ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>Anais :: Intercom :: Congresso Intercom</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00185</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO13</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Kaiowá: mulheres sem medo</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Mylena Garcete Rocha (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul); Nayla Brisoti Barbeta (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul); Katarini Giroldo Miguel (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Jornalismo, Guarani Kaiowá, Mulheres indígenas, Reportagem multimídia, Mato Grosso do Sul</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">"Kaiowa&#769;: mulheres sem medo" e&#769; uma narrativa longform, no estilo literário, para a web sobre a luta das mulheres Guarani Kaiowa&#769; pelo seu territo&#769;rio de origem, o tekoha. Localizadas no Cone Sul de Mato Grosso do Sul, as Kaiowa&#769; resistem dia apo&#769;s dia, na&#771;o so&#769; para retomar suas terras, como pela pro&#769;pria sobrevive&#770;ncia. O trabalho esta&#769; dividido em cinco capi&#769;tulos, sendo um deles com base na "Kun&#771;angue Aty Guasu- Assembleia das Mulheres Guarani e Kaiowa&#769;". Os demais capi&#769;tulos retratam perfis de quatro mulheres Kaiowa&#769; que se destacam no contexto, sendo elas: Adelaide Sana&#769;bria, Clara Barbosa, Damiana Cavanha e Helena Gonc&#807;alves. A plataforma esta&#769; disponi&#769;vel no link: www.kaiowamulheressemmedo.com.br</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O produto desenvolvido é uma grande reportagem literária para a web e tem como tema central a resistência das mulheres indígenas da etnia Guarani Kaiowá na luta pelo tekoha, cujas histórias são contadas no formato de perfil. Os Guarani Kaiowá são grupos que tradicionalmente habitam o sul de Mato Grosso do Sul, estado com uma grande diversidade demográfica e que, neste contexto, apresenta uma significativa população indígena, estimada em 73.295 mil pessoas, segundo censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010. Guarani Kaiowá é a etnia mais populosa no estado, estimada em mais de 30 mil habitantes, segundo o Instituto Socioambiental, e conhecida pela luta de seu território, travada contra latifundiários e o governo. A narrativa busca retratar essa luta sob a ótica da mulher indígena, por meio de histórias de mulheres Guarani Kaiowá que se dedicam dia a dia para reaver seu território de origem, seu tekoha. A pergunta que tentamos responder na narrativa é: por que essas comunidades, e principalmente as mulheres, insistem em lutar pela terra apesar de toda a violência sofrida durante décadas? Segundo Crespe (2015), os Kaiowá lutam pela terra, pelo seu lugar no mundo, pelo direito de viver perto dos antepassados mortos, pela saúde, pela alegria e pela vida. Para eles a terra é vida e o despejo é morte. Desenvolvemos a narrativa a partir de relatos de quatro mulheres Guarani Kaiowa&#769; na retomada de suas terras, para compreender e retratar o papel feminino na sociedade indi&#769;gena e a vulnerabilidade social a que esta&#771;o sujeitas. Para contar a história da luta dessas mulheres com maior riqueza de detalhes, a narrativa foi realizada com foco na reportagem narrativa e descritiva. Segundo Oswaldo Coimbra (1993), o gênero narrativo recria a realidade para o leitor e eterniza o acontecer.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Realizar pesquisa bibliogra&#769;fica sobre o formato longform e sua utilizac&#807;a&#771;o no Jornalismo; sobre os Guarani Kaiowa&#769; e o histo&#769;rico de viole&#770;ncia vivido por esta etnia; sobre o papel da mulher nas retomadas territoriais indi&#769;genas; e sobre as tipologias da reportagem, perfil e jornalismo literário. Entrevistar e consultar especialistas sobre a luta das mulheres Kaiowa&#769; pelo territo&#769;rio. Entrevistar e acompanhar mulheres Guarani Kaiowa&#769; que lutam para retomar seu tekoha e entender seu papel como lideranc&#807;a, ale&#769;m de compreender a relac&#807;a&#771;o entre elas e a terra. Registrar atrave&#769;s de fotografias e vi&#769;deos as comunidades e a situac&#807;a&#771;o em que vivem essas mulheres. Escrever os acontecimentos da Aty Kun&#771;a e a histo&#769;ria das quatro mulheres, a fim de retratar as vulnerabilidades que esta&#771;o sujeitas. Produzir a narrativa longform com elementos literários e utilizac&#807;a&#771;o de fotos, vi&#769;deos, a&#769;udios e mapas para contextualizar a realidade dessas mulheres. Desenvolver a reportagem no software Adobe Muse e publicar a narrativa em uma plataforma para web.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Guarani Kaiowá O estado de Mato Grosso do Sul apresenta uma significativa populac&#807;a&#771;o indi&#769;gena, a segunda maior do pai&#769;s, estimada em 73.295 mil pessoas (IBGE, 2010). Destes, os Guarani Kaiowa&#769; sa&#771;o os mais representativos com mais de 30 mil habitantes, segundo o Instituto Socioambiental. Para os indi&#769;genas da etnia Guarani Kaiowa&#769;, o seu tekoha significa mais do que apenas um territo&#769;rio. Pereira (2016) define o tekoha como  o lugar (territo&#769;rio), no qual uma comunidade Kaiowa&#769; (grupo social composto por certo nu&#769;mero de parentelas relacionadas) vive de acordo com sua organizac&#807;a&#771;o social e seu sistema cultural (cultura) (PEREIRA, 2016, p. 41). O territo&#769;rio tradicional dos Guarani Kaiowa&#769; era bastante amplo, pore&#769;m com o avanc&#807;o das frentes colonizadoras entre as de&#769;cadas de 1940 e 1990, a maioria das fami&#769;lias Guarani e Kaiowa&#769; foi expulsa de suas terras de ocupac&#807;a&#771;o tradicional, segundo Cavalcante (2013). O cena&#769;rio em que as mulheres indi&#769;genas esta&#771;o inseridas e&#769; de mise&#769;ria e invisibilidade social. De acordo com Souza e Ferreira (2016), hoje os Guarani Kaiowa&#769; sa&#771;o mais conhecidos pela luta que te&#770;m empreendido bravamente com fazendeiros e com o governo estadual pela demarcac&#807;a&#771;o de suas terras. Os conflitos de terra entre indi&#769;genas e fazendeiros sa&#771;o uma realidade em Mato Grosso do Sul e a atuac&#807;a&#771;o das mulheres na retomada pelo territo&#769;rio na&#771;o pode ser ignorada. Quanto a&#768; questa&#771;o de ge&#770;nero, as mulheres Kaiowa&#769; na lideranc&#807;a, geralmente sa&#771;o idosas e acompanhadas de seus maridos. Para Priscila Anzoategui (2017), os pape&#769;is de ge&#770;nero sa&#771;o complementares, pore&#769;m isso na&#771;o quer dizer que na&#771;o ha&#769; hierarquia nas comunidades indi&#769;genas. Gêneros narrativo e descritivo Para a construção da narrativa nos aprofundamos nas suas diferentes tipologias, conforme Coimbra (1993). As mulheres e suas histo&#769;rias sa&#771;o as vozes principais da reportagem, escrita a partir do narrador testemunha  1o pessoa-, em que a personagem do narrador e&#769; secunda&#769;ria e testemunha os fatos da periferia dos acontecimentos, a partir das informac&#807;o&#771;es que viu, ouviu e colheu. Ale&#769;m do uso do modo drama&#769;tico  3ª pessoa -, responsa&#769;vel por informar o que os personagens falam e fazem (COIMBRA, 1993). Ale&#769;m da tipologia narrativa, a reportagem tambe&#769;m se atenta aos elementos descritivos, responsa&#769;veis pelo detalhamento dos fatos  que causa o  efeito de real -, com o objetivo de atribuir trac&#807;os da esfera psicolo&#769;gica e fi&#769;sica das personagens, suas caracteri&#769;sticas, e dos ambientes que integram a histo&#769;ria. Os capi&#769;tulos focados nas mulheres Guarani Kaiowa&#769; trazem perfis de cada uma delas, com o intuito de retratar a vida e os sentimentos de cada mulher apresentada na reportagem. O método de perfil se justifica na medida em que abordamos a questão indígena sob o ponto de vista de quatro mulheres, de diferentes comunidades e realidades. Assim como Hérica Lene (2006) cita, utilizamos o perfil do personagem indivíduo de modo a retratar não só suas realidades, mas as diferentes personalidades de cada uma.  O retrato que o repórter faz do perfilado é mais psicológico que referencial. O interesse recai sobre a atitude do entrevistado diante da vida, seu comportamento, a peculiaridade de seu modo de atuação. O narrador, logicamente, acentua o lado de maior destaque do perfilado (LENE, 2006). O lado de destaque foi o papel de liderança das mulheres nas suas comunidades, mas a essência de cada uma permitiu que as entrevistas tomassem rumos diferentes, acentuando assim as diversas realidades vividas pela mulher indígena.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A princi&#769;pio, realizamos um levantamento bibliogra&#769;fico sobre o papel da mulher nas sociedades indi&#769;genas e acerca da luta dos Guarani Kaiowa&#769; pela retomada de seu territo&#769;rio. Ale&#769;m disso, o material bibliogra&#769;fico utilizado nos deu suporte sobre a histo&#769;ria desta etnia indi&#769;gena no Mato Grosso do Sul e sobre seus direitos. Tambe&#769;m fizemos leituras sobre a tipologia da reportagem, perfil e jornalismo literário, a fim de usa&#769;-las como base teo&#769;rica no trabalho. Apo&#769;s o levantamento bibliogra&#769;fico fizemos uma visita in loco em uma reunia&#771;o de mulheres Guarani Kaiowa&#769; gestantes, na aldeia Te y Kue&#770;, localizada no munici&#769;pio de Caarapo&#769;, a cara&#769;ter de reconhecimento da tema&#769;tica. Durante a segunda viagem coletamos depoimentos de duas das mulheres indi&#769;genas escolhidas como fontes: Dona Damiana e Dona Helena. Damiana Cavanha e&#769; uma lideranc&#807;a Kaiowa&#769; do tekoha Apyka i&#769;, localizado em Dourados; e Helena Gonc&#807;alves e&#769; moradora da reserva indi&#769;gena Lima&#771;o Verde, em Amambai, e aguarda a demarcac&#807;a&#771;o de seu tekoha Mbarakay, localizado no munici&#769;pio de Iguatemi. Realizamos a terceira viagem rumo a&#768; Kun&#771;angue Aty Guasu- Assembleia das Mulheres Guarani e Kaiowa&#769;, que aconteceu de 18 a 22 de setembro no tekoha Kurusu Amba II, em Coronel Sapucaia. A Aty Kun&#771;a e&#769; uma assembleia organizada por mulheres Guarani e Kaiowa&#769; com o principal objetivo de discutir os direitos das mulheres indi&#769;genas do Cone Sul de Mato Grosso do Sul. A quarta e u&#769;ltima viagem. No primeiro dia, visitamos Adelaide Sana&#769;bria em Tayassu Ygua, retomada pro&#769;xima ao munici&#769;pio de Douradina. Ale&#769;m da gravac&#807;a&#771;o da entrevista e fotos de Adelaide, pudemos registrar tambe&#769;m fotos e vi&#769;deos de apresentac&#807;o&#771;es realizadas pela fami&#769;lia de Adelaide, que representam a cultura de seu povo, como a demonstrac&#807;a&#771;o de luta dos guerreiros e a danc&#807;a das mulheres e crianc&#807;as. No dia seguinte, visitamos Helena Gonc&#807;alves em Lima&#771;o Verde, no munici&#769;pio de Amambai, Damiana Cavanha no Apyka i&#769;, em Dourados e Clara Barbosa em Laranjeira N&#771;anderu, retomada pro&#769;xima a Rio Brilhante. Em todas essas visitas fizemos fotos e vi&#769;deos das personagens e de seus familiares. A fim de obter mais informac&#807;o&#771;es e conhecer um outro olhar sobre as mulheres retratadas na reportagem, entrevistamos alguns pesquisadores que ja&#769; acompanham a tema&#769;tica indigenista ha&#769; anos, como: Priscila Anzoategui, mestre em Antropologia, cuja dissertac&#807;a&#771;o de mestrado trata justamente das mulheres Guarani e Kaiowa&#769; e a retomada de territo&#769;rio; Tiago Resende Botelho, professor da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), advogado e indigenista, ele e&#769; amigo pessoal de Damiana, e po&#770;de nos fornecer mais informac&#807;o&#771;es sobre ela e sobre a situac&#807;a&#771;o legal de Apyka i&#769;; e Marcos Homero Lima, antropo&#769;logo do Ministe&#769;rio Pu&#769;blico Federal em Mato Grosso do Sul (MPF/MS) que nos explicou sobre as situação de demarcação dos territórios abordados na narrativa. De acordo com Lene (2006), para fazer um perfil é necessário que o repórter se municie sobre o assunto de que vai tratar. Para isto, fizemos uma pesquisa jornalística, utilizando artigos científicos sobre as mulheres indígenas em que algumas de nossas personagens já foram estudadas. Além disso, conversamos com indigenistas, estudiosos ou pessoas próximas destas mulheres para termos uma estratégia de abordagem, já que as mulheres indígenas são conhecidas por serem mais retraídas, e também para elaboração de perguntas. Segundo a autora,  para ir fundo na vida de uma pessoa ou de um lugar é preciso, antes de mais nada, conhecê-lo bem. Estas informações prévias podem ser conseguidas no arquivo do jornal, em pesquisa na internet ou com pessoas ligadas ao assunto (LENE, 2006). Produzimos o texto a partir das tipologias narrativa e descritiva e elementos literários, de modo a aproximar o leitor do contexto e das personagens apresentadas. O tamanho de cada capi&#769;tulo tem cerca de duas mil palavras, o que se enquadra diretamente no conceito longform de Longhi (2014). De acordo com a autora, uma grande reportagem nesse formato tem entre dez e 20 mil palavras. Na pa&#769;gina de apresentac&#807;a&#771;o e nos menus, as telas aparecem com o nome das mulheres de forma a dar protagonismo a elas, mas os ti&#769;tulos de cada capi&#769;tulo sa&#771;o interpretac&#807;o&#771;es da personalidade dessas mulheres. Damiana representa a resiste&#770;ncia (Mbarete), Helena a reza (N&#771;embo e), Clara o conhecimento (Arandu) e Adelaide a estrate&#769;gia (N&#771;ombogueta). Os termos foram traduzidos no guarani indi&#769;gena, como uma forma de reverenciar a li&#769;ngua dos Kaiowa&#769;. A foto de cada capi&#769;tulo tambe&#769;m tentou expressar a esse&#770;ncia de cada mulher. Damiana como uma mulher muito sofrida, Helena como mulher alegre, Clara como uma mulher calma e Adelaide como pensativa. O menu na tela principal e&#769; apresentado de forma circular para que a escolha de qual capi&#769;tulo sera&#769; lido seja inteiramente do leitor. Nos outros capi&#769;tulos o menu e&#769; apresentado de forma vertical, mas desordenado, cada pa&#769;gina apresenta uma ordem diferente, justamente para dar a ideia de rotatividade e na&#771;o linearidade, presente na cultura indígena. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O projeto estrutura-se em três pilares: a pesquisa bibliográfica, na qual foi feito o levantamento teórico sobre a as tipologias da narrativa e sobre as mulheres Kaiowá na retomada de terra; o trabalho de campo, quando foram realizadas as entrevistas com as mulheres indígenas e visitas aos seus acampamentos e os registros fotográficos e audiovisuais e a construção da narrativa, em que foi feita a estruturação de todo o material colhido e posterior publicação. Para a análise do tema, foram consultados livros e artigos que abordam o modo de vida e a luta dos Guarani Kaiowá, como  Antropologia e História dos Povos Indígenas em Mato Grosso do Sul ,  Colonialismo, Território e Territorialidade: a luta pela terra dos Guarani e Kaiowá em Mato Grosso do Sul , e  Reflexões sobre a situação dos Guarani no Mato Grosso do Sul, Brasil . Além de leituras sobre as tipologias da reportagem, como "O texto da reportagem impressa: um curso sobre sua estrutura". Após o levantamento bibliográfico, foi realizado um levantamento de dados estatísticos sobre a população Kaiowá no Brasil e em Mato Grosso do Sul, sobre quantos ainda esperam a demarcação de seu território e quantos deles estão em situação de retomada. Além da realização de pesquisas in loco e entrevistas com indígenas Guarani Kaiowá e mulheres Kaiowá que estão em posição de liderança na retomada pelo território, e pesquisadores sobre a população indígena em Mato Grosso do Sul. Para uma maior imersão do leitor na narrativa, foram feitas gravações de vídeo e fotografias para mostrar a realidade dos entrevistados. As entrevistas são humanizadas, de modo a tentar entender e se aprofundar no que as mulheres Kaiowá sentem em relação à terra e o que as levam a lutar para reaver seu território tradicional. As entrevistas com as mulheres Guarani Kaiowá foram realizadas em forma de diálogo, que segundo Cremilda Medina (1990), age pela comunicação humana e atinge os limites da inter-relação, diferentemente da entrevista pré-pautada. O intuito de utilizar a entrevista em diálogo foi transbordar emoções a partir do silêncio e ritmo de fala de cada entrevistada-, e aprofundar na vida delas para compreender seus comportamentos e suas trajetórias. Um leitor, ouvinte ou telespectador sente quando determinada entrevista passa emoção, autenticidade, no discurso enunciado tanto pelo entrevistado quanto no encaminhamento das perguntas pelo entrevistador. Ocorre, com limpidez, o fenômeno da identificação, ou seja, os três envolvidos (fonte de informação-repórter-receptor) se interligam numa única vivência. A experiência de vida, o conceito, a dúvida ou o juízo de valor do entrevistado transformam-se numa pequena ou grande história que decola do indivíduo que a narra para se consubstanciar em muitas interpretações. A audiência recebe os impulsos do entrevistador, e vai se humanizar, generalizar no grande rio da comunicação anônima. Isto, se a entrevista se aproximou do diálogo interativo. (MEDINA, Cremilda, 1990, p. 5) Desenvolvemos a reportagem em cinco capi&#769;tulos, sendo um deles, o  Aty Kun&#771;a- Assembleia das Mulheres Guarani e Kaiowa&#769; . Neste capi&#769;tulo, usamos o evento como plano de fundo, para apresentar todas as mulheres que entrevistamos, a cerimo&#770;nia serve para contextualizar o leitor na luta dessas indi&#769;genas. Nos demais capi&#769;tulos da reportagem nos aprofundamos na histo&#769;ria das personagens selecionadas.  Mbarete: Si&#769;mbolo de luta e vulnerabilidade a&#768;s margens da BR fala sobre Damiana Cavanha, lideranc&#807;a de Apyka i&#769;, assentamento indi&#769;gena a&#768;s margens da BR-463, no munici&#769;pio de Dourados. Damiana e a fami&#769;lia foram expulsos de suas terras ainda na de&#769;cada de 1980, ja&#769; passaram por algumas reservas indi&#769;genas, pore&#769;m desde 1999 tentam regressar ao seu tekoha. Para isso, vivem na beira da estrada, o mais pro&#769;ximo que podem chegar de seu territo&#769;rio de origem. Desde enta&#771;o, o grupo passou por ataques de pistoleiros, queimadas, mortes por atropelamento e envenenamento.  N&#771;embo e: Com o mbaraka em punho na&#771;o ha&#769; o que temer traz relatos de Helena Gonc&#807;alves, lideranc&#807;a do tekoha Mbarakay, localizado em Iguatemi. Diferente de Damiana, Helena na&#771;o mora nem ao menos pro&#769;ximo de seu territo&#769;rio de origem. Apo&#769;s anos de luta, habita a reserva indi&#769;gena Lima&#771;o Verde, em Amambai, enquanto aguarda a demarcac&#807;a&#771;o de sua terra.  N&#771;ombogueta: 55 anos, uma vida de espera pelo tekoha conta a histo&#769;ria de Adelaide Sana&#769;bria, do tekoha Tayassu-Ygua, em Douradina. Adelaide se difere das outras personagens porque habita em seu territo&#769;rio. A&#768; espera da demarcac&#807;a&#771;o, ela nunca se viu obrigada a sair do lugar de onde nasceu. A situac&#807;a&#771;o, pore&#769;m, na&#771;o impede que seja ameac&#807;ada dia apo&#769;s dia, assim como Damiana e Helena. E por fim,  Arandu: Luta que se faz pelo estudo e&#769; sobre Clara Barbosa. Ela luta pela demarcac&#807;a&#771;o de Laranjeira N&#771;anderu, localizada na Fazenda Santo Anto&#770;nio da Boa Esperanc&#807;a, no munici&#769;pio de Rio Brilhante. Antes da retomada, Clara e outras fami&#769;lias ficaram por dois anos a&#768;s margens da BR- 163. Ela luta pelo seu territo&#769;rio de uma maneira diferente das outras mulheres representadas na reportagem: a partir do estudo. Clara e&#769; mestranda em Sociologia na Universidade Federal de Integrac&#807;a&#771;o Latino-Americana (UNILA), em Foz do Iguac&#807;u. Ela faz o curso pelo seu povo e pela sua fami&#769;lia. Sua pesquisa e&#769; sobre a luta das mulheres indi&#769;genas, sem-terra e quilombolas na recuperac&#807;a&#771;o de seus territo&#769;rios. Uma das pretenso&#771;es de Clara a partir do estudo, e&#769; construir uma escola indi&#769;gena em seu tekoha. Apesar das diferenc&#807;as, essas mulheres carregam marcas muito similares, lutam incessantemente pelo seu territo&#769;rio, todas elas sofreram ou sofrem ameac&#807;as de fazendeiros e ja&#769; tiveram filhos, maridos ou irma&#771;os mortos em nome do latifu&#769;ndio. A narrativa relata e descreve as personagens e seus sentimentos. Nossa tentativa foi estruturar a narrativa de forma na&#771;o linear para refletir a temporalidade indi&#769;gena, observada nas entrevistas. Por isso, os capi&#769;tulos sa&#771;o independentes entre si. A plataforma do longform proporcionou que utiliza&#769;ssemos recursos como o menu circular na pa&#769;gina inicial e o desordenado no interior da reportagem e hiperlinks para desconstruir a hierarquizac&#807;a&#771;o de uma histo&#769;ria sobre a outra, sendo assim, ate&#769; mesmo a estrutura do site favorece uma leitura na&#771;o linear. Os a&#769;udios tambe&#769;m tentaram transmitir a temporalidade indi&#769;gena, nas te&#769;cnicas jornali&#769;sticas aprendidas na universidade, alguns a&#769;udios podem ser considerados como longos, mas na&#771;o quisemos interferir no ritmo de fala das entrevistadas. Os capi&#769;tulos sobre Adelaide, Damiana, Clara e Helena foram construi&#769;dos em forma de perfil, para que a histo&#769;ria de luta dos Kaiowa&#769; seja contada por meio dos relatos das mulheres, em conjunto eles criam um panorama do drama vivido pelas indi&#769;genas. Por último, foi realizada a diagramação da reportagem para a web, usando o software Adobe Muse, que permite o uso de vários efeitos e recursos para promover interatividade e para prender o leitor na narrativa.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Desenvolver um trabalho sobre as Kaiowa&#769; nos possibilitou conhecer a realidade dessas mulheres, pouco retratadas nos noticia&#769;rios e em trabalhos acade&#770;micos sobre a etnia. Reconhecer suas lutas e a resiste&#770;ncia que possuem para a demarcac&#807;a&#771;o de seus tekoha, se mostra necessa&#769;rio no momento em que elas esta&#771;o se mobilizando cada vez mais. Conhecer Adelaide, Clara, Damiana e Helena e presenciar as vulnerabilidades as quais esta&#771;o sujeitas em seus cotidianos, vi&#769;timas da viole&#770;ncia e da negac&#807;a&#771;o de seus direitos fundamentais, fez com que refleti&#769;ssemos sobre a importa&#770;ncia da forc&#807;a feminina na luta pelas retomadas territoriais. Produzir uma grande reportagem foi um desafio, estávamos preocupadas com a técnica, como fazer projec&#807;o&#771;es do mundo interior das personagens com o intuito de aprofundar na vida e nos relatos dessas mulheres Kaiowa&#769; a partir de suas lembranc&#807;as, mas no processo das entrevistas foi possi&#769;vel perceber a falta de cronologia no relato das histo&#769;rias. O que na&#771;o quer dizer que estavam confusas, elas sabiam exatamente tudo o que haviam sofrido. Ale&#769;m disso, cada uma contava o que queria independente da pergunta, o que se mostrou como um desafio. O que parecia uma dificuldade, se tornou uma oportunidade, pois foi possi&#769;vel produzir um trabalho que representasse a personalidade de cada mulher. As entrevistas se mostraram ora um dia&#769;logo, ora um exerci&#769;cio de observac&#807;a&#771;o e escuta apenas. Além disso, o longform se mostrou como a plataforma mais adequada para contar a história dessas mulheres, pois como o texto para a web não possui limite de espaço, foi possível fazer uma narrativa mais aprofundada e imersiva, a partir da utilização de elementos literários e multimídias que permitem a inserção do leitor na realidade das Kaiowá. As fotos, vi&#769;deos e a&#769;udios asseguram uma verossimilhanc&#807;a para que o leitor possa conhecer melhor essas mulheres, como o jeito que falam, agem e vivem.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ANZOATEGUI, P. S.  Somos Todas Guarani-Kaiowa&#769; : Entre narrativas (d)e retomadas agenciadas por mulheres Guarani e Kaiowa&#769; sul-mato-grossenses. Dissertac&#807;a&#771;o (Mestrado em Antropologia)  PPGANT/UFGD. Dourados/MS, 2017<br><br>CAVALCANTE, T. L. V. Colonialismo, Territo&#769;rio e Territorialidade: a luta pela terra dos Guarani e Kaiowa&#769; em Mato Grosso do Sul. Tese (Doutorado em Histo&#769;ria)  FCLAS/ UNESP. Assis/SP, 2013.<br><br>COIMBRA, O. O texto da reportagem impressa: um curso sobre sua estrutura. Sa&#771;o Paulo, SP. 1993. 183 p.<br><br>CRESPE, A. C. Mobilidade e temporalidade Kaiowa&#769;: do tekoha a&#768; reserva, do tekohara&#771; ao tekoha. Tese (Doutorado em Histo&#769;ria)  PPGH/UFGD. Dourados/MS, 2015.<br><br>INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Guarani Kaiowa&#769;. Disponi&#769;vel em: https://pib.socioambiental.org/pt/povo/guarani-kaiowa. Acesso em: 25 jun. 2017.<br><br>LENE, H. O personagem em destaque. Observatório da Imprensa, 26 set. 2006. Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br/diretorio-academico/o- personagem-em-destaque/. Acesso em: 23 abril 2018.<br><br>LONGHI, R. O turning point da grande reportagem multimídia In: Revista Famecos. Porto Alegre, v.21, n.3, setembro-dezembro 2014. p. 911. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/view/18660/1 2569 Acesso em: 26 de jun. 2017. <br><br>MEDINA, Cremilda. Entrevista: o diálogo possível. 2 ed. São Paulo, SP. 1990. 94 p.<br><br>PEREIRA, L. M. Antropologia e Parentesco. In: URQUIZA, A.H.A. (Org). Antropologia e Histo&#769;ria dos Povos Indi&#769;genas em Mato Grosso do Sul. Campo Grande, MS: Ed. UFMS, 2016. p. 35- 50.<br><br>SOUZA, I; FERREIRA, R. V. Breve reflexa&#771;o sobre a diversidade lingui&#769;stica e os povos indi&#769;genas em MS. In: URQUIZA, A.H.A (Org). Antropologia e Histo&#769;ria dos Povos Indi&#769;genas em Mato Grosso do Sul. Campo Grande, MS: Ed. UFMS, 2016. p. 85- 113.<br><br> </td></tr></table></body></html>