ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>Anais :: Intercom :: Congresso Intercom</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00276</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;RT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;RT04</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Websérie Eixos</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Ana Paula da Fonseca de Souza (Universidade de Brasília); Carolina Forattini Altino Machado Lemos Igreja (Universidade de Brasília); Denise Moraes (Universidade de Brasília)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Ficção, Websérie, Produção Audiovisual, , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A websérie Eixos é um projeto de ficção científica, abordando uma realidade distópica em um cenário e contexto brasileiro, executado em formato audiovisual e elaborado como projeto de conclusão de curso da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB). Tendo em vista o alto crescimento de um mercado alternativo, voltado exclusivamente para a internet, os produtos têm se ajustado a uma nova realidade. Adaptando-se aos novos formatos, as relações com o público passaram a ser estreitadas e se desenvolvem antes mesmo do filme estar concluído, gerando um alto entrosamento entre espectador e obra. Desta forma, todo o processo de produção da construção do Eixos foi desenvolvido, adaptando-se às necessidades de um espectador fiel à procura de novos produtos do gênero para consumir e um mercado em plena ascensão.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Desde a criação das webséries em 1995, antes mesmo do desenvolvimento da internet que se deu apenas após os anos 2000, um novo mercado começou a surgir e mostrar que com investimento na plataforma e conteúdo certo, poderia ganhar força e visibilidade. Criada como produto de conclusão de curso da graduação em Audiovisual da UnB, a websérie de ficção científica, denominada Eixos, trouxe a oportunidade de exploração e análise da perspectiva da aceitação de um produto nacional diferenciado que ocupasse um espaço, até então pouco explorado. No Brasil, a fama de que um produto audiovisual nacional seriado e de ficção-científica, desenvolvido apenas para o mercado da web poderia dar certo, é recente e surgiu proveniente da venda da websérie 3% para o canal de streaming Netflix (2015), que a reproduziu e realizou seu lançamento oficial na plataforma em novembro de 2016. Anterior a esse acontecimento, apenas as séries desenvolvidas com o formato de depoimentos espontâneos e irreverentes, denominadas de vlogs, geravam tal repercussão e reconhecimento. Eixos foi produzida dentro de um cenário onde tal produto ainda é pouco explorado no curso de Audiovisual. Suas particularidades exigiram, portanto, tanto uma aplicação de conhecimentos convencionais de produção como também evidenciaram necessidades de adaptação e inovação em todas suas etapas. Sendo assim, o processo executado é apresentado aqui de forma a contemplar as categorias de captação, pré-produção, filmagem, pós-produção e distribuição. Por fim, esse trabalho traz a construção de um entendimento a respeito das novas produções. Por um lado, trata-se de temáticas diferentes, abordando contextos sociais distópicos e ambientes futuristas, o que exige uma atenção diferenciada a detalhes e processos. Por outro, se executa um novo método de produção onde o orçamento é executado de forma colaborativa graças a um público específico que se engaja para contribuir, e onde se considera uma distribuição voltada para webséries. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O objetivo da websérie Eixos é, portanto, apresentar uma nova proposta de produção audiovisual dentro do contexto Brasileiro. Este trabalho procura construir uma maior compreensão dos desafios que uma produção para esse formato pode encontrar, como ela pode se adaptar e as novas oportunidades que possam surgir. Uma websérie dentro dessa temática pode, de fato, despertar uma necessidade de produção mais detalhista uma vez que se faz necessário criar uma ambientação diferenciada. Procuramos então analisar como realizar tal empreendimento tendo em mente as diferentes maneiras criativas para trabalhar dentro desses moldes, dando especial atenção ao apoio à elaboração de cenários e locações que possam proporcionar as devidas características que pede o enredo. Além disso, a websérie abre novas oportunidades de se analisar as formas de distribuição de produtos audiovisuais. Esse trabalho procura, portanto, analisar como pode funcionar o cenário audiovisual em plataformas web, tendo ele suas próprias restrições e particularidades. O planejamento em volta da distribuição do produto pode assim permitir que se engaje um público específico disposto a participar financeiramente da produção do filme. Neste produto, foi estudado como essa participação não somente permite uma ajuda financeira como ajuda a engajar desde já uma futura audiência que anseia para o lançamento de seu produto e que tem a sensação de maior participação em sua criação. Entretanto, quando se fala de situações ainda pouco ou nada exploradas, é importante observar o cenário e levantar alguns questionamentos, como se a produção de webséries, representa de fato um novo nicho, ou se estimular a participação dos espectadores como investidores através do financiamento coletivo é uma forma de fomentar mais produções, assim como se após concluído, esse tipo de produto possui um mercado receptor. Todas essas questões foram elencadas a fim de compreender o desenvolvimento do setor. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Compreendendo o cenário de incentivo à cultura atual, o presente trabalho de pretende fornecer a visão de novos nichos a serem explorados dentro do mercado audiovisual. Assim como se dá a construção de uma websérie, principalmente se tratando de uma temática, como ficção científica, pouco desenvolvida dentro do âmbito cinematográfico nacional. Atualmente as grandes produções audiovisuais no Brasil contam com recursos providos de editais de apoio cultural e patrocínio de empresas consolidadas no mercado para a construção de seus filmes, enquanto pequenos e médios produtores precisam destrinchar e reorganizar seus recursos das mais diversas formas a fim de concluir a elaboração de suas obras. A partir desse propósito é importante apresentar as alternativas relacionadas ao financiamento coletivo, como um modo de incentivo a construção de novas obras independentes. Realizar produções audiovisuais com pouco recurso, tem se mostrado cada vez mais possível através da exploração desse campo e tal informação é confirmada pela autora Daniela Zanetti em seu artigo: As webséries e o campo do audiovisual (2014), que relata que [...] as webséries em geral são desenvolvidas por realizadores já com alguma experiência no campo audiovisual, quase sempre vinculados a produtoras independentes ou empresas de mídia e entretenimento. Desse modo, as plataformas de disponibilização de conteúdo audiovisual na Internet se tornaram canais de exibição de obras desenvolvidas tanto por instituições e profissionais já consagrados, quanto por agentes que almejam ingressar no campo audiovisual, ao disporem de maior liberdade de experimentação e possibilidade de avaliar a recepção do público através do número de views, compartilhamentos, comentários e repercussões na rede, sem depender de uma grande produtora ou emissora. A interação entre o público e obra também tem se mostrado muito importante, uma vez que o espectador tem desejado se fazer mais presente na elaboração do que assiste e a internet oferece abertura para esse tipo de relação. Avaliando o crescente cenário é que torna-se essencial demonstrar métodos de desenvolvimento de como iniciar o diálogo com o espectador antes mesmo do produto ser lançado, já visando o seu apoio e maior valorização no mercado. Vale ressaltar também que em um mercado altamente mutável, reconhecer e acompanhar a necessidade de seu público, faz toda a diferença. De acordo com o artigo 221 da Constituição Federal, é importante a veiculação e promoção da cultura nacional e local, como das produções independentes para que a economia do audiovisual seja estimulada e a população tenha mais opções de acesso aos produtos e a diversidade cultural presente no país. O Plano Nacional de Cultura define que: As produções audiovisuais independentes são aquelas que não têm como produtor principal as grandes empresas de radiodifusão (sistema de transmissão de voz via sinais radiofônicos) e de cabodifusão (sistema de transmissão de sinais de alta frequência por cabos). Desta forma, tanto os meios tradicionais de veiculação, quanto a internet, representando um novo meio em difusão, possuem espaço para divulgação de produtos fomentados de forma independente de todos os tipos. Considerando essa situação, o estudo das produções de conteúdos que contemplem outras plataformas, tornou-se extremamente necessário ser estudado para que ocorra a incitação e dinamização do setor. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Chris Rodrigues em seu livro O Cinema e a Produção (2010), define a estrutura de um filme a partir de quatro etapas: 1ª etapa (fase inicial), 2ª etapa (fases da filmagem), 3ª etapa (filmagem) e 4ª etapa. Considerando o desmembrar delas, estão algumas das principais vertentes de preocupação do processo audiovisual, sendo essas: captação, pré-produção, filmagens, pós-produção e distribuição. Seguindo esses princípios será explicado como são os métodos convencionais e como foi desenvolvida a construção da produção da websérie Eixos. Grandes produtoras cinematográficas que realizam obras visando a exibição nos meios já consagrados, como cinema e televisão, tendem a possuir os apoios financeiros convencionais do mercado e geralmente contam com o auxílio de editais da Agência Nacional do Cinema (ANCINE), Lei Roaunet e fundos de apoio estatais destinados ao incentivo e disseminação da cultura local. Seguindo no contra fluxo, as pequenas e médias produções vêm explorando oportunidades de inovação através da internet, tanto para distribuição de conteúdo, quanto para usufruir das novas formas de captação de recursos, como no caso das plataformas de crowdfunding que incentivam o financiamento coletivo e trazem a oportunidade do futuro espectador da obra a ser produzida, se tornar o investidor. Desta forma, os produtos menos visados pelas grandes produtoras passam a ter uma chance de serem produzidos e veiculados diretamente por seus executores. Durante a construção da análise técnica do roteiro e do desenvolvimento de como ocorreria a captação de recursos da quantia necessária para a execução do Eixos, delimitamos a necessidade de verba pensando na pré-produção, filmagem e pós-produção, uma vez que o objetivo perante a distribuição estava focado apenas na divulgação livre e gratuita via YouTube. Notamos a partir do diagnóstico feito que áreas como a produção e a direção de arte, demandariam custos significativos para o projeto. Desta forma, foram utilizados métodos tradicionais e alternativos como forma de captação de recursos. Assim, houve um investimento inicial como capital, apoios externos (família, amigos, equipe...) e o desenvolvimento de uma campanha de financiamento coletivo no site Catarse. Visando o sucesso na arrecadação, o desenvolvimento da divulgação ocorreu através do Facebook, plataforma de interação social. O local foi escolhido pela forte rotatividade de informação entre os seus mais de 1 bilhão de usuários. Na etapa de preparação e pré-produção são organizadas e finalizadas as planilhas orçamentárias, destinando os recursos captados as necessidades de cada cena, de acordo com as estipulações da direção e dos chefes das áreas. Também são selecionados e alugados os estúdios, locações e equipamentos e é formalizada com prazos, a contratação e pagamento da equipe e atores, além de efetuada a compra dos materiais básicos: como pilhas, fitas crepe, entre outros para o desenvolvimento da filmagem. Vale ressaltar que é nessa etapa em que as visitas finais de pré-light, checagem de storyboard e testes de equipamentos são realizados, a fim de que sejam evitados ao máximo imprevistos durante a etapa de filmagem. Por se tratar de um produto relativamente grande, que contempla como tempo total, aproximadamente 40 minutos, o Eixos demandou uma pré-produção de três meses que se iniciou com o desenvolvimento do cronograma de todas as atividades, elaborado em conjunto com a assistente de direção e a diretora. A partir do cronograma, pudemos delimitar as necessidades do projeto e elencá-las de acordo com suas prioridades. Nas filmagens é essencial que haja organização e atenção aos detalhes, conferindo os itens e garantindo que as diárias de set ocorram da melhor forma. Portanto, o planejamento diário precisa contar com cronograma, controle de gastos que não foram previstos durante a preparação e pré-produção e atenção as necessidades da equipe e atores. Quanto melhor a execução da pré-produção, menor a chance de imprevistos e erros ocorrerem na etapa de filmagem, ainda assim se manter atento aos detalhes faz toda diferença. Pensando em cada diária e de acordo com os check lists feitos a partir das ordens do dia elaboradas em conjunto com a assistente de direção, antes dos sets foram realizadas as confirmações dos itens adquiridos por doação, empréstimo, desconto e as últimas checagens de disponibilidade e autorização para o uso das locações, incluindo as que demandaram maior negociação. Foram ao todo separadas três diárias para a gravação e desprodução do apartamento, duas de externas, duas para o mercado, uma para as ruínas da UnB, duas para o centro e uma de estúdio. Cumprindo o cronograma de filmagens dentro do prazo estimado, de onze diárias planejadas, executamos todos os sets e desprodução em dez dias, otimizando tempo e recursos. A pós-produção contempla o processo de montagem e desenho sonoro, elementos esses que podem enriquecer um projeto ou desfavorece-lo perante seu público. No caso do Eixos, tais etapas passaram por uma atenção maior que contemplou desde liberdade criativa ao editor, para que ele pudesse montar os episódios de forma que enxergasse fluidez entre as cenas, quanto na busca e gravação de novos sons ambientes para valorizar a sonoplastia. A distribuição, para produtos convencionais que possuem o formato pensado para cinema e televisão, contempla segundo Aída Marques em seu livro Ideias em Movimento: Produzindo e Realizando Filmes no Brasil (2006) como será realizado o lançamento e quais serão os locais de exibição, tendo em vista que se o objetivo são as salas de cinema, a participação em festivais funcionam apenas como uma das etapas de divulgação prévia para engrandecer o nome do filme. A websérie Eixos foi construída pensando no alto crescimento de um mercado alternativo que provém principalmente a partir do desenvolvimento da internet. Desde a criação e popularização na década de 90, a internet vem tomando uma proporção cada vez maior dentro do âmbito mundial e o audiovisual já tem explorado desse meio como forma de alavancar as publicidades dos produtos convencionais, incentivando a crescente das bilheterias. No entanto, as oportunidades de um mercado audiovisual brasileiro com conteúdo exclusivo para a internet, só vem sendo descoberto e aproveitado após os anos 2000, com o desenvolvimento do setor e o estímulo através de banda larga móvel. Atualmente sendo essa acessada por 88,6% da população nacional, segundo estudo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) de 2015, divulgado em 2016 pela Organização das Nações Unidas (ONU) Brasil. A partir da distribuição focada no ambiente da internet, passamos a reter o pleno direito e poder sobre o produto, podendo distribuir sem custo algum e ainda assim, tendo oportunidade de gerar lucro. Desta forma, até mesmo o YouTube, desde sua criação em 2005, tem se mostrado cada vez mais o local ideal para veiculação de novos produtos. Segundo Tuler e Panek, na matéria divulgada no jornal de comunicação da Universidade do Paraná, Webséries Representam Novo Nicho do Mercado Audiovisual Brasileiro, em 2014 a plataforma já representava  quatro bilhões de horas em vídeos assistidas, um bilhão de usuários ativos e mais de 3,1 milhões de horas de conteúdo postado  tudo isso mensalmente e esse número desde então só cresceu. É importante observar novos avanços para acompanhar o mercado audiovisual e nesse meio, a internet vem sendo a resposta imediata quanto ao alcance em relação ao público, onde é possível observar se a obra está atingindo o espectador da forma desejada ou não. Uma das vantagens desse tipo de dinâmica é que o plano de divulgação pode acompanhar constantemente o desenvolvimento do projeto, alavancando as visualizações no momento certo, além de gerar um retorno financeiro significativo se bem estruturado. Desta forma, surge um novo nicho de produções voltado para além das telas de cinema. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A websérie Eixos é uma proposta de produto audiovisual seriado destinado para a plataforma online. Ela foi construída em 6 episódios de 5 a 7 minutos cada e distribuída no Youtube. A série pretende oferecer uma nova abordagem à produção cinematográfica brasileira, uma vez que, ela se propõe a transpor a temática da ficção científica e de universos pós-apocalípticos, tradicionalmente explorados sob a ótica americana ou canadense. Isto é, para o êxito em sua construção, a narrativa da obra é ancorada amplamente na cultura, história e religiosidade nacional, procurando uma visão do futuro que possa realmente representar o país no qual acontece. Remando contra a maré, a série também traz protagonistas femininas, independentes e não heteronormatizadas, com o objetivo de trabalhar e importância da ideal construção quando se trata da representação da imagem da mulher em meios aos produtos audiovisuais expostos nas mídias. A estória decorre no ano de 2060, onde o mundo se vê diante do colapso de sua antiga ordem e se encontra em desgoverno e submerso em desastres naturais. No Brasil, a jovem democracia sofreu golpes e empasses dos quais nao pôde se recuperar. O país logo se estilhaçou, despedaçado em facções, territórios divididos e em constante disputas. Seu povo se tornou nômade e inquieto. Brasília completa cem anos em total negligência. Seus belíssimos jardins secaram, suas superquadras estão despovoadas, toda a sua arquitetura modernista foi tomada pela mesma areia vermelha do deserto sobre o qual foi construída. Alguns poucos habitantes ousaram permanecer ali, isolados do resto do território, vagando pelo cerrado. Até que, ao se aproximar de seu centenário, a cidade torna-se palco de misteriosos desaparecimentos. Faz poucos anos que Cássia largou a vida nômade de seus pais e se instalou meio às ruínas da capital federal. Queria enfrentar sua própria vida e escolhas nesse mundo inóspito e passava seus dias explorando o cerrado com seu amigo Igor, procurando respostas entre os antigos pilotis. Até o dia em que Igor desapareceu. Em sua busca desenfreada pelo amigo, Cássia acaba sendo salva do mesmo destino por Inês, filha de uma comunidade umbandista. Diante do perigo que se apresenta - com sequestros que se tornam cada vez mais frequentes - as duas vão se aventurar em uma Brasília irreconhecível para encontrar os desaparecidos, mal sabendo elas do mistério secular do Plano Piloto. Diante de tal proposta grandiosa, o processo de produção da série envolveu mais de 30 pessoas trabalhando continuamente nas diferentes áreas de atuação da equipe, de forma que fosse possível criar um universo futurístico coeso. Havendo por um lado, grande liberdade para criar um mundo desconhecido, repleto de novos costumes e hábitos diferentes, podendo transferir elementos da imaginação para cenas cinematográficas. Por outro lado, o enredo da série faz da construção de Brasília e sua arquitetura composta por retas e espaços amplos, um elemento central da narrativa, porém completamente descaracterizado do que é hoje. O processo criativo envolveu diversas pesquisas de locais como possíveis ambiente para gravação, assim como reflexões sobre como o local poderia sobreviver ao tempo e como ele evoluiria, também ocorreu as criações de figurinos ligados às tradições antigas, quanto a passagem do tempo, assim como elementos que trouxessem de modo fragmentado, as histórias pessoais de cada personagem. Foram coletados portanto objetos que pudessem caracterizar esses ambientes, desde móveis, vegetais, frutas, caixas, objetivos decorativos e eletrônicos - a grande maioria conseguida através de apoios culturais e patrocínios. Assim, a websérie transformou radicalmente diversos tipos de ambientes, como desde um apartamento privado, até um espaço público. As locações são particularmente elementos característicos da narrativa, e portanto foi dada especial atenção para como elas eram caracterizadas e inseridas na trama. A websérie mostra uma área deserta, abafada, onde cada lugar explorado demonstra um vazio angustiante para a audiência. O clima árido da cidade de Brasília foi reforçado, trazendo elementos próprios à capital, como se a seca tivesse tomado conta do cerrado aprisionando as pessoas que ali vivem. Foram resgatados elementos e vestimentas que remetem a povos habitantes de desertos, que andam cobertos para se proteger do sol, mas também pequenos objetos modernos que indicassem a passagem de tempo. Essa ambientação se agrega ao desenvolvimento das personagens, que são moldadas pelo mundo a sua volta. A fotografia da série reforça essas impressões, por meio de uma grande ênfase nos espaços como contemplação do vazio e a relação entre os corpos e a ausência de vida na paisagem, sendo tanto uma metáfora para a solidão de Cássia, quanto denunciando a presença da arquitetura, sempre envolvida na trama. Por tanto, para o sucesso durante o processo de filmagem, cada plano foi detalhadamente estruturado, contendo ampla atenção as personagens e cenário, de forma igualitária, uma vez que, um era essencialmente complementar ao outro. Eixos se destaca pela forma como pretende unir um universo pós-apocalíptico à história e cultura nacional. Havendo grande preocupação em buscar elementos não apenas que remetessem a um universo futurista, mas que pudessem claramente denotar um universo futurista, acima de tudo, brasileiro. Portanto, no lugar de buscar espelhar produções americanas, a série procura resgatar figurinos de religiões tradicionais, comidas típicas do cerrado, a vegetação natural e expressões que remetem às vivências da capital federal. Lançada oficialmente em Novembro de 2017, a série Eixos já arrecadou mais de 3000 visualizações em seu canal no Youtube e foi selecionada para dois festivais especializados em webséries: Rio WebFest e Sicily Webfest. A série despertou o interesse de publicações como o Geek Guia e continua atingindo o seu público alvo de jovens entre 16-25 anos, interessadas em obras cinematográficas desse gênero.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Produções de ficção científica como o caso da websérie Eixos, tendem a remeter a um público fiel e com grande engajamento, que de uma forma ou outra, compartilham conteúdos que os surpreendam e estimulem, transformando a própria distribuição do conteúdo em uma ação orgânica, que ocorre mesmo sem um grande esforço atrelado a divulgação. Ao falar de canais de TV atuando na internet, tanto o acesso livre aos conteúdos, quanto a chance de dialogar diretamente com o criador ou executores da obra, não existe. Porém, no caso de produções voltadas exclusivamente para web, essa realidade se modifica e tão importante quanto expor é observar como o próprio projeto é recebido pelo público e este interage a partir dele. As vantagens atreladas a manutenção contínua desse relacionamento, está na possibilidade do espectador se sentir parte do projeto e querer se tornar um investidor ativo, através das plataformas de crowdfunding, auxiliando diretamente no orçamento. Portanto, torna mais real as possibilidades de se construir e especialmente, concluir um filme. Construir uma produção de websérie, possui uma particularidade para além do menor tempo de episódios, pois a recepção dos feedbacks dos espectadores é imediata a postagem do conteúdo e refletida diretamente nos comentários, número de visualizações e compartilhamentos que pode ou não ter. Sendo importante ressaltar que quanto maior o alcance que a produção atingir, maior será a chance de um possível retorno financeiro no futuro, seja por investimento na continuidade do projeto, com a venda do conteúdo para plataformas de streaming ou mesmo por pagamentos referentes à views. Observando o alcance da internet, principalmente por mobile, o alto consumo de vídeos assistidos online, assim como a enorme quantidade de festivais voltados exclusivamente para esse formato de produto, é possível afirmar que o mercado receptor desse tipo de obra ainda representa uma promessa promissora.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ALVES, B. A seleção natural do crowdfunding no Brasil: hoje há mais arrecadação e menos plataformas. Draft, ago, 2015. Disponível em: <http://projetodraft.com/a-selecao-natural-do-crowdfunding-no-brasil-hoje-ha-mais-arrecadacao-e-menos-plataformas/#sthash.6RsR0A5V.dpuf>. Acesso em: 5 de jan. 2017.<br><br>BARONE, J. G. Comunicação e indústria audiovisual: cenários tecnológicos e institucionais do cinema brasileiro na década de 90. Porto Alegre: Sulina, 2009.<br><br>CARVALHO, M. A trajetória da internet no Brasil: do surgimento das redes de computadores à instituição dos mecanismos de governança. 2006. 259 f. Dissertação  Programa de Pós-graduação de Engenharia. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2006. <br><br>DANUCALOU, C.; RAMOS, T. Audiovisual na Internet: análise da produção do videocast NerdOffice. Revista Anagrama. v. 8, n. 2, 2014. Disponível em: < http://www.revistas.usp.br/anagrama/article/view/82353>. Acesso em: 7 de jan. 2017.<br><br>MARQUES, A. Ideias em movimento: produzindo e realizando filmes no Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 2007.<br><br>ONU BRASIL. CEPAL: Internet avança na América Latina, mas desigualdade permanece. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/cepal-internet-avanca-na-america-latina-mas-desigualdade-permanece/>. Acesso em: 28 de dez. 2016. <br><br>PLANO NACIONAL DE CULTURA. Participação da produção audiovisual independente brasileira na programação dos canais de televisão. Disponível em: <http://pnc.culturadigital.br/metas/participacao-da-producao-audiovisual-independente-brasileira-na-programacao-dos-canais-de-televisao-na-seguinte-proporcao%E2%80%A8/>. Acesso em: 19 de jan. 2017. <br><br> </td></tr></table></body></html>