvez, a produção contemporânea buscar problematizar suas questões nos limites, na expansão, nas questões da identidade, da memória, do território, das etnias, do coletivo, do gênero, do corpo, da materialidade do suporte, entre muitas outras. (FERNANDES JUNIOR, 2002) Desta forma, o trabalho aqui exposto se justifica na busca dos autores por uma nova experiência com a técnica fotográfica ao que esta lhes possibilite renovada forma de expressão. Isto presente na busca e escolha do tema, porém diversificado em sua abordagem através da sobreposição das técnicas como modo de tensionar a produção em questão, elevando percepções e interpretações sobre a questão sob pesquisa.  Alheios visa, assim, nova abordagem sobre a experiência do centro da cidade e da Praça do Ferreira situando-se em uma  frágil linha que separa o documento da arte, conferindo-lhe sua singularidade (HORN, 2010 p. 7) perante outras expressões do tema. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A título de experimentação e pesquisa foram utilizadas três câmeras com as quais os autores se revezavam ao início do processo: Canon PowerShot G15, Sony ILCE-3000 e uma antiga Yashika MF3 Super. Contudo, as minúcias de cada câmera não pareceram ser tão destoantes entre si para este trabalho. Tendo sido excluída apenas a última por se tratar de câmera analógica simples sem recursos de zoom, necessários para manter eventual distanciamento da cena. A fotografia definida para a peça em questão tem as seguintes configurações: abertura do diafragma f/5.6, velocidade 1/800s, ISO 400 e distância focal em 55mm. Sendo começo de tarde o momento em que a foto foi produzida, a iluminação da praça se mostrava amena, mas suficiente para uma boa captura da imagem. Assim, o ISO mediano acompanhado da abertura e velocidade em níveis normais fizeram possível uma captação satisfatória de detalhes da cena geral e ainda adequada à iluminação do local. A distância focal de 55mm foi possível através de leve aproximação com o indivíduo da foto e uso de zoom digital viabilizando maior enfoque no personagem, porém sem perder dados do plano e fundo. Após a escolha da foto, a mesma foi submetida a tratamento de imagem no software Adobe Photoshop de modo a trabalhar aspectos de cor e luminosidade que exacerbassem o foco no indivíduo da foto em contraste com o plano geral. Isto ao criar visualmente um recorte de cor-luz onde o personagem se encontra mais iluminado do que o espaço que o cerca. Feitas as edições de imagem, a mesma foi impressa em papel Papel Sulfite com gramatura de 75mg/m e dimensões de 210x297mm. Após os devidos cortes, a impressão foi afixada em fina tábua de madeira envernizada e submetida à Tecnica de String Art (arte tátil tridimensional feita envolvendo linha entre pinos). Para a mesma utilizou-se cola branca, dois tamanhos diferentes de prego e Linha 10 (feita de algodão e geralmente utilizada para pipas). A utilização da técnica foi essencial para a estética desejada na peça, pois enfatizou o tratamento ao qual a imagem já havia sido submetida e lhe conferiu novos caracteres de textura e profundidade. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Este projeto tem início em uma visita fotográfica ao centro de Fortaleza que tinha por intuito promover um contato inicial com a produção fotográfica em sua proposta documental. Para tanto, buscou-se explorar as temáticas disponíveis naquele espaço de forma a destacar questões de interesse dos autores. Sendo uma proposta em grupo, estes precisaram se dividir nos espaços de forma a coletar impressões pessoais a serem discutidas em conjunto. Este processo inicial foi fundamental para o contato com o equipamento fotográfico e experimentações técnicas com o mesmo. Não havendo ainda obrigatoriedade de recorte temático, foi possível promover uma integração entre fotógrafo e equipamento através dos registros livres que foram tomando forma de pesquisa visual. Exploração esta guiada também pelas experiências dos autores com o espaço a ser retratado. Estas trocas e experimentações conduziram o exercício para as questões entre indivíduos e espaço urbano, se mostrando uma temática relevante para os autores. A chegada à Praça do Ferreria foi fundamental para esta definição. Lá foi possível encontrar a figura de um senhor muito peculiar se comparado aos outros transeuntes da praça. Ele estava de pé em frente a uns bancos, algumas pessoas sentadas nestes e outras observando a apresentação de um artista de rua. Toda a cena parecia preenchida pela desordem do lugar, porém a imagem daquele senhor se destacava dentro da mesma justamente pela sua indiferença àquele possível caos. Ele parecia ter uma experiência bem particular da Praça, se portando de forma muito pertencente e confortável com aquele lugar e seus fluxos. Esta possibilidade de experiências particulares de comodidade ou descanso, mesmo em meio ao frenético movimento da cidade, foi o que se definiu enquanto motivo para as fotografias do projeto. De modo que os autores passaram a buscar figuras como a daquele senhor e uma forma de abordar, enquadrar suas experiências na fotografia. Mesmo tendo os devidos registros fotográficos, os mesmos ainda não apresentavam o aspecto expressivo almejado pelo projeto. De modo que a forma documental parecia não corresponder aos anseios dos autores, que assumiram outra diretriz para o projeto:  Na fotografia-expressão, os fotógrafos parecem estar mais conscientes de que os equipamentos devem auxiliá-los a pôr em prática suas propostas de trabalho e que não devem se deixar conduzir pelos atraentes programas do aparelho. Antes de tudo, eles estão interessados em criar uma linguagem pessoal para seus trabalhos e, para isso, se beneficiam dos recursos técnicos disponíveis que melhor venham a se adequar a cada estilo. (HORN, 2010 p.8) Assim, tomou-se a liberdade de intervir nas fotografias para intensificar de forma visual a presença dos personagens na imagem. O que gerou uma série de cinco imagens onde o indivíduo salta ao olhar por conta do sutil contraste criado entre ele e o espaço através do tratamento de cor e luz dado às imagens iniciais. No decorrer da disciplina o mesmo projeto foi exposto a outras ideias e questões dos autores, se mutando também as expectativas sobre ele. Uma das referências que impactou a produção e suas possibilidades foi o trabalho de Alexandre Sequeira. O fotógrafo é conhecido por sua atuação experimental com a técnica, onde não se toma o suporte fotográfico como fim, mas como meio de troca e comunicação. Por pensar a fotografia como encontro, Alexandre propõe trabalhos nos quais as imagens vão além da fotografia. Na série Nazaré do Mocajuba, por exemplo, as fotografias são impressas em objetos dos indivíduos retratados, como redes, mosquiteiros e outros tecidos.  Alheios se trata de um projeto similarmente basilado em experiências de encontro e troca, tanto dos autores com as diversas vivências da Praça do Ferreira como também daqueles que, ao ver as imagens, podem ter nova percepção da forma de experienciar aquele espaço. Assim, se mostrou cabível repensar a materialidade e visualidade das imagens produzidas, de maneira que estas facilitassem o encontro entre os personagens e aqueles que lhes  conhecessem através do trabalho. Deste modo, encontrou-se em uma técnica artesanal a alternativa para viabilizar estas trocas entre indivíduo retratado e indivíduo observador das imagens aqui em questão. Através do String Art se pode reforçar o foco no personagem da imagem e atribuir volume à esta como um todo. As linhas se cruzando sobre a fotografia agregam textura e tridimensionalidade a esta e trazem para o quadro os aspectos de caos e perturbação presentes no momento da foto. Porém a não intervenção destas no indivíduo, servem a exprimir sua comodidade naquele espaço e sensação, mostrando-no alheio à confusão de linhas e fluxos. Por fim, a escolha desta peça como síntese para a série de fotos produzida anteriormente se dá pela junção de fatores que se vê no indivíduo central da mesma. O senhor que dorme sentado no banco da praça expressa o cansaço de um espaço urbano frenético, mas ao mesmo tempo o descanso particular que alguns podem ali criar ou encontrar. Este senhor que dorme enquanto outros conversam, caminham, trabalham ao seu redor sintetiza a experiência de alheiamento fundante deste projeto. Mesmo que atravessado por todos estes movimentos em seu entorno, ele momentaneamente se isenta disso tudo e constrói sua própria vivência da Praça do Ferreira, por conseguinte, fazendo deste trabalho um convite a estas construções. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Tendo em vista o resultado final, o projeto como um todo atingiu seu objetivo de instigar a produção dos autores lhes apresentando as questões da cidade e as experiências seus indivíduos como temática pertinente à exploração acadêmica e artística. Além disso, o trabalho lhes serviu a questionar sobre a prática fotográfica e seus limites enquanto linguagem e técnica. De modo que a produção desta peça se fez como exemplo da viabilidade de experimentar e tensionar a fotografia em vista da expressão almejada neste trabalho e em realizações posteriores. Para mais, a interação e percepção de espectadores sobre a peça e suas questões diante da mesma demonstram o que se pode reconhecer como aspectos de sucesso. Durante a confecção da peça e após o término, os autores puderam identificar o interesse e agrado de alguns colegas e professores sobre a forma como fora retratada a Praça do Ferreira e como a sobreposição das técnicas torna esta abordagem mais acessível e instigante aos sentidos e afeto dos observadores. Deste modo,  Alheios ilustra um processo de crescimento pessoal e profissional dos realizadores quanto à experimentação prática da linguagem fotográfica e sensibilidade quanto às questões motivadoras em suas produções acadêmicas e artísticas. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">FERNANDES JUNIOR, Processos de Criação na Fotografia: apontamentos para o entendimento dos vetores e das variáveis da produção fotográfica. Revista FACOM. São Paulo, nº 16, 2006. Disponível em: http://www.faap.br/revista_faap/revista_facom/facom_16/rubens.pdf . Acesso em: Dezembro 2016.<br><br>HORN, Evelyse Lins. FOTOGRAFIA-EXPRESSÃO: a fotografia entre o documental e a arte contemporânea. Fortaleza, 2010. Disponível em: http://www.poscom.ufc.br/arquivos/fotografia_express%E3o.pdf . Acesso em: Dezembro 2016.<br><br>ROUILLÉ, André. A fotografia: entre documento e arte contemporânea. São Paulo: Senac, 2009.<br><br>SITe - Sociedade de Informação e Tecnologias: O FLÂNEUR SEGUNDO BAUDELAIRE. Disponível em: https://sociedadedeinformacaoetecnologias.blogspot.com.br/2011/08/o-flaneur-segundo-baudelaire.html . Acesso em: Dezembro 2016.<br><br> </td></tr></table></body></html>