ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>Anais :: Intercom :: Congresso Intercom</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00103</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;RT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;RT02</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Minidocumentário Nós por Nós: a violência de gênero dentro da Universidade de Brasília</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Isabela Alves Graton (Universidade de Brasília); Mariana Bitencourt Santos (Universidade de Brasília); Saulo da Conceição Dal Pozzo (Universidade de Brasília); Armando Bulcão (Universidade de Brasília); Liliane Maria Macedo Machado (Universidade de Brasília)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Feminismo , Universidade, Assédio, Coletivos, Documentário</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Nós por Nós é um minidocumentário realizado por estudantes de Comunicação Social da Universidade de Brasília que aborda o assunto da violência de gênero (assédios sexuais, estupros, feminicídios..) cometida contra as mulheres dentro dos Campi da UnB. Dessa forma, através de entrevistas realizadas com mulheres que fazem parte da comunidade universitária apresenta-se um panorama da UnB e como esses casos de violência impactam as mulheres que vivenciam o ambiente universitário. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Segundo dados da pesquisa  Violência contra a mulher no ambiente universitário , do Instituto Avon, 36% das universitárias já sentiram medo de fazer algo dentro da universidade por medo de sofrer violência, 56% relatam já terem sofrido assédio e 42% já sentiram medo de sofrer violência no ambiente universitário. Assim, percebe-se que a universidade, um local que deveria ser de aprendizado e construções críticas dos saberes, representa apenas mais um ambiente no qual a violência de gênero se propaga sendo, então, extremamente perigoso para as mulheres. Dentro desse contexto, o minidocumentário aborda a falta de segurança das mulheres dentro dos campi da Universidade de Brasília (UnB), que sofrem com inúmeras violências de gênero, tanto simbólicas quanto materiais, dentro de seu ambiente de estudo. Analisando a situação local da universidade e a reação das entidades tomadoras de decisão e das próprias mulheres o documentário busca, então, chamar a atenção para essa situação no campus e o papel que a articulação e ação das mulheres têm no combate a esse problema. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Visando ser realmente um meio para denunciar e dar voz a essas protagonistas, o documentário apresenta dados levantados dos registros da UnB e de pesquisas nacionais, além de entrevistas com docentes da universidade que abordam a questão de gênero, expoentes de movimentos feministas que atuam dentro e fora da universidade enquanto coletivos e órgãos da instituição que lidam com os casos de assédio. Dessa forma, temos como objetivo denunciar uma realidade perversa em que estudantes estão sendo abusadas, assediadas e até assassinadas dentro de um ambiente universitário que deveria ser um local de desconstrução de preconceitos e trocas democráticas de saberes. Também objetiva-se mostrar que, embora a realidade de se viver em um mundo patriarcal e machista seja difícil, as mulheres estão se reunindo para combater a opressão de gênero tanto dentro quanto fora das universidades. O Nós por Nós pretende, portanto, suscitar debates sobre o assunto de violências de gênero dentro das universidades de forma a denunciar e transformar essa realidade, além de, principalmente, mostrar para outras mulheres que a união feminina é a melhor saída para resistir aos desafios de ser mulher. Com o minidocumentário, queremos passar a mensagem, através de exemplos de dentro da UnB, de que qualquer mulher pode e deve lutar para resistir ao machismo e ocupar mais os espaços públicos </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A produção desse documentário não veio de uma demanda oficial ou de proposição de disciplinas ou professores, pelo contrário. O principal estímulo foi justamente a falta de materiais como esse que fossem desenvolvidos por alunos da universidade e que também tivessem como principal público alvo a própria universidade. Como estudantes da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, a equipe constatou a falta de narrativas audiovisuais que contassem a realidade vivida pelas mulheres da UnB e quais foram os meios encontrados por elas para fugir da insegurança diária em que estão inseridas. A partir de uma realidade de medo e incômodo, desenvolver uma narrativa que apresentasse a luta de mulheres dentro da universidade contra o assédio se tornou uma necessidade. Após uma apuração entre os movimentos alternativos desenvolvidos por grupos femininos da UnB, a equipe do documentário percebeu o quanto a universidade era negligente com os casos de assédio denunciados pelas mulheres. Entre abusos de poder em sala de aula de professores para alunas, casos de assédio em festas de cursos, relacionamentos abusivos e até mesmo feminicídios, inúmeros coletivos feministas começaram a se formar para, juntas, desenvolverem formas de se unir contra a dificuldade de ser mulher no Brasil e, mais ainda, dentro da Universidade de Brasília. O documentário apresenta-se, então, como um produto que vem para somar à essas outras iniciativas que visam combater essas violências contra as mulheres no ambiente universitário. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Com a proposta de dar voz às mulheres, que vivem as consequências da falta de uma estrutura de segurança apropriada dentro das universidades, a narrativa do documentário é construída apenas a partir dos depoimentos das entrevistadas e complementadas por dados de pesquisas, junto com o ponto de vista dos órgãos institucionais responsáveis da UnB. Inicialmente independente, o projeto iniciou sua pré-produção no final de 2017. Pensado para o meio virtual, a proposta do documentário era ser curto e direto, não maior que um curta-metragem. Seu ritmo também deveria focalizar na dinamicidade, facilitando a transferência da informação e favorecendo o debate. Considerando a proximidade do final do semestre, a equipe, composta de 3 pessoas, instituiu a meta de filmar todo o material antes que as aulas terminassem, já que por consequência a maior parte da equipe e das entrevistadas não teria mais disponibilidade. Assim, a proposta era de simplificar ao máximo as dificuldades em relação a produção - com a equipe reduzida e poucos equipamentos. Quando o recorte da abordagem foi definido, foi realizada a pesquisa e sondagem do assunto na UnB. Ao nos familiarizamos com a situação, mapeamos as pessoas de interesse para serem entrevistadas, entramos em contato para apresentar o projeto e marcar as entrevistas. Ao mesmo tempo, estruturamos nossos recursos e a partir daí foi elaborado o plano de realização. Para as primeiras entrevistas contamos com a colaboração de mais dois diretores de fotografia, cada um utilizando sua câmera própria, uma Nikon D7100 e uma Canon 6D. Por isso, conseguimos dois planos na primeira entrevista. As duas câmeras também foram utilizadas com outras duas entrevistadas, que não entraram no corte final. Para o áudio, foi reservado um microfone de lapela com a Faculdade de Comunicação, que foi conectado a um gravador Zoom H4n, pertencente a equipe. Esse microfone foi usado em todas as entrevistas salvo uma, que devido a disponibilidade dos equipamentos da FAC teve que ser gravada com um microfone direcional, também conectado ao H4n. As entrevistas foram realizadas em ambientes dos campi da UnB, selecionados aleatoriamente, buscando-se facilidade de transporte, menos barulho externo e suavidade de composição do quadro. Majoritariamente, foi-se utilizada a área do Instituto Central de Ciências e arredores. A imagem foi estática, montada em tripé, e teve como câmera principal uma Sony a6000, que também pertencia a equipe. Ela foi utilizada em todas as entrevistas salvo a primeira. Era pedido para as entrevistadas olhar para as diretoras, ao invés de para a câmera, para criar o ambiente de uma conversa informal, em que o espectador participa como ouvinte terceiro. Optou-se por não fazer uso de narração, nem de personificar as diretoras/repórteres, para que a linha narrativa seguisse as falas das próprias entrevistas, a partir das questões e fatores levantados pelas mesmas. Buscamos também entrevistar os órgãos institucionais responsáveis por essas questões, a saber a DiV (Diretoria da Diversidade) e o CoPP (Segurança da UnB), para contrabalancear as denúncias que partiam das estudantes e participantes das ações contra o machismo na universidade. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Nós por Nós é um curta documentário voltado para o meio virtual, com duração de 11 minutos e 59 segundos. Realizado como reação à burocracia e falta de um professor efetivo para a matéria Documentário 2, na Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília durante o 2º semestre de 2017, a produção foi articulada de maneira independente e associada à disciplina sob a orientação do professor Armando Bulcão, que havia preenchido a vaga da matéria até metade do semestre, quando foi anunciado o novo professor titular (deixando os alunos sem completar o semestre). Paralelamente, foi a inquietação do corpo discente perante diversas situações ocorridas dentro da universidade, de casos então recentes relacionados a professores da faculdade e vários outros, que fez ser necessária a produção desse conteúdo sobre a segurança das mulheres dentro da UnB. A crítica à idealização do meio acadêmico parte das vozes das mulheres, estudantes, que ao serem confrontadas com a opressão machista e o medo da violência dentro do seu ambiente de formação, tiveram que agir por conta própria para chamar a atenção para essa situação. O documentário apresenta mulheres de diversos coletivos feministas, movimentos estudantis e afins para pôr em cheque as ações da própria universidade, também representada no curta. Produzido ao longo de aproximados 3 meses, o processo começou com o mapeamento das articulações feministas independentes da UnB e das políticas de segurança da própria universidade. Com isso, entrevistas foram marcadas e realizadas entre dezembro de 2017 e fevereiro de 2018 em diversos pontos dos campi. A edição, feita no final de fevereiro, montou a narrativa apenas a partir das falas das personagens em questão, sem uso de narrador. A trilha sonora, montada na pós-produção, é composta apenas por cantoras mulheres e contém músicas que questionam a sociedade patriarcal e as violências de gênero sofridas pelas mulheres. Do ponto de vista do meio virtual, o ritmo da montagem é dinâmico e a duração é curta, uma vez que visa trazer a reflexão sobre uma situação e pôr o holofote para essas mulheres que se levantaram e agiram para mudar sua realidade em uma plataforma utilizada mundialmente que favorece a velocidade da informação. Após sua finalização, o minidocumentário foi exibido em diversos eventos dentro da UnB de forma a promover o debate sobre o assunto dentro da universidade. Além do meio acadêmico, o Nós por Nós foi exibido durante o 2º Festival de Cinema do Paranoá (DF), no qual concorreu às premiações da mostra do Distrito Federal e Entorno e foi escolhido como ganhador da categoria de melhor curta-metragem escolhido pelos jurados. O reconhecimento por parte do júri demonstra que o assunto possui grande relevância social e necessita ser mais debatido tanto dentro quanto fora da academia. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Entre outra angústia vinda no processo de produção do filme, o sucateamento das universidades federais entra em pauta quando se trata da segurança nos campi da UnB. O minidocumentário aborda as dificuldades enfrentadas pelas mulheres da universidade em se sentirem seguras em seus próprios ambientes de trabalho ou estudo, indicando o quanto investimentos em segurança, iluminação e conscientização ainda são poucos em frente à quantidade de desafios vividos por essas mulheres. Hoje, em 2018, com os investimentos ainda mais escassos devido aos reflexos da aprovação da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) do Congelamento de Gastos, em 2016, a Universidade de Brasília passa por grandes problemas orçamentários que resultam na demissão de funcionários terceirizados da segurança, por exemplo. Essa conjuntura política da universidade reflete diretamente na quantidade de estupros, assédios e denúncias vindas das mulheres quando se trata de segurança. Situado no contexto da Universidade de Brasília, o minidocumentário Nós por nós apresenta uma realidade local para gerar debates e reflexões acerca de um tema de extrema importância para todas as universidades brasileiras, assim como para a sociedade no geral. Com o debate sobre violências contra as mulheres dentro do ambiente acadêmico tornando-se cada vez mais proeminente na sociedade torna-se necessário o desenvolvimento de pesquisas e produtos que tratem do assunto e revelem a realidade em que as estudantes estão inseridas. Dessa forma, a produção do minidocumentário reflete a importância de se utilizar da educação para combater opressões sistêmicas e estruturais da sociedade, como o sexismo. Ele também reflete a importância da união feminina, pois, através das falas das entrevistadas percebe-se que, quando há negligência das instituições, torna-se necessário uma resistência coletiva. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ALMEIDA, Tânia Mara. Violência contra mulher no espaço universitário. In Mulheres e violência: interseccionalidades, p. 384-399, Brasília: Technopolitik, 2017. <br><br>BARROS, Virginia. Universidade e violência contra as mulheres: vamos falar sério sobre o assunto? Novembro de 2014. Revista Fórum Disponível em <https://www.revistaforum.com.br/digital/173/universidade-e-violencia-contra-mulheres-vamos-falar-serio-sobre-o-assunto/ > Acesso em abril de 2018. <br><br>CHAUÍ, Marilena. Participando do debate sobre mulher e violência. Várias autoras, Perspectivas Antropológicas da Mulher, no 4, Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1985 <br><br>DATA POPULAR/INSTITUTO AVON. Violência contra a mulher no ambiente universitário. São Paulo: Instituto Patrícia Galvão e ONU Mulheres, 2015. <br><br>ENTRECULTURA. Assédio Sexual na Universidade: Como tratar o assédio no meio acadêmico? Dezembro de 2017. Disponível em < http://entrecultura.com.br/2017/05/26/assedio-sexual-na-universidade-como-tratar-o-assedio-no-meio-academico/ > Acesso em abril de 2018. <br><br>ESTADÃO, Jornal. Estudantes ainda têm receio de denunciar assédio sexual sofrido em universidades. Julho de 2017. Disponível em < http://emais.estadao.com.br/noticias/comportamento,estudantes-ainda-tem-receio-de-denunciar-assedio-sexual-sofrido-em-universidades,70001828491 > Acesso em abril de 2018. <br><br>ESTADÃO, Jornal. Estudantes ainda têm receio de denunciar assédio sexual sofrido em universidades. Julho de 2017. Disponível em < http://emais.estadao.com.br/noticias/comportamento,estudantes-ainda-tem-receio-de-denunciar-assedio-sexual-sofrido-em-universidades,70001828491 > Acesso em abril de 2018. <br><br>FERRAZ, Ana Carolina Mattos de Sousa. Professores assediadores: O assédio sexual na Universidade de Brasília. Brasília, 2017. <br><br>FREITAS, Ana. Como as maiores universidades do mundo combatem o assédio sexual no campus. NEXO Jornal LTDA. Disponível em < https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/07/28/Como-as-maiores-universidades-do-mundo-combatem-o-ass%C3%A9dio-sexual-no-campus > Acesso em abril de 2018. <br><br>MOREIRA, Isabela. Como as universidades brasileiras abafam os casos de assédio sexual. Fevereiro de 2016. Revista Galileu. Disponível em <https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2016/02/rompendo-o-silencio-vitimas-de-violencia-nas-universidades-brasileiras-contam-suas-experiencias.html > Acesso em abril de 2018. <br><br>METROPOLES, Jornal. UnB volta a ser palco de machismos e agressão a mulheres  Disponível em <https://www.metropoles.com/distrito-federal/educacao- df/unb-volta-a-ser-palco-de-machismo-e-agressoes-a-mulheres> Acesso em abril de 2018. <br><br> </td></tr></table></body></html>