ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>Anais :: Intercom :: Congresso Intercom</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00062</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PT10</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Mãos Dadas Belém - Juntos, Compartilhamos: Plano de Comunicação Integrada e Sensível para Projeto que trabalha com Pessoas em Situação de Rua</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Leonardo Santana dos Santos Rodrigues (Universidade Federal do Pará); Erlane Pereira dos Santos (Universidade Federal do Pará); Hojodrines Lima Rodrigues (Universidade Federal do Pará); João Lucas Muribeca Figueiredo (Universidade Federal do Pará); Monica Melo Salgado (Universidade Federal do Pará); Lorena Cruz Esteves (Universidade Federal do Pará); Rosane Maria Albino Steinbrenner (Universidade Federal do Pará); Thaís de Souza Amorim (Universidade Federal do Pará)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Mãos Dadas Belém, Plano de Comunicação, Pessoas em Situação de Rua, Comunicação Organizacional, Planejamento Estratégico</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Este trabalho apresenta o Plano de Comunicação elaborado para o projeto Mãos Dadas Belém, durante o Laboratório de Comunicação Institucional, da turma de Jornalismo da Universidade Federal do Pará. O Mãos Dadas realiza ações com a população em situação de rua na capital paraense. Com uma trupe de palhaços, os voluntários utilizam a arte e a cultura como estratégia de transformação social. Este paper busca mostrar como o Plano de Comunicação foi desenvolvido, as etapas, os métodos utilizados e as suas finalidades. Para isso, utilizou como base as obras de Kunsch (2006), Peruzzo (2013) e Scrofernecker (2014). Conclui-se que ao reformular os canais de comunicação do grupo, trouxemos avanços importantes para o projeto e, como estudantes/comunicadores, o trabalho desmistificou pré-julgamentos, resistências e temores ao abordar o público população em situação de rua.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O objetivo deste paper é apresentar o desenvolvimento do Plano de Comunicação para o projeto Mãos Dadas Belém, elaborado como parte das produções realizadas durante o Laboratório de Comunicação Institucional, no primeiro semestre letivo de 2017, pela turma de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade Federal do Pará. O plano teve a finalidade de orientar o trabalho de comunicação realizado pelo projeto a sociedade em geral, fortalecendo a marca Mãos Dadas Belém, identificando e propondo soluções para as necessidades comunicacionais internas e externas do grupo. Criado em 2014, o Mãos Dadas Belém é um projeto social voltado às pessoas em situação de rua. O grupo realiza ações a cada dois ou três meses em que distribui alimentos, roupas e faz apresentações teatrais com uma trupe de palhaços, buscando levar um pouco de alegria, cultura e afeto às pessoas atendidas, não apenas o suprimento de suas necessidades mais básicas. O Mãos Dadas trabalha, portanto, com uma perspectiva de comunicação mais humanizada, que leva em conta o sentimento de pertença, a construção de vínculos e a importância de se pensar no outro, conforme propõem Scrofernecker et al. (2014). É um contraponto a pensamentos e práticas organizacionais que veem a comunicação de forma funcionalista e instrumental e os sujeitos como recursos, meras máquinas reprodutivas. O Plano de Comunicação buscou incorporar e refletir essa orientação que já estava presente nas ações do projeto Mãos Dadas, mas potencializando-as. Foram desenvolvidos produtos em quatro módulos (Rádio, Impresso, Mídias Digitais e Televisão), pensados de forma integrada. Esses produtos foram exibidos em um evento em comemoração aos três anos de existência do projeto, que contou com a participação das pessoas em situação de rua, atendidas pelo projeto. Trabalhar com o Mãos Dadas trouxe o desafio adicional de abordar e entrar em contato com a população em situação de rua, que é um quadro conhecido nos centros urbanos, mas ao qual não se dá a devida atenção. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O Plano de Comunicação teve como objetivo reformular os canais de comunicação do projeto Mãos Dadas Belém, junto ao público interno e externo, auxiliando na definição dos objetivos da comunicação e no uso dos meios adequados para alcançá-los, bem como, ao definir o projeto social como a instituição que seria atendida, buscou-se consequentemente trazer a discussão sobre as condições da população em situação de rua nos centros urbanos e, com isso, fazer com que passem a ser reconhecidas como sujeitos de direitos. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Em agosto de 2013, São Paulo (SP) estava passando por um inverno rigoroso que afetava muitas pessoas em situação de rua. Sensível a essa realidade, o professor de literatura Maurício Soares reuniu alguns alunos para distribuir comida e roupas para as pessoas nessa condição. Assim, começou o projeto Mãos Dadas. No ano seguinte, Maurício veio a Belém para ministrar uma aula em um cursinho pré-vestibular e relatou suas experiências com o projeto. Inspirados pelo professor, dois estudantes resolveram trazer o Mãos Dadas para a capital paraense. A primeira ação do projeto em Belém aconteceu no dia 9 de agosto de 2014, no aniversário de um ano da fundação do grupo em São Paulo. Com o tempo, a organização do projeto Mãos Dadas Belém passou a oferecer algo talvez mais raro e tão importante para quem sobrevive nas ruas da capital paraense: atenção, alegria, e afeto. Isso é feito de várias formas: por meio de conversas, da simples escuta das suas histórias de vida e de apresentações artísticas com a trupe de palhaços Ruaceiros, formada por voluntários do projeto. Os indivíduos em situação de rua são vítimas de várias formas de preconceitos, sendo muitas vezes vistos pela sociedade como seres invisíveis, restritos de respeito, igualdade e dignidade. Em 2009, o Governo Federal institui a Política Nacional para a População em Situação de Rua pelo decreto 7053/2009 (BRASIL, 2009). O documento caracteriza as pessoas em situação de rua como um grupo heterogêneo, que possui em comum a pobreza extrema, a perda de laços familiares e a moradia em espaços públicos ou unidades de acolhimento de forma temporária ou permanente (BRASIL, 2009). Como não bastasse o preconceito, a falta de estatísticas oficiais sobre as pessoas em situação de rua no Brasil dificulta a criação de políticas públicas para essa população. Em 2007, o Governo Federal realizou a primeira pesquisa para tentar cobrir essa lacuna. O levantamento ocorreu em 71 cidades com mais de 300 mil habitantes e identificou cerca de 34 mil pessoas em situação de rua (MITSCHEIN et al., 2014). Em 2014, o Governo do Estado encomendou uma pesquisa semelhante à Universidade Federal do Pará, estimando a população em situação de rua em Belém e Ananindeua em 583 pessoas (MITSCHEIN et al., 2014), um número crescente, em todo o país. O debate sobre a população em situação de rua não se trata apenas de exclusão social, mas envolve toda a sociedade, permeando temas como habitação, cidadania, as formas de viver na cidade, as políticas de assistência social e o embate entre os direitos individuais e a força do Estado, considerando que muitas pessoas em situação de rua têm seus direitos violados. Foi um caso de violência que levou à criação do Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua, que ocorre em 19 de agosto. Em agosto de 2004, sete pessoas em situação de rua foram assassinadas no centro de São Paulo enquanto dormiam. Por esses motivos, consideramos válido e importante trazer esse tema à tona com o plano de comunicação que desenvolvemos para o Mãos Dadas. Esta também foi a data escolhida para o lançamento do Plano ao seu público alvo, as pessoas em situação de rua, numa praça pública do centro de Belém. O diferencial na forma como o projeto trata as pessoas em situação de rua foi uma das razões que nos levou a escolhê-lo como cliente do laboratório. Como o grupo é composto em sua maioria por estudantes universitários e não tem uma fonte de recursos permanente, os canais de comunicação do Mãos Dadas ainda eram pouco explorados e contavam com a ajuda de alguns voluntários que não conseguiam suprir todas as demandas do projeto. Identificamos que o grupo precisava reformular seu site, suas redes sociais e sua marca, além de melhorar o engajamento entre os membros. O plano de comunicação que propusemos foi nesse sentido: ajudar a divulgar melhor as ações e a marca do projeto, mas sem esquecer de trabalhar a comunicação com seu público interno - as pessoas em situação de rua e os voluntários. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Em termos gerais, o terceiro setor, no qual se inclui o projeto Mãos Dadas Belém, é formado por entidades sem fins lucrativos, privadas e de associação voluntária que atuam em benefício coletivo e visam o interesse público. Caracteriza-se ainda pela heterogeneidade, envolvendo desde ONG s a movimentos sociais e sindicatos (PERUZZO, 2013). Operando sob uma lógica diferente do primeiro e do segundo setor, respectivamente, o Estado e o mercado, o terceiro setor tem necessidades de comunicação particulares e requer dos profissionais dessa área competências específicas (PERUZZO, 2013). Esse foi um dos aspectos que consideramos na elaboração do Plano de Comunicação para o projeto Mãos Dadas Belém. Também levamos em conta que as ações de comunicação não podem ser isoladas, como propõe Kunsch (2006), servindo, por exemplo, para gerenciar crises, mas devem envolver uma análise do ambiente e as necessidades do público. É preciso planejar. Kunsch (2006) aponta que o planejamento de relações públicas tem quatro fases. Na primeira, é feita a coleta de dados e informações sobre a situação da organização. Na segunda, as ações são planejadas e programadas. A terceira fase cuida da implantação e execução do que foi proposto. A última, do controle e avaliação dos resultados (KUNSCH, 2006). Partimos dessa orientação no trabalho que desenvolvemos com o Mãos Dadas. Após a seleção do cliente, entrevistamos um dos coordenadores do projeto, o estudante de medicina Mateus Viégas, para poder identificar quais eram as necessidades do grupo em termos comunicacionais e o que eles tinham naquele momento. A entrevista foi complementada com um diagnóstico dos canais de comunicação do Mãos Dadas e o acompanhamento, na íntegra, de uma ação realizada no dia 10 de junho de 2017, algo que foi importante para percebermos melhor o caráter do projeto. A partir daí, pudemos definir e identificar seus públicos externo e interno, sua missão, valores e visão, e pensar em estratégias e produtos para potencializar a visibilidade do projeto e reformular seus canais de comunicação, atraindo voluntários e consolidando sua marca, mas sem esquecer das dinâmicas internas do grupo e do cuidado ao tratar da população em situação de rua. De acordo com Kunsch (2006), o planejamento de comunicação tem como objetivo traçar o perfil de uma organização no contexto social, político e econômico, fazendo com que a organização se torne mais consciente de seus pontos fracos e fortes e desenvolva um espírito crítico, fundamental para a mudança de atitudes e para definir ou reavaliar ações (KUNSCH, 2006). Possibilita ainda que a organização conheça mais a si mesma, sua missão, os valores que cultiva, a imagem que quer projetar, sua visão de futuro, assim como as ameaças e oportunidades (KUNSCH, 2006). No caso do Mãos Dadas, também é preciso levar em conta que trabalhar com uma organização do terceiro setor é diferente de trabalhar com uma empresa, conforme ressalta Peruzzo (2013). Não é possível haver uma simples transposição das práticas comunicacionais adotadas no mundo corporativo, mas é preciso se considerar o contexto em que se dão as relações entre a organização e o público atendido (PERUZZO, 2013). Peruzzo (2013), considera que a comunicação no terceiro setor acontece em dois níveis: a comunicação mobilizadora, que se volta para o público interno e para o desenvolvimento de processos interativos grupais, e a comunicação institucional, cujo objetivo é construir a imagem da organização junto à sociedade, demarcando sua posição ideológica, buscando conquistar espaço político e visibilidade, assim como prestar contas. Buscamos trabalhar com esses dois níveis no plano que desenvolvemos. Entre as criações, compomos produtos nos quais apresentamos desde histórias de vida de pessoas em situação de rua a produtos que enfatizam os direitos conquistados por essa população. Durante a elaboração do plano, identificamos por exemplo, que alguns voluntários se sentiam desestimulados pois não estavam alcançando os objetivos do projeto. Pensando nisso, como forma de estímulo aos voluntários, propusemos um evento para comemorar os três anos do projeto em Belém, coincidindo com o Dia Nacional de Luta em defesa das pessoas em situação de rua, para, ao mesmo tempo,apresentar a reformulação dos canais de comunicação do grupo. Outro ponto a se considerar é a relação entre um profissional de comunicação e de uma organização do terceiro setor. De acordo com Peruzzo (2013), essa relação não pode ser assimétrica e impositiva, de alguém que domina técnicas e faz o que acha melhor. Ao contrário. O profissional deve atuar como um facilitador que estimule a participação ativa do outro, respeite a dinâmica interna do grupo e tome decisões em conjunto. Também precisa ter sensibilidade para as injustiças sociais e disposição para enfrentar uma jornada de trabalho nem sempre regular. Em alguns momentos, por exemplo, tivemos que sair em busca de entrevistados ou realizar gravações à noite, como aconteceu na ação do Mãos Dadas que acompanhamos. Trabalhar com o projeto implicou uma grande responsabilidade, considerando que o Mãos Dadas já tem uma forma própria, audaciosa e sensível de se comunicar com o seu principal público - as pessoas em situação de rua. E também exigiu um movimento de nós, como estudantes e comunicadores, para também perceber essa dinâmica e exercitar a sensibilidade. A postura que buscamos nesse trabalho foi mais de escuta do que de imposição de ideias, na perspectiva que Peruzzo (2013) defende. Destacamos que o apoio e o suporte dos voluntários do Mãos Dadas nesse processo foi fundamental. O grupo nos ajudou a ter uma aproximação maior com as pessoas em situação de rua e compreender mais sua realidade, muito em função da relação de amizade que já possuem com essas pessoas. A atuação do Mãos Dadas não compreende apenas a assistência material, pois só isto não satisfaz a necessidade de quem está nas ruas, mas visa de fato estabelecer uma conexão, uma relação entre o voluntário e o assistido. De acordo com Scroferneker et al. (2014), considerar essas necessidades afetivas e de vínculos, buscar um olhar mais humanizado não exclui a busca por objetivos organizacionais, mas parte de um reconhecimento da centralidade da comunicação. As organizações são locais não apenas de relações verticalizadas e mecânicas, como prega uma perspectiva preocupada com a eficácia, o desempenho, a produtividade e vê os trabalhadores como meros recursos (SCROFERNERKER et. al, 2014). É preciso considerar a complexidade das interações sociais, as incertezas, o pluralismo, e que as organizações funcionam como um microcosmo social e um lugar de comunicação, portanto, é preciso ter em mente a dimensão do afeto e das relações que são tecidas, fundamental para que haja cooperação e integração (SCROFERNERKER et. al, 2014). Scroferneker et al. (2014) lembram que mesmo com o avanço das técnicas, a presença humana e a necessidade de estabelecer laços não são subsumidas, mas se tornam mais importantes, desejadas, e devem ser levadas em conta pelas organizações.  Embora tenhamos avançado significativamente com relação aos aportes tecnológicos, aos meios, às mídias, às necessidades fundamentais do homem permanecem, a busca pelos laços afetivos e sociais, a realização de trocas, a necessidade de estar em relação (SCROFERNEKER et. al, 2014, p. 528) . No desenvolvimento do plano de comunicação, pensamos não apenas em levar a técnica, em desenvolver produtos e nos números que poderíamos trazer para o projeto tanto em termos de visibilidade quanto de doações, mas em toda a complexidade que está presente no encontro com o Outro. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> O Laboratório de Comunicação Institucional é dividido em cinco módulos: Plano de Comunicação, Impresso, Rádio, Mídias Digitais e Televisão. O primeiro módulo consiste na fase de contato com as teorias sobre comunicação organizacional e planejamento estratégico, seleção do cliente, elaboração e apresentação do plano de comunicação. Todos os alunos devem obrigatoriamente passar por essa etapa. Os outros quatro módulos compreendem a fase da execução do plano, na qual a turma é dividida em equipes e os alunos devem selecionar dois módulos pelos quais deverão passar até o fim do semestre. Buscamos trabalhar de forma integrada e simultânea esses quatro módulos optando por desenvolver um webdocumentário, formato que permite utilizar vídeo, áudio, fotografia e texto, a partir de uma proposta de interatividade e integração multimídia. De modo geral, é possível dizer que a fragmentação do discurso, ou seja, a possibilidade de acessar diferentes blocos de informação, por meio de links, bem como, a multilinearidade, múltiplas formas de linearidade narrativa, escolhidas pelo usuário, são algumas de suas características (PALACIOS, 2007). De acordo com a proposta do plano de comunicação, o conteúdo do webdocumentário do  Mãos Dadas foi composto pelo material produzido em cada módulo: Rádio, Impresso, Televisão e Mídias Digitais. Além desses produtos, a turma de Jornalismo também ajudou a organizar uma ação social em comemoração aos três anos e criou uma nova identidade visual para o projeto. A seguir, explicamos cada uma dessas atividades. IMPRESSO: Nesse módulo, propusemos a produção de histórias em quadrinhos, releases e folhetos com o intuito de veicular parte desse material na imprensa, e destiná-lo para livre distribuição, além de deixá-lo disponível na plataforma do webdocumentário e divulgá-lo nas redes sociais do projeto. As histórias em quadrinho abordam as vivências das pessoas em situação de rua e mostram o trabalho realizado pelo Mãos Dadas. Os folhetos foram pensados para atrair voluntários e apresentar informações sobre o projeto, como o histórico, local de concentração das ações e orientações para novos voluntários. RÁDIO: Os produtos de rádio foram feitos para compor o webdocumentário e também para a divulgação em rádios comerciais, educativas e comunitárias. O planejamento definiu a produção de spots e um radiodocumentário. A equipe de rádio produziu quatro spots e um radiodocumentário dividido em três episódios:  Pelas calçadas de Belém ,  Se essa rua fosse nossa e  Ruas de afeto . Os spots foram de dois tipos: um, para ser divulgado nas rádios e chamar voluntários para o projeto, outro, narrando histórias de vida de pessoas em situação de rua. Durante a produção dos spots, é que se pensou no slogan para o projeto:  Mãos Dadas Belém: juntos, compartilhamos . A Rádio Nazaré FM, a Rádio Cultura FM e a Rádio Web UFPA divulgaram os spots. Esta última também veiculou o radiodocumentário. Chamado  Vozes Invisíveis: a rua que ninguém vê, as histórias que ninguém ouve , o radiodocumentário foi pensado com um caráter mais jornalístico, para apresentar informações sobre as pessoas em situação de rua em Belém, mas sem perder de vista os ganhos para o projeto, mostrando ao público sua seriedade e seu nível de comprometimento com essa população. No site do projeto Mãos Dadas, o radiodocumentário é acompanhado de uma reportagem complementar e apresenta informações diferentes do material produzido pela equipe do módulo de Televisão, tendo em vista a convergência dos produtos. MÍDIAS DIGITAIS: A proposta foi criar um novo site, justamente no formato de webdocumentário, tendo em vista que o site antigo do projeto não era de fácil acesso e não permitia alterações significativas no layout, nem interação com o público. Além do conteúdo fixo e dos produtos dos outros módulos, o site também conta com um blog, que serve para atualizar informações. O site foi criado na plataforma wix.com e está hospedado no seguinte endereço: https://www.maosdadasbelem.com/. A equipe de Mídias Digitais também reformulou as redes sociais (Instagram e Facebook) do projeto e as monitorou, criando calendário de postagens, divulgando matérias do blog e produtos do site, sempre pensando na convergência das mídias. Entre os principais resultados do trabalho de divulgação nas redes sociais, destacam-se as parcerias que o Mãos Dadas Belém realizou com outros grupos e entidades. Com a ajuda das plataformas digitais, o projeto recebeu doações que ajudaram no preparo das ações que ocorreram posteriormente. A experiência mais emblemática dessa troca aconteceu por meio da parceria firmada com um representante da luta LGBT. No lançamento do documentário  Noite Suja , que tem o objetivo de conscientizar e debater, principalmente, o cenário e o espaço da arte drag queen em Belém, abordando a história da festa Noite Suja, metade da renda do evento foi destinada ao Mãos Dadas. Também foi uma oportunidade para o projeto divulgar seu trabalho para o público presente na exibição do filme. Esse momento teve um significado especial e é considerado um marco na história do projeto Mãos Dadas Belém, pois se trata da colaboração e do diálogo entre representantes de dois públicos - a população em situação de rua e a população LGBT - que lutam para a obtenção de direitos e mais espaço na sociedade, importante para trazer reconhecimento tanto ao projeto quanto às causas que ambos defendem. TELEVISÃO: Como proposta para o conteúdo audiovisual sobre o projeto Mãos Dadas, a ideia foi produzir uma websérie que tem como ponto de partida a história e o trabalho dos voluntários que fazem parte do grupo até chegar à história de vida de pessoas em situação de rua que são acolhidas pelas ações do projeto. Foram cinco episódios com duração média de cinco a oito minutos. Cada episódio aborda a história de um voluntário e mostra como seu trabalho afeta a vida de uma pessoa em situação de rua. Nesses episódios, a proposta é mostrar que, mesmo que os integrantes do projeto tenham inúmeras atividades no dia a dia, ainda assim conseguem reunir tempo e esforço para se dedicar ao Mãos Dadas, fazendo com que o público perceba que é possível dedicar-se a um projeto desse tipo e conciliá-lo com outras demandas. Aliado a isso, abordamos a história de pessoas em situação de rua para mostrar o que o trabalho do Mãos Dadas tem lhes proporcionado, o que lhes traz de diferente e como lhes modifica. As histórias de vida das pessoas em situação de rua são contadas de maneira a sensibilizar o espectador, mas tendo o cuidado de não usar recursos apelativos, limitando-se apenas a conhecê-las e a saber como o projeto lhes ajuda. EVENTO: Embora não estivesse previsto no projeto inicial do Laboratório de Comunicação Institucional, o evento foi proposto ao longo do processo de trabalho como uma ação integradora e de caráter extensionista porque os produtos desenvolvidos no Laboratório foram exibidos para a comunidade, em especial ao público atendido pelo projeto, gerando um retorno que ajudou a fortalecer o Mãos Dadas. A ação foi realizada no dia dia 19 de agosto na praça Floriano Peixoto, no bairro de São Brás, em Belém. A data marca o Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua, além do aniversário de três anos do projeto e as duas celebrações favoreceram a mobilização na imprensa e na sociedade. Uma matéria sobre o trabalho do Mãos Dadas e a organização das ações foi exibida no dia 28 de agosto no telejornal  Bom Dia Pará , da emissora TV Liberal, afiliada da Rede Globo. A reportagem está disponível neste link: https://goo.gl/joHxxL. IDENTIDADE VISUAL: A identidade visual do projeto Mãos Dadas Belém também passou por um processo de reformulação com a ajuda do técnico da Faculdade de Comunicação Márcio Novelino. Aprovada pela coordenação do projeto, a identidade visual é composta por duas mãos, uma amarela e outra azul, com um coração no meio. As cores escolhidas fazem referência às cores do projeto Mãos Dadas Belém. Abaixo das mãos está escrito  Mãos Dadas Belém . </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Do ponto de vista objetivo, acreditamos que promovemos avanços importantes para o projeto Mãos Dadas. Reformulamos os canais de comunicação do grupo, como site, redes sociais, criamos uma nova identidade visual e um slogan, além de termos feito parceria com outros grupos e conseguido a divulgação do Mãos Dadas em veículos da grande imprensa, fazendo a marca do projeto circular entre vários públicos. Essas ações ajudaram a trazer mais reconhecimento e a fortalecer o grupo, indo ao encontro dos objetivos do planejamento. Do ponto de vista de nossas experiências como estudantes e comunicadores, o trabalho implicou um deslocamento de possíveis pré-julgamentos, resistências e temores ao abordar um público como a população em situação de rua, sempre tão desumanizado e invisibilizado. O primeiro deslocamento começou pelo uso do termo  população em situação de rua em lugar de  moradores de rua , captando as nuances da realidade das pessoas que vivem nessa condição, justamente como algo passível de transformação. O trabalho também nos aproximou desse público que, para além das necessidades materiais, também quer afeto, compreensão e luta por direitos. Os produtos que desenvolvemos buscaram ter esse cuidado e essa sensibilidade ao representá-los, com o objetivo de obter êxito não apenas com o público externo, mas também de pensar a própria relação do Mãos Dadas com as pessoas em situação de rua e entre si. Procuramos por meio da consolidação do Plano de Comunicação integrada, criar formas de incentivar o engajamento e a integração dos membros do projeto, novos ou antigos, buscando contribuir na formação de um quadro permanente de voluntários, fortalecendo assim sua estrutura. Promover maior visibilidade do projeto no cenário local foi tomada como a principal estratégia para contribuir para uma maior conscientização da sociedade sobre as pessoas em situação de rua, também em Belém. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BRASIL. Decreto nº 7053, de 23 de dezembro de 2009. Institui a Política Nacional para a População em Situação de Rua e seu Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento, e dá outras providências. Brasília: DF, 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d7053.htm>. Acesso em: 23 set. 2017. <br><br>KUNSCH, Margarida Maria Krohling.Comunicação organizacional: conceitos e dimensões dos estudos e das práticas In: MARCHIORI, Marlene. Faces da cultura e da comunicação organizacional. São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2006, p.167-190. <br><br>KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Planejamento e gestão estratégica de relações públicas nas organizações contemporâneas. Anàlisi (Bellaterra, Barcelona), v. 34, p. 125-139, 2006a. <br><br>MITSCHEIN, Thomas; CHAVES, Jadson F,; GONÇALVES, Tadeu O.; MONTEIRO, Valdemir C. A população em situação de rua em Belém e Ananindeua (Pará). Belém: IEMCI/UFPA, 2014. <br><br>PALACIOS, Marcos. Manual de laboratório de jornalismo na Internet. Marcos Palacios, Beatriz Ribas; prefácio: Elias Machado. - Salvador: EDUFBA, 2007. <br><br>PERUZZO, Cicilia Maria Krohling. Fundamentos teóricos das relações públicas e da comunicação organizacional no terceiro setor: perspectiva alternativa. Revista FAMECOS, v. 20, p. 89-107, 2013. <br><br>SCROFERNECKER, Cleusa Maria Andrade; AMORIM, Lidiane Ramirez e OLIVEIRA, Rosângela Florczak. Comunicação Organizacional e Estratégia: (re) pensar para compreender. In: Anais do VIII ABACORP - Congresso Brasileiro Científico de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas. Londrina, UEL: 2014. p. 526-539. <br><br> </td></tr></table></body></html>