ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>Anais :: Intercom :: Congresso Intercom</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00337</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PT06</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Corrupção sem disfarces</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Victor Paulo Carvalho Lisita (Universidade Federal de Goiás); Sálvio Juliano Peixoto Farias (Universidade Federal de Goiás)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Corrupção, Ilustração, Jornalismo, Políticos, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A ilustração  Corrupção sem disfarces é uma metáfora visual para as relações ilícitas e ilegais na política brasileira. A imagem foi desenvolvida pelo somatório de peças do vestuário comum aos políticos, o paletó e a gravata, e a estampa de cédulas de dinheiro, o que gera uma imagem única com a proposição de novos significados a partir de uma leitura crítica do contexto a que se refere. A ilustração representa o olhar de seu autor sobre o tema proposto e foi concebida como atividade acadêmica em uma disciplina que buscava despertar o interesse pela produção de imagens não fotográficas entre alunos do curso de Jornalismo.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Desde que Manoel Araújo Porto Alegre gravou e comercializou a primeira imagem satírica produzida com esse propósito e da qual se tem notícia no Brasil, em 1837 (SODRÉ, 2011), charges, caricaturas e ilustrações têm ocupado espaço significativo na impressa nacional. Desde então, imagens desenhadas sobreviveram ao advento da fotografia e sua pretensa verossimilhança, à criação da impressão em off set, à chegada dos computadores e seus softwares de editoração eletrônica e ao nascimento do webjornalismo. As ilustrações seguem ocupando espaços em capas e miolos de impressos e também em páginas e publicações na Web. Daí a necessidade de trazer esse meio de representação imagética para o conjunto de atividades práticas ministradas em um curso de Jornalismo  sem retirar o mérito e mister das escolas de artes e design. A ilustração aqui apresentada é resultado de uma atividade avaliativa desenvolvida na disciplina "Tópicos em Comunicação: Jornalismo e Ilustração", ministrada pelo Prof. Salvio Juliano Peixoto Farias durante o segundo semestre de 2017, no Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Goiás. Ao longo do semestre, os discentes receberam orientações para a produção de imagens, fossem à mão ou por meio de softwares específicos de design gráfico, sempre tendo um texto de cunho jornalístico para servir de referência e ponto de partida. A proposta que originou a peça  Corrupção sem disfarces era a de que cada estudante elegesse um tema dentre três apresentados e bastante em evidência naquele momento: meio ambiente, os novos feminismos ou corrupção na política. A metáfora visual do paletó e gravata confeccionados com cédulas de dinheiro é o resultado desse último tema, e da qual se tratará nos próximos tópicos.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O objetivo principal da ilustração  Corrupção sem disfarces foi desenvolver uma imagem a partir do olhar crítico do autor sobre atividades ilícitas e imorais de uma parte da classe política brasileira, pois como afirma Milton Ribeiro, a ilustração é uma sugestão que o desenhista oferece ao leitor ou espectador.  Ela traduz melhor a atmosfera que se depreende da leitura do texto, atmosfera na qual se inspirou o artista ao menos pela imaginação (2003, p. 381). A partir das inúmeras manchetes reproduzidas em jornais, revistas e sites no mês de novembro de 2017, quando a atividade foi proposta, o autor buscou representar em uma única imagem a relação entre poder público e dinheiro. Assim, a construção imagética desenvolvida exibiu a um possível espectador/leitor um quadro irônico e metafórico do que o tema sugeriu para o autor. Como aponta Ciça Fittipaldi (2008, p. 104),  o ilustrador deve adequar sua leitura particular, crítica e analítica do texto a uma possibilidade comunicativa expansiva em termos visuais . Provavelmente, assim a ilustração estará cumprindo uma tarefa que em alguns momentos será vedado a outros meios de informação visual jornalística, como o fotojornalismo.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Fátima Ali (2009, p. 190) sugere funções para a ilustração em revistas, quando diz que ela  é representada para utilizar temas emocionais, ou abstratos, matérias didáticas nas quais é necessário dar uma instrução que não seria tão clara com fotos. É usada também quando a fotografia não é possível, seja por questões práticas, seja por questões de segurança . Percebe-se, assim, a preocupação de Ali no sentido de garantir uma justificativa para o uso de imagens dessa natureza em periódicos. No entanto, acreditamos que a ilustração vá além de seu caráter explicativo, informativo ou meramente ornamental. Em algumas vezes ela pode trazer elementos novos ao texto, e não raro, apresentar ingredientes que não foram mencionados pelo autor do texto escrito.  Toda imagem tem uma história para contar. Essa é a natureza narrativa da imagem. , explica Ciça Fittipaldi (2008, p. 103). E é dessa independência que acreditamos tratar a imagem  Corrupção sem disfarces : a imagem pode levar o leitor além, sugerindo não apenas um olhar mais atento para o texto, mas também um novo dado, não presente na mensagem escrita. Aliado ao poder de síntese  e ao mesmo tempo, polissêmico  da imagem, a comunicação escrita pode se tornar mais atraente e impactante quando bem diagramada, sobretudo na medida em apresenta uma imagem exibe uma novidade visual que instigará e surpreenderá o olhar do leitor/espectador.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O plano era conceber uma imagem que trouxesse duas ideais: representasse os políticos e ao mesmo tempo a corrupção. Assim, partiu-se de montagem da parte superior da vestimenta dos políticos com a utilização da técnica de origami. Após buscar no Google Imagens pelas cédulas do Real digitalizadas, o autor dispôs as partes frontais, e nos tamanhos oficiais, de uma nota de R$ 100, de R$10 e de R$ 1 em diferentes documentos do Microsoft Word 2010 e as imprimiu em papel A4. Cada nota foi recortada e o trabalho de dobraduras realizado seguindo três tutorais encontrados na internet, sendo um para cada parte do traje. A princípio, a dificuldade maior foi dobrar nas proporções certas para que cada elemento que lembrasse um paletó, uma camisa e uma gravata fosse exposto a outros olhos, além de ser possível que se encaixassem ao final. Uma hora de trabalho foi gasta para que os origamis ficassem prontos e remetessem a um traje como os que parlamentares usam. É possível identificar que os materiais usados para a criação foram cédulas do Real por conta dos ornamentos existentes nelas, assim como o número que ficou disposto na parte frontal da ilustração. Em seguida, o origami finalizado foi posicionado em uma mesa branca e foi feita uma foto com uma câmera digital Nikon D3200. A intenção de dispor a montagem em um fundo branco se deu para que fosse possível transformar com rapidez o origami em uma imagem digital no formato PNG, pois a parte branca deveria ser retirada no Photoshop CS6 para dar lugar a um fundo transparente, mais fácil de trabalhar e com melhores possibilidades de mistura de cores. Com o mesmo programa, o aluno utilizou a ferramenta gradiente de cores para criar um fundo, de tamanho 1920p x 1080p, que mesclasse as cores laranja e amarela. As capas da revista Vida Simples de Abril e Setembro de 2013 foram utilizadas como referência visual. Finalizada esta parte, o fundo foi aberto no Adobe InDesign CS2 e recortado nas dimensões 266mm x 206mm, tamanho recorrente de capas de revista. O traje foi sobreposto à imagem e disposto no centro, localizado na parte em laranja. Com a ferramenta de sombra, o traje ganhou uma silhueta escura para o lado direito e abaixo. A ilustração foi salva e, novamente, aberta no Photoshop CS6 para tratamento de brilho e contraste, sendo salva em PDF e JPEG.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">As capas da revista Vida Simples (Editora Caras) serviram de referência para a produção da imagem. Poucos elementos são dispostos nas capas dessa publicação. O padrão é posicionar uma imagem ou uma composição de objetos que represente o tema em destaque da edição, que é lembrado logo abaixo através de um título e explicado por um olho. O tema escolhido pelo autor foi o que se relacionava com política; não porque ele tinha mais afeto com a área, mas porque a ideia do produto final surgiu assim que o exercício fora explicado. Foi uma situação instintiva, em que o tema logo remeteu à ideia de corrupção que assombra esse campo. A expressão  crimes de colarinho branco é utilizada para se referir a atos ilícitos e ilegais cometidos por políticos. Trata-se de uma figura de linguagem, onde o significado do termo assumiu um novo sentido, que não o apresentado pela simples definição de uma parte das camisas onde as gravatas são sustentadas e uma cor. Dessa maneira, por relação, buscou-se uma peça do vestuário comum aos políticos: o terno, traje obrigatório para as seções nas Câmaras, Assembleias Legislativas e no Senado. A imagem foi completada com a padronagem de dinheiro, numa alusão aos cifrões que permeiam todos os atos nas relações de corrupção. Trata-se de uma metáfora visual, que como define Enric Jardí (2014, p. 79),  é uma substituição entre dois elementos que, a princípio, não têm relação com o contexto daquilo que substituem . Sozinhas e descontextualizadas, as duas imagens (cédula de dinheiro e parte superior do terno) não trariam a crítica ou o gatilho para se pensar além de seus significados primários, mas juntas exibem uma nova imagem, como Vida Simples propõe.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">É senso comum que se domine uma gama conhecimentos muito específicos para a concepção de imagens  desenhadas : saber desenhar, combinar cores, ter capacidade de ler e interpretar imagens em profundidade. O resultado desse exercício prova justamente o contrário. É possível que um não-designer possa criar ilustrações com significados que instiguem o leitor a entrar e permanecer na página ou texto que lhe é apresentado. A atividade (e a disciplina) que originou  Corrupção sem disfarces demonstra que com ferramentas adequadas, incentivo e um pouco de persistência é possível instigar a capacidade criadora de estudantes de jornalismo que raramente podem experimentar ações nesse campo, exceto em atividades que há um dispositivo mediando a produção da imagem, como é o caso da máquina fotográfica e da câmera filmadora. Ao autor, cabe o registro da sensação gratificante de tocar outro campo da comunicação, o das imagens produzidas pelo contato da mão.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ALI, Fátima. A arte de editar revistas. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 2009.<br><br>FITTIPALDI, Ciça. O que é uma imagem narrativa? In: OLIVEIRA, Ieda de (org.). O que é qualidade em ilustração no livro infanto-juvenil. São Paulo: DCL, 2008.<br><br>JARDÍ, Enric. Pensar com imagens. São Paulo: Gustavo Gili, 2014.<br><br>RIBEIRO, Milton. Planejamento visual gráfico. 9ª ed. Brasília: LGE Editora, 2003. <br><br>SODRÉ, Nelson Werneck. História da imprensa no Brasil. São Paulo: Intercom; EdiPUCRS: Porto Alegre, 2011.<br><br> </td></tr></table></body></html>