ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>Anais :: Intercom :: Congresso Intercom</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00651</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PT01</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Quantas diferenças cabem na sua história? ferramenta de ensino-aprendizagem sobre gênero para infância e juventude.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;José Antônio de Souza Buere Filho (Universidade Federal de Santa Maria); Kátia Leonor Silva da Silva (Universidade Federal de Santa Maria); Marília de Araújo Barcellos (Universidade Federal de Santa Maria)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;editoração, gênero, literatura infanto-juvenil, projeto experimental, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O presente trabalho aborda a temática gênero a partir de um produto comunicacional experimental, o livro. O experimento realizado tem como intuito trabalhar gênero e diversidade a partir da literatura, buscando a sensibilização acerca desta questão, pautando assuntos como preconceito e o respeito às diferenças. Desde a concepção gráfica até a produção do conteúdo, foi utilizado um olhar didático para analisar o tema e a melhor forma de retratá-lo, considerando os públicos para quem a publicação se destina. O público-alvo primário da obra são as crianças e adolescentes, mas há uma intersecção com os pais e professores, considerando estes agentes como público-alvo secundário da obra, uma vez que a família e a escola se constituem como ambientes que influenciam na construção pessoal de cada indivíduo, em especial as crianças e jovens.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A literatura, em qualquer instância da vida, contribui de diversas maneiras para a formação do indivíduo. Entre estas contribuições, a literatura cumpre o papel de dar representação e estabelecer conexões, ou seja, como os leitores se identificam com as personagens das histórias que leem ou escutam. Na infância, esta representação e identificação com as personagens são ainda maiores e acontecem a partir dos contos de fadas, que segundo Ressurreição (2010), mexem com muitos sentimentos existentes dentro de todos os sujeitos e permitem a descoberta dos mesmos, a partir do envolvimento com o enredo das histórias infantis. Os três contos que compõem o projeto experimental do livro "Quantas diferenças cabem na sua história?" são textos que traduzem eventos do cotidiano vividos por muitas crianças e jovens. O intuito dos contos é provocar a reflexão sobre assuntos que dialogam estreitamente com o grande tema do livro (gênero), como as diferenças, o preconceito e o empoderamento infanto-juvenil. Para fomentar esta discussão, é importante compreender em linhas gerais a definição de gênero de acordo com a gramática de Ferreira (1986): "categoria que indica, por meio de desinências, uma divisão dos nomes baseada em critérios tais como sexo e associações psicológicas" (p. 884). Contudo, o gênero se configura como um conceito amplo e complexo, estudado minuciosamente pelas ciências biológicas e humanas e que não se resume às diferenças padronizadas entre os sexos feminino e masculino. Sayão (2002) aponta a representação de gênero pela cultura como fator mais potente em segregar homens e mulheres em determinadas práticas, assim delimitando as questões de gênero. Estas convenções do que é intrínseco ao masculino ou ao feminino é construído, a partir das representações culturais, desde a infância. Segundo Sayão (2002, p. 5) "essas relações influenciam nas elaborações que as crianças fazem sobre si, os outros e a cultura, e contribuem para compor sua identidade de gênero". </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Este produto experimental tem como objetivo geral propor a reflexão e sensibilização sobre as maneiras como o assunto gênero é tratado na infância e juventude, uma vez que muitos estereótipos e preconceitos estão naturalizados em espaços escolares e familiares. Como objetivos específicos, o livro pretende: a) ser além de um objeto de consumo e entretenimento uma ferramenta de debate, reflexão e empoderamento infanto-juvenil; e b) fazer com que além das crianças e jovens, pais e professores possam se apropriar da narrativa da história. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Dentre as motivações que nortearam o desenvolvimento desta pesquisa e livro experimental, pensamos em como o diálogo sobre gênero era inexistente e/ou realizado de forma equivocada em nosso período da infância, dentro de casa ou da escola. Assim, com base na representação de gênero deturpada que é mostrada e explicada para as crianças desde muito cedo, acredita-se que um projeto experimental como este pode ser considerado uma excelente proposta editorial, uma vez que hoje se percebe a importância de discutir gênero, principalmente na infância. Finco (2003), relatou em um artigo seu a dificuldade de encontrar pesquisas voltadas para a temática gênero-infância, e a mesma barreira se faz presente quando procura-se obras no mercado editorial que propõem a discussão e a reflexão sobre gênero na infância. Portanto, este produto também justifica-se pelo valor literário e reflexivo que a leitura deste material propõe, pois traz a partir da literatura personagens que relatam sua rotina em ambientes como a escola e a família, os seus anseios, os seus medos etc. São personagens que se comunicam indiretamente com o seu público, e que a partir de suas narrativas buscam não apenas representar os seus leitores, mas também conceder-lhes a oportunidade do autoconhecimento, da liberdade e a ponderação de assuntos com as quais esbarramos no dia-a-dia, como: "Qual é o tratamento que eu recebo dos meus colegas de sala de aula?", "Qual é o tratamento que eu proporciono aos meus colegas?", "Eu tenho um relacionamento transparente com a minha família?" ou "Como a escola se posiciona diante de questões como bullying e preconceito?". A ideia da criança estabelecer uma conexão e uma identificação com as personagens da história vai ao encontro do argumentado por Costa e Mendes: O livro infantil ao ser contemplado pela criança torna-se uma projeção da sua vida. Lá estão depositados todos os seus sentimentos, que, quando penetrados, revestem-se das possibilidades de conhecimento e reconhecimento de dificuldades, conflitos e decisões que precisam ser tomadas pela criança. (COSTA; MENDES; 2016, p. 265) Embora a publicação não se destine diretamente aos pais e professores, a construção de significados que se busca com este projeto experimental é que a sensibilidade acerca do tema provoque a desconstrução destes públicos intermediários, despindo-os de preconceitos e estereótipos que muitas vezes estão naturalizados em âmbitos familiares e escolares. Outro justificativa, ao conceber este produto experimental, é que o público-secundário possa se apropriar da narrativa do livro a partir de uma prática chamada contação de histórias, que de acordo com Sousa e Bernardino, [& ] é uma prática que, além de ser uma estratégia educacional, estimula a imaginação, educa, instrui, desenvolve habilidades cognitivas, dinamiza o processo de leitura e escrita, além de ser uma atividade interativa que potencializa a linguagem infantil. (SOUSA; BERNARDINO, 2011, p. 237) Dessa maneira, o livro pode ser consumido com diferentes finalidades. A primeira, explorando a obra como uma ferramenta de aprendizagem e estratégia educacional, aplicada principalmente na escola; a segunda, como um instrumento de entretenimento e lazer, por se tratar de uma literatura; ou ainda como uma união das duas perspectivas de consumo. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Para a realização deste trabalho, foram seguidos os métodos repassados na disciplina de Projeto Experimental em Edição de Livros e técnicas aprendidas durante as aulas e também outras disciplinas do curso de Comunicação Social - Produção Editorial. O trabalho foi desenvolvido durante os meses letivos correspondentes ao primeiro semestre de 2017, que foram de março a junho. Durante este período, foi possível executar tarefas tais quais as vividas no contexto de um editora, devido ao caráter experimental da disciplina. Assim, atividades como preparação de originais e revisão de texto, realização de contatos (com ilustrador, por exemplo), escolha de elementos gráficos e impressão do arquivo final foram realizadas. Abaixo, são descritos os processos desenvolvidos durante o tempo de execução do livro. No mês de março, todas as ideias foram expostas e colocadas em pauta. A partir das ideias, foi desenvolvido um brainstorming, até a decisão final da temática do livro. Também foram discutidas características físicas e psicológicas para a construção de cada uma das personagens protagonistas dos contos, para assim eles serem escritos. Além disso, uma rede de contatos foi criada com amigos, conhecidos e profissionais da Educação Infantil para discussão sobre o projeto, que no mês em questão deu seus primeiros passos. O mês de abril foi marcado por um intenso processo de pré-produção e também produção. Assim que o primeiro conto foi concluído, o mesmo foi enviado para alguns públicos-alvo em potencial, que realizaram sugestões sobre a história em questões da gramática empregada na narração e seu conteúdo. O conto também foi enviado para o ilustrador, com as indicações de cenas a serem representadas em imagem. O desenvolvimento do boneco do livro, também feito em abril, permitiu a visualização da anatomia da obra, ou seja, como os elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais se organizam, criando uma lógica de organização na disposição dos elementos (de conteúdo e gráficos). Em maio, a primeira história do livro foi levada à Escola Luizinho de Grandi para ser compartilhada com os alunos da pré-escola na "Hora do conto", prática inserida no cronograma de atividades da professora responsável. A história foi contada, ao mesmo tempo em que reflexões eram propostas para as crianças, a partir da fala dos acadêmicos e da professora. Para auxiliar o imaginário do público, foi confeccionado um fantoche da personagem Ariel. A principal discussão durante a "Hora do conto" foi em torno dos papéis exercidos por meninos e meninas nas brincadeiras e por que existia restrição em participar de determinadas atividades, como por exemplo a exclusão de meninas dos jogos de futebol e a calorosa recusa dos meninos de brincarem com "coisas de meninas". Aproximadamente uma semana depois, a professora responsável retornou o contato, mostrando como os meninos da turma haviam apresentado uma nova perspectiva durante as brincadeiras. A repercussão da atividade desenvolvida com os alunos da educação infantil evidenciou a importância de se relacionar gênero e infância e não mantê-los em polos opostos de interação, pois para Finco, "Relacionar gênero e infância permite que possamos enxergar as múltiplas formas de ser menino e de ser menina que as categorizações não nos deixam ver. Assim estaremos dando a esses meninos e meninas a possibilidade de serem eles mesmos e percorrerem novos caminhos, vivendo a infância com sua inteireza, em sua plenitude". (FINCO, 2003, p. 100) O trabalho no mês de maio continuou com o fechamento das histórias e envio das mesmas para o revisor. Entretanto, após o feedback do revisor, foi sugerido que o terceiro conto fosse reformulado. A sugestão foi acatada, e assim o terceiro conto reescrito foi finalizado no início de Junho. As primeiras ilustrações foram enviadas pelo ilustrador, e assim a diagramação do livro (realizada no software de edição Adobe Indesign) foi iniciada. Junho foi o último mês de trabalho. A diagramação do produto prosseguiu mesmo sem o retorno de todas as ilustrações solicitadas, o que colocou o projeto em atraso. Assim que a diagramação foi fechada, foram realizados contatos e visitas às gráficas da cidade de Santa Maria/RS, levantando informações a respeito do orçamento para impressão do livro desenvolvido na disciplina de Projeto Experimental em Edição de Livros. Após o processo de impressão, o produto experimental foi exposto à turma para avaliação da banca e considerações da professora responsável e colegas. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Os autores dos contos que constituem a obra são, também, os editores da publicação, o que vem ao encontro da estreita relação entre autor e editor. Para Brust (2014), autor e editor devem exercer um trabalho em conjunto para que o processo de um produto editorial aconteça de forma completa. A aproximação entre estes dois agentes inseridos na cadeia produtiva do livro permite um casamento ideal entre o material produzido pelo autor e as diretrizes editoriais pensadas pelo editor. O resultado dessa união de profissionais tende a ser um produto cujo intuito comunicacional estará claro para os seus leitores, já que, de acordo com Brust, "autor e editor devem manter uma relação próxima para permitir que o livro alcance o terceiro polo, o leitor, da forma devida" (BRUST, 2014, p. 17). Tratando-se de um livro cujo público-primário são crianças e adolescentes, é ainda mais importante que o objetivo da publicação esteja explícito no momento da leitura. Como autores e editores responsáveis, durante o processo de escrita dos contos foi decidido escrevê-los na primeira pessoa do singular. Esta escolha justifica-se pela tentativa de aproximar as personagens dos pequenos leitores, dando voz ao que pode estar reprimido em suas cabeças, seja por medo da exposição, da rejeição etc. O título da obra foi um dos elementos mais complexos de se conceber. Desde o início do desenvolvimento do projeto, desejava-se explorar um nome para o livro que mexesse com o consciente dos indivíduos e que também ajudasse a chamar a atenção (este aspecto vem apoiado nos recursos gráficos de tipografia e cor). Portanto, o título ("Quantas diferenças cabem na sua história?") surge como uma interrogação para os potenciais leitores, de modo que estes se sintam curiosos em descobrir o que há por trás da capa do livro, mas especialmente em se questionarem, de fato, sobre quantas diferenças cabem em suas histórias. Tratando-se de um livro destinado ao público infantil e juvenil, entre as decisões editoriais tomadas para desenhar graficamente a obra, foram pensadas questões em torno de formato, ilustrações, tipografias, cores, e grid. O formato do livro deve ser pensado de acordo com a disposição do conteúdo e também na relação de usabilidade e manuseio que o leitor irá estabelecer com o objeto (Romani, 2011). A partir dessa perspectiva, a publicação foi projetada em um formato paisagem, escolha esta que justifica-se pela melhor forma de distribuir os elementos nas páginas. A decisão de utilizar ilustrações como parte do conteúdo do livro foi tomada para tornar o material mais atrativo em questões estéticas, mas especialmente para fomentar a identificação da criança e do jovem com as personagens retratadas a partir do uso da imagem. Para Necyk (2007, p. 96) "ao se identificar com um personagem, seja pelo texto ou pela ilustração, a criança acaba por 'entrar na história' e se sentir parte desta, ou seja, a identificação induz ao processo de imersão". A escolha das famílias tipográficas é parte fundamental do processo de criação das unidades gráficas de um produto editorial. No livro infantil, a tipografia e a imagem, segundo Necyk (2007), possuem a liberdade de disposição de seus elementos pelas páginas, desde que ambos sejam trabalhados conjuntamente. Ainda sobre a escolha de elementos tipográficos, deve-se considerar aspectos como o tamanho das palavras e espaçamento entre palavras. Portanto, quando as famílias tipográficas são trabalhadas em uma publicação infantil, Lourenço (2010) nos diz que é apropriado trabalhar com tipos maiores e, consequentemente, com espaçamentos entre linhas maiores. A argumentação de Lourenço (2010) sobre tipos e espaçamentos maiores justifica a escolha da família tipográfica e seu tamanho utilizados na diagramação dos contos do projeto experimental: tipo News Cycle, tamanho 14 e espaçamento 16,8 pontos. A tipografia News Cycle é uma fonte sem serifa, que combinada às decisões de disposição gráfica nas páginas tomadas cria um fluxo de leitura agradável. Romani (2011) aponta que o uso de uma tipografia neutra em um livro infantil ajuda na não distração da criança do seu objetivo para com o livro, que é a leitura. Já na tipografia da capa da obra, foi utilizada a família tipográfica DK Lemon Yellow Sun. A justificativa de escolha da tipografia para a capa é devido aos traços que o tipo forma, criando a sensação do mesmo ter sido escrito em canetas próprias para desenhos, algo que remete à infância e também ao âmbito escolar. Outro elemento gráfico fundamental na elaboração do livro é a cor. Seja para colorir as tipografias escolhidas ou não, o uso de cores auxilia na construção da identidade do livro. Para Ambrose e Harris (2009), o uso da cor possibilita que emoções e pensamentos sejam evocados em cada indivíduo que a percebe, assim se constituindo como um dos elementos mais característicos do design, além de chamar a atenção de forma rápida em diferentes suportes, seja no papel ou na tela. Tratando-se de um livro infanto-juvenil, as cores buscam trazer um caráter lúdico e atraente ao produto, de modo que estas possam torná-lo destaque junto ao seu formato e tipografias. Dispostos através dos elementos extra-textuais, pré-textuais, textuais e pós-textuais, encontram-se as cores rosa, azul, verde, laranja e vermelho. O rosa e azul são trabalhados como cores opostas e brincam justamente com as atribuições impostas pelo gênero, que posiciona a cor rosa como para "meninas" e a azul para "meninos". O verde funciona como uma cor entre estas cores opostas, mas que também cumpre seu papel nos objetivos que a obra pretende transmitir aos leitores. Nos contos do livro, cada um constitui-se sobre as seguintes cores: laranja, vermelho e rosa. A escolha das cores laranja, vermelho e rosa constituem uma paleta de cores, que distribuídas graficamente pelos capítulos formam um degradê. Mas além das suas funções gráficas e estéticas, cada cor, em cada um dos contos, possui um significado: o laranja proposto no conto da personagem Ariel relaciona-se ao desejo do mesma, que é pintar os cabelos nessa cor; o vermelho colocado no conto da personagem Carolina reflete paixão e sentimentos, que representa o amor que a personagem desenvolve por sua colega de sala; e o rosa no conto da personagem Pedro justifica-se pelo desejo da personagem ao querer praticar aulas de balé (cor também associada às vestimentas e acessórios típicos desse tipo de dança), além de propôr o rosa como uma cor que também pode ser usada por alguém do gênero masculino. Enquanto isso, sobre a disposição visual dos elementos em uma página está relacionado ao grid escolhido para a diagramação. Para Romani (2011, p. 35), "a grade (grid), ou malha, ou grelha, corresponde às proporções internas da página, seu desenho estabelece a organização do conteúdo" e que é a partir dessa ferramenta que o designer hierarquiza a posição das imagens e do texto. Quanto ao tipo de grid selecionado para construir a diagramação, foi o grid modular. Samara (2007) aponta o grid modular como ideal para projetos complexos e que quanto menor o número dos módulos, maior a flexibilidade no momento da execução do trabalho. Como as ilustrações permeiam os três contos do livro, optou-se pelo uso do grid modular para trabalhá-las de forma mais adequada e flexível durante a diagramação. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Uma vez que desde cedo as crianças já mostram apreço por ouvir e ler histórias, acreditamos que um livro de literatura ao abordar questões pertinentes sobre gênero, respeito às diferenças e preconceito pode ser uma maneira inovadora de se apropriar desde cedo de informações que muitas vezes são privadas do período da infância. Além disso, sabemos como a criança possui enorme facilidade em replicar o que lhe é comunicado. Dessa forma, quando pais e professores exercitarem a prática da contação de histórias proposta por Sousa e Bernardino (2011) de um material como este, é possível que o público-alvo primário da publicação transmita sem ao menos perceber lições sobre respeito e preconceito em momentos de seu cotidiano. Assim, retomamos um dos objetivos deste produto, que é naturalizar as questões de gênero a partir do debate no ambiente familiar e da escola, para que dessa maneira a criança possa crescer livre de padronizações que tangem, principalmente, uma das principais práticas da infância: as brincadeiras. Este debate, promovido na família ou escola, pode surgir a partir do contato com produtos comunicacionais voltados à temática, como vídeos, revistas, campanhas e livros. A disciplina de Projeto Experimental em Edição de Livros possibilitou a criação (mesmo que experimental) de um material que pode ajudar a forma de pensar de muitas crianças, pais e professores ser construída a partir da concepção de que todos merecem ser respeitados devido às suas diferenças e que o fato de ser diferente não deve levar nenhum indivíduo, muito menos uma criança ou adolescente, a viver à margem da sociedade, sob a sombra do preconceito. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">AMBROSE, Gavin; HARRIS, Paul. Design básico: cor. Tradução Francisco Araújo da Costa. Porto Alegre: Bookman, 2009. <br><br>BRUST, Fabio Rücker. A prática da autopublicação: o papel do autor-editor e as novas possibilidades de publicação. 2014. Monografia (Graduação em Comunicação Social - Produção Editorial)  Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2014. Disponível em: <http://repositorio.ufsm.br:8080/xmlui/handle/1/918>. Acesso em: 06 Jun. 2017. <br><br>DA COSTA, FÁBIO SOARES; DOS SANTOS, ANDREIA MENDES. Representações de gênero e literatura infantil: paradidáticos em análise. EDUCAÇÃO POR ESCRITO PUCRS, v. 7, p. 263-277, 2016.<br><br>FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 2ª ed. 18. Impressão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. <br><br>FINCO, Daniela. Relações de gênero nas brincadeiras de meninos e meninas na educação infantil.. Pró-Posições (UNICAMP. Impresso), v. 14, p. 89-101, 2003. <br><br>LOURENÇO, Daniel. Tipografia para livro de literatura-infantil: desenvolvimento de um guia com recomendações tipográficas para designers. 2011. Dissertação (Mestrado em Design de Sistemas de Informação)  Programa de Pós-Graduação em Design, Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2010. Disponível em: <http://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/26092/TIPOGRAFIA%20PARA%20LIVRO%20INFANTIL%20Desenvolvimento%20de%20um%20guia%20com%20recomendacoes%20tipograficas%20para%20designers.pdf?sequence=1>. Acesso em: 08 Jun. 2017. <br><br>NECYK, Barbara Jane. Texto e Imagem: um olhar sobre o livro infantil contemporâneo. 2007. Dissertação (Mestrado em Design)  Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro PUC-Rio, 2007. . Disponível em: <https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/10052/10052_1.PDF>. Acesso em: 06 Jun 2017. <br><br>RESSURREIÇÃO, Juliana Boeira da. A importância dos contos de fadas no desenvolvimento da imaginação. EnsiQlopédia, v. 07, nº 1, 2010. Disponível em: <http://www.facos.edu.br/publicacoes/revistas/ensiqlopedia/outubro_2010/>. Acesso em: 04 Jun 2017. <br><br>ROMANI, E. Design do livro-objeto infantil. 2011. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo)  Universidade de São Paulo, USP, 2011. . Disponível em:<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16134/tde-11012012-115004/pt-br.php>. Acesso em: 06 Jun 2017.<br><br>SAMARA, Timothy. Grid: construção e desconstrução. São Paulo: CosacNaify, 2007. <br><br>SAYÃO, D. T. A construção de identidade e papéis de gênero na infância: articulando temas para pensar o trabalho pedagógico da educação física infantil. Revista Pensar Prática, v. 5, 2002. Disponível em: <https://doi.org/10.5216/rpp.v5i0.43>. Acesso em: 10 Jun 2017. <br><br>SOUSA, L. O.; BERNARDINO, A. D. A Contação de Histórias como Estratégia Pedagógica na Educação Infantil e Ensino Fundamental. Educere et Educare (Impresso), v. 06, p. 12, 2011. Disponível em <http://e-revista.unioeste.br/index.php/educereeteducare/article/viewArticle/4643>. Acesso em: 06 Jun 2017. <br><br> </td></tr></table></body></html>