ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>Anais :: Intercom :: Congresso Intercom</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00524</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO08</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Mulheres na Agricultura</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Bianca Pereira da Silva (Universidade Federal de Pernambuco); Maria Gabriela Gonçalves de Araújo Almeida (Universidade Federal de Pernambuco); Bruno Pedrosa Nogueira (Universidade Federal de Pernambuco)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;agricultura, feminismo, jornalismo, mulheres, pernambuco</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A reportagem Mulheres agricultoras pernambucanas: uma relação entre o feminino, o feminismo e a terra, busca trazer um panorama do cenário nos quais essas mulheres estão envolvidas. O objetivo é construído a partir das histórias de três agricultoras de subsistência do município de Lagoa de Itaenga, Zona da Mata Norte de Pernambuco, que, além do amor pela terra, compartilham outras vivências. O projeto foi desenvolvido a partir da necessidade percebida de desmistificar estereótipos existentes acerca das mulheres envolvidas no processo de plantio, cultivo e colheita. Tradicionalmente associadas à imagem de "mulher-macho", elas mostram que não há padrões nesse segmento. Através da representatividade e quantidade de mulheres que se dedicam a trabalhar com a terra, o sentimento de união entre elas e o reconhecimento da própria identidade cada vez mais as aproximam do feminismo.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">No último censo populacional realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, ficou constatado que mais de 14 milhões de mulheres vivem na zona rural. No Nordeste, elas equivalem a 13% da população, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD). Essas mulheres enfrentam diariamente as dificuldades geradas pela vivência em locais afastados, normalmente esquecidos pelo poder público. Além disso, precisam lidar com a invisibilidade de gênero. Partindo dessa percepção, sentiu-se a necessidade de ouvir as histórias e versões dessas mulheres, normalmente permeadas pelo machismo, falta de credibilidade e autonomia na profissão. Em A Importância da Mulher na Agricultura Familiar, de Aline Adriana Marion, a agricultura é definida como uma das atividades mais importantes desenvolvidas pelo ser humano. Com o seu surgimento, a humanidade pôde conhecer avanços sociais e tecnológicos diversos. Apesar disso, a figura masculina era predominante no setor. "Com o surgimento da agricultura familiar vemos a mulher assumir um papel cada vez mais relevante. Mesmo assim, a situação está longe do ideal, ora por preconceito da unidade familiar, ora por falta de incentivo e capacitação". (MARION, 2016, p.02). As personagens que contaram suas histórias na reportagem Mulheres agricultoras pernambucanas: uma relação entre o feminino, o feminismo e a terra foram Vera, Joseane e Rosinete. Elas praticam a agricultura de subsistência, que tem como conceito colher primeiro o que é necessário para a família sobreviver, e a venda vem a partir do que se sobra. As três são moradoras do município de Lagoa do Itaenga, Zona da Mata Norte de Pernambuco. O local foi escolhido pelo fato de os moradores dos sítios de Lagoa do Itaenga serem integrantes da Associação dos Produtores Agroecólogicos e Moradores do Imbé, Marrecos e Sítios Vizinhos (ASSIM), que tem grande atuação nas feiras agroecológicas da Região Metropolitana do Recife (RMR).</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O objetivo geral desta reportagem é levantar o debate sobre o tema Mulheres na Agricultura, quase sempre ausente nas discussões de política e gênero, apesar delas serem historicamente responsáveis pelo cuidado com o plantio. Para isso, o recorte principal se dá através da relação de três agricultoras de subsistência com o feminismo, o feminino e a terra, na busca pela compreensão sobre o cenário do qual elas fazem parte. Para a concretização do objetivo geral, seguimos os seguintes objetivos específicos: i) Entender o papel da mulher na agricultura através de uma perspectiva histórica; ii) Captar qual a ligação que essas mulheres possuem com o plantio; iii) Identificar como elas lidam com os estereótipos de gênero e a falta de reconhecimento no trabalho que desenvolvem em paralelo em suas casas; iiii) Através dos seus relatos, entender como a sororidade se expressa no contexto rural.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Um dos principais motivos que nos levaram a produzir a reportagem Mulheres agricultoras pernambucanas: uma relação entre o feminino, o feminismo e a terra foi o desejo de promover visibilidade para as mulheres que atuam no campo, já que elas não são representadas com frequência pelos grandes veículos de comunicação. E, quando são, acabam caindo em estereótipos. Além disso, vimos no projeto uma oportunidade de promover debate e gerar reflexão sobre questões feministas. O sentimento de sororidade (união entre as mulheres) vem se tornando cada vez mais forte entre as agriculturas, que passam a perceber que aquele local também é delas e que não precisam estar submissas a nenhum homem, como pai ou marido, por exemplo. Ainda que venham reconhecendo suas identidades, as mulheres agricultoras não têm seus espaços reconhecidos tão facilmente. "Mesmo na invisibilidade, não se pode negar que elas estão ocupando terras, plantando, colhendo e cultivando o desejo de ter uma terra livre e usufruí-la com seu trabalho. Presentes na casa, no quintal e na luta pela terra, as mulheres tiveram ainda de lutar pelo direito de serem reconhecidas como trabalhadoras". (SALES, Apud Almeida et all, 2014,p.3). A vontade de conhecer essas lutas também motivou a realização da reportagem. O investimento em um formato jornalístico como a reportagem impressa veio a partir do desejo de poder realizar cautelosamente todos os detalhes que envolvem um processo de apuração e produção do texto, fatores que contribuem para a credibilidade do material. "É crasso exagerar o papel do jornalismo como ditador da opinião pública, mas tornou-se axioma do ofício - algo que nós, jornalistas, consideramos autoevidente - a convicção de que ele contribui positivamente quando exercido de maneira correta". (LAGE, 2001, p.9). Portanto, a produção da reportagem teve também o objetivo de trazer contribuições sociais para a luta das mulheres agricultoras, além da possibilidade de elas sentirem representatividade ao lerem um texto jornalístico.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O processo de apuração da reportagem, que durou cerca de um mês, foi realizado em três etapas: levantamento de dados, entrevista com uma especialista e entrevistas com as personagens. Os dados foram obtidos a partir de uma pesquisa online, na qual encontramos quantidade de mulheres que vivem na zona rural nacionalmente e especificamente no Nordeste. Os números foram levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgados na Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD). Já em relação à especialista, tivemos a preocupação de conseguir encontrar uma pessoa que entendesse sobre o tema e que também fosse do gênero feminino, para não gerar conflitos sobre questões de lugar de fala. O conceito de lugar de fala diz respeito à imagem da pessoa que fala e do destinatário. "Lugar de fala é uma lógica que articula falas, textos e situação. O conceito não é reduzido ao lugar sociológico do falante, à sua posição no mundo, mas o contém, corresponde ao lugar construído pelo discurso no contexto (BRAGA, 2000, p.170). Contactamos a Assessoria da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), que tem o curso de agronomia, e conseguimos contato com a fonte Laeticia Jalil, professora de sociologia da universidade e estudiosa da situação de vida das mulheres rurais. A entrevista com a fonte aconteceu em um café localizado na Zona Norte do Recife, local escolhido pela própria Laeticia. A forma com que as perguntas foram realizadas classificam a conversa como uma entrevista por pautas (semiestruturada ou semidirigida), conceito definido por Gil (1999), já que foi guiada em torno de alguns pontos definidos previamente (histórico das relações de gênero no âmbito rural; políticas públicas; condições de trabalho da mulher agricultora subsistente; preconceito; presença das pernambucanas na agricultura e relação das mesmas com o alimento), mas também não limitava a professora de falar pontos que ela considerava importantes. Apenas em caso de fuga completa do tema, uma outra pergunta era conduzida para que a entrevista pudesse alcançar seus objetivos. Conseguir encontrar as personagens foi um processo um pouco mais demorado. Entramos em contato com algumas associações e órgãos de agricultores, mas todos ficavam muito distantes do Recife, o que possivelmente tornaria o processo de apuração inviável. Através do Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá - organização não governamental que trabalha para promoção da agricultura familiar dentro dos princípios da agroecologia -, conseguimos o contato de Vera, que foi a primeira mulher com quem conseguimos marcar o encontro. Ela mesma passou o contato de Joseane e Rosinete. As três moram no município de Lagoa do Itaenga, localizado há mais de 70 km do Recife, distância bem menor do que se fossemos até Caruaru, por exemplo (134,6 km do Recife). As entrevistas desenvolvidas com as mulheres agricultoras também podem ser classificadas como semiestruturadas, semidirigidas ou por pautas. Um roteiro pré-estabelecido foi desenvolvido, que abordava temas como o crescimento da mulher em contato com a terra; histórico em família agricultora; decisão de decidir trabalhar com a terra e como é a rotina de trabalho; preconceito com as mulheres agricultura; dificuldades de ser mulher no meio rural e condições de trabalho. Apesar disso, a intenção era deixar que elas desenvolvessem seus diálogos da forma mais espontânea possível. Todas as entrevistas em Lagoa do Itaenga foram realizadas no mesmo dia: uma tarde de segunda-feira. Vera, Joseane e Rosinete moram a poucos quilômetros uma da outra, então a distância acabou não sendo um problema. Cada entrevista teve aproximadamente 1h de duração. A de Vera foi a mais longa porque a mãe e o pai dela estavam lá e se envolveram na conversa. Demonstravam muita empolgação ao falar sobre a rotina deles, talvez por não serem muito questionados sobre isso. Por serem áudios muito longos, o processo de decupagem dos áudios foi lento. Em cerca de duas semanas depois de ir à campo conseguimos finalizar a primeira versão do texto, que passou por processo de edição. Na hora da escrita, nos preocupamos em conectar as histórias das três mulheres, não só por elas se conhecerem, mas por trazerem histórias e lutas parecidas. Também nos preocupamos em não alterar as falas que foram utilizadas pelas personagens em forma de aspas. Esses cuidados foram tomados para que o objetivo de gerar um texto humanizado pudesse ser alcançado. Em relação aos créditos das pessoas entrevistadas, como nome, sobrenome e idade, todas concordaram em ser identificadas na reportagem.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Durante o segundo semestre do ano passado (2017.2), as estudantes de jornalismo cursaram a disciplina de Edição, ministrada pelo professor Bruno Pedrosa Nogueira, no Centro de Artes e Comunicação (CAC) da Universidade Federal de Pernambuco. Através do tema "Comida" que foi proposto para ser trabalhado de forma humanizada pela turma, nasceu Mulheres agricultoras pernambucanas: uma relação entre o feminino, o feminismo e a terra. Dentro do tema geral, a reportagem se encaixava por falar daquelas pessoas que possuem uma enorme contribuição na procedência do alimento que chega na mesa dos brasileiros todos os dias: as agricultoras. A narrativa começa através de uma contextualização histórica sobre a mulher rural e o papel desenvolvido por ela na sociedade, com embasamento em dados e na fala da pesquisadora sobre a vida das mulheres rurais Laeticia Jalil, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Em seguida partimos para a apresentação das nossas três personagens: Vera, Joseane e Rosinete. Neste primeiro momento, as agricultoras relatam situações de desigualdade de gênero e estereótipos, que precisam lidar tanto em suas residências quanto no Sítio Marrecos, onde residem, em Lagoa do Itaenga, na Zona da Mata Norte de Pernambuco. A partir disso voltamos com a fala da estudiosa que aborda os movimentos e lutas das mulheres rurais desde a década de 1980. Após esse trecho o leitor vai ser situado sobre a associação de que as três mulheres fazem parte e que tem o objetivo de facilitar a produção e a comercialização dos produtos cultivados pelos moradores dos sítios que integram a cidade. Além disso, também é abordada a união dessas agricultoras, que gera a promoção de cursos de capacitação para outras mulheres do município e até mesmo de outros estados. Elas ensinam como reaproveitar o que é plantado e como usufruir da melhor maneira as suas terras, por exemplo. Na sequência falamos sobre as feiras agroecológicas, nas quais as três participam vendendo verduras, frutas, temperos e beneficiados (alimentos produzidos a partir do reaproveitamento do que é colhido, como o nego-bom, doce típico de Pernambuco). O dinheiro obtido através dessas vendas serve de renda complementar para essas mulheres, que até pouco tempo atrás não podiam comercializar nas feiras. Papel que era designado apenas aos homens, enquanto as mulheres eram limitadas ao plantio e tarefas domésticas. A partir desse fato abordamos a relação das agricultoras, o alimento e seus clientes. As personagens afirmam que, na hora de repassar os produtos, é muito bom poder saber para quem estão vendendo o que plantam com tanto afeto. Em seguida, a pesquisadora volta com uma fala sobre o consumo consciente e a importância de comprar do pequeno produtor. Por fim a, narrativa segue abordando as profissões que as personagens exercem em paralelo à agricultura, que para todas é o amor maior. Relatam sobre a forte ligação que sentem com a terra e o cultivo. Para essas mulheres, ser agricultora não é apenas uma profissão, mas sim um modo de se relacionar com a vida. O material final é composto por cinco páginas de texto, três fotos das personagens em seus cultivos e uma de um plantio.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">A reportagem Mulheres agricultoras pernambucanas: uma relação entre o feminino, o feminismo e a terra foi muito enriquecedora para a nossa experiência como estudantes de jornalismo e no processo de formação na profissão. Através dos depoimentos das personagens, pudemos perceber que o machismo ainda é algo muito enraizado na sociedade, principalmente ao falar de zonas rurais. Isso também impactou em nossas vidas pessoais, já que passamos a enxergar a sororidade ainda mais como uma real força de combate. Portanto, consideramos que o resultado final do trabalho foi satisfatório. O projeto tem relevância social por mostrar uma realidade pouco contada nos grandes veículos de comunicação. Além de representatividade das mulheres, em histórias entrelaçadas, os leitores podem conhecer as agricultoras de Lagoa do Itaenga e, posteriormente, uma reflexão sobre o tema pode ser direcionada.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2"> ALMEIDA,J.A.T.; NORONHA C.R.B,; BRITO, E.R.P,; FARIAS,A.R.B,; ANDRADE,H.M.L.S. A invisibilidade parcial do trabalho feminino no campo das atividades produtivas. Recife PE, p.1-11,2014. <br><br>BRAGA, José Luiz.  Lugar de Fala como conceito metodológico no estudo de produtos culturais. Mídia e processos socioculturais. Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, novembro de 2000. <br><br>GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1999. 202 p. ISBN: 8522422702. <br><br> LAGE, Nilson. Teoria e técnica de reportagem, entrevista e pesquisa jornalística. Florianópolis: Record, 2001. <br><br>MARION, A. A.; BONA, A. N. A importância da mulher na agricultura familiar. 2016. 11f. Artigo acadêmico - UNICENTRO, Guarapuava, 2016. <br><br> </td></tr></table></body></html>