ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>Anais :: Intercom :: Congresso Intercom</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00638</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO06</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Na rota do sisal: a fibra do sertão</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Kelly Cora Coralina Macedo dos Santos (Universidade do Estado da Bahia); Fabíola Moura Reis Santos (Universidade do Estado da Bahia)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Território do Sisal, Telejornalismo, Jornalismo Educativo, Reportagem, Jornalismo Contextualizado com o Semiárido</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Este trabalho teoriza o processo de produção da série de reportagens para TV ou WebTV "Na rota do sisal  a fibra do Sertão . O Território do Sisal é uma área de identidade no Semiárido brasileiro onde o cultivo da planta é uma das principais fontes de renda de muitas famílias. Além disso, mais de 90% do material exportado pelo Brasil é proveniente desta região. No produto apresentado como Trabalho de Conclusão do Curso de Comunicação Social - Jornalismo em Multimeios da Universidade do Estado da Bahia, o tema foi abordado a partir de entrevistas com entidades civis e governamentais que lidam diretamente com o sisal. O objetivo foi produzir um conteúdo para promover de forma educativa e contextualizada um dos territórios do Semiárido Brasileiro (SAB) e o povo que neles habita a partir do olhar diferenciado do comunicador, trazendo à tona a atual situação da cultura e da população.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O Semiárido Brasileiro é composto por diversos territórios de identidade, que vão além da delimitação geográfica, de acordo com Rogério Haesbaert e Frederico Guilherme Bandeira de Araújo (2007, p.37), em Identidades e territórios: questões e olhares contemporâneos. Ao falar de Semiárido estamos nos referindo a uma região que ocupa, segundo a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), 982,566 km² ou 18,2% do território nacional em 1.135 municípios. O SAB compreende 85% do Nordeste do país e 18% do norte de Minas Gerais. Um dos Territórios de Identidade é o do Sisal que, de acordo com a cartilha de 2015 da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Governo da Bahia, possui população de 582,3 mil habitantes. A extensão total é de 20,4 mil quilômetros quadrados e é composto por 20 municípios: Araci, Barrocas, Biritinga, Candeal, Cansanção, Conceição do Coité, Ichu, Itiúba, Lamarão, Monte Santo, Nordestina, Queimadas, Quijingue, Retirolândia, Santaluz, São Domingos, Serrinha, Teofilândia, Tucano e Valente. O bioma predominante é a Caatinga e as precipitações pluviométricas variam entre 500mm e 800mm, sem períodos definidos. Dentre as atividades econômicas, o cultivo do sisal é uma das principais, embora o comércio e a mineração também tenham destaque. Atualmente o Brasil é o maior exportador da fibra de sisal no mundo e 97% do total sai do Território do Sisal e municípios que também cultivam a planta. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento, Conab, a cadeia produtiva da Agave Sisalana participa da economia de cerca de 140 municípios baianos. Outro estado que se destaca na produção de sisal é a Paraíba. O país produz um total de 120 mil toneladas por ano e exporta fibra bruta e manufaturados, principalmente para os Estados Unidos. O Brasil é seguido pela Tanzânia e Quênia, que produzem cerca de 30 mil e 25 mil toneladas, respectivamente.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">"Na Rota do Sisal - a Fibra do Sertão" teve como objetivo principal gerar uma série de reportagens para TV ou WebTV, levando em conta o crescimento dessas iniciativas online dado o avanço tecnológico registrando a história, a cultura do sisal na região sisaleira, bem como suas problemáticas e possibilidades. Atrelado a isso, o trabalho se propõe também a promover iniciativas de convivência com o Semiárido, investigar a importância econômica e cultural do território do sisal e levantar a condição dos trabalhadores, além de reunir as atuais problemáticas que a cultura enfrenta.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Agregando o conhecimento teórico adquirido em sala de aula, bem como o conhecimento prático no período de estágio na WebTV Caatinga, que se propõe a uma nova forma de enxergar e mostrar do SAB, senti mais segurança para apostar numa produção diferenciada e educativa. E isso não só pelas pessoas de outras regiões que terão acesso ao produto, como também e principalmente, para os próprios sertanejos verem que o lugar deles é também de riqueza e possibilidades. Dizer que o nordeste brasileiro não é apresentado na grande mídia está incorreto, mas a questão é a forma como acontece essa divulgação e o que é apresentado. Quando se limita uma região a questões climáticas, está se fechando os olhos para outros pontos, como a cultura e história local e, até mesmo, a origem dos problemas da localidade. As pesquisas realizadas em torno da situação degradante do território do sisal e até da desertificação da região, são facilmente encontradas numa busca rápida na internet. Mas a convivência e formas alternativas para que isso ocorra não são tão acessíveis assim, talvez porque não existam na mesma proporção. Vale ressaltar que os estudos encontrados são de áreas como agronomia, geografia e afins e a comunidade como um todo acaba não tendo acesso a esse conhecimento. A série de reportagens  Na rota do Sisal: a fibra do Sertão se propõe a, através de imagens, textos e conhecimento contextualizado, tocar nas problemáticas em torno da cadeia produtiva do sisal, além de mostrar também toda uma cultura desenvolvida em torno disso, tal qual a manifestação cultural das Cantadeiras do Sisal da cidade de Valente-BA e também uma associação de agricultores familiares que existe desde 1996 como uma indústria e, em 2007, deu origem à Fundação APAEB, que atua junto a produtores e beneficiários da cadeia em busca de uma vida mais digna para essas pessoas. O Jornalismo Contextualizado com o Semiárido Brasileiro é um conceito novo, defendido pela professora Fabíola Santos (2016) em sua tese de mestrado, na qual analisou produções das WebTVs Uneb  Núcleo Juazeiro e Caatinga, da Univasf. A proposta desse tipo do conceito é que o jornalístico ande em equilíbrio com o educativo e contextualizado, levando em conta as características específicas do local em que se produz o material a ser veiculado. No caso, um olhar do sertanejo sobre o Sertão; a visão de quem vivencia a realidade local e, sem distorções ou omissões, pondera e compartilha, não apenas aceitando uma visão hegemônica do eixo Rio-São Paulo, de onde nasce um discurso descontextualizado das produções telejornalísticas sobre esses territórios. A escolha do tema e recorte das cidades visitadas se deu pelo fato de ser a região onde nasci e me dispus a apresentar de outra forma. Nesse contexto, justifico a relevância do projeto num aspecto social pela representatividade que a comunidade que lida com o sisal, mora na região e conhece a cultura terá, academicamente, além de ser uma reflexão para a forma como o Semiárido Brasileiro é representado pela mídia tradicional e reproduzido por nós.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">5.1 Jornalismos Educativo e Contextualizado com o Território Semiárido Para me ajudar na tarefa de desenvolver este produto experimental, pensando numa proposta educativa e contextualizada, lanço mão de duas autoras que trazem os conceitos de Jornalismo Educativo e Contextualizado com o Semiárido, Cíntia Neves Azambuja (2008) e Fabíola Moura Reis Santos (2016), respectivamente. A primeira, em sua dissertação defende o conceito de Jornalismo Educativo que, segundo ela,  tem como função informar e formar o cidadão; tem a preocupação de não apenas difundir a informação, mas fomentar ideias (p.13). Quando nos dispomos a fazer um Jornalismo Educativo, estamos dizendo, de acordo com a autora, que queremos ir além do conceito tradicional do jornalismo que é o de apurar e informar com a maior veracidade possível, mas também formar e educar. Mesmo quando não aplicamos tal conceito, tomando a TV como exemplo, pode-se perceber a aplicação de uma das teorias do jornalismo, a agenda setting, que é exatamente como a mídia define nosso modo de agir, falar, perceber, vestir. Os Meios de Comunicação de Massa acabaram se tornando junto com a família, sociedade e seus grupos como instituições religiosas e escola, um lugar de formação. O material produzido pelo jornalista está voltado à grande massa com a intensão de popularizar o conhecimento numa linguagem que todos possam entender. A proposta do Jornalismo Educativo é trazer exatamente isso, atrelado ao fato de que desde a chegada da televisão no Brasil, não para de crescer o número de aparelhos em cada casa. Sendo assim, utilizar esse meio para propagar uma programação educativa com a linguagem jornalística seria uma grande conquista para a sociedade.  Se a credibilidade é um fato e se o público absorve o conteúdo televisivo, é possível pensar em uma absorção positiva e construtora se esse conteúdo for educativo (AZAMBUJA, 2008, p.39). Definido o conceito de um jornalismo educativo, que agregue conhecimento ao espectador, nada mais justo que fazer isso de forma contextualizada com o território a que se refere, nesse caso, o Semiárido. Acontece que a indústria cultural midiática é concentrada na região sudeste do Brasil e isso faz com que o que é produzido lá sobre as demais regiões, não seja algo de conhecimento de causa, mas produções estereotipadas e com cunho de determinismo climático. Por isso, Santos (2016), traz em sua dissertação o conceito de Jornalismo Contextualizado com o Semiárido, por entender que os territórios semiáridos tem uma condição específica e isso precisa ser levado em conta na representação midiática.  Embora sejamos todos nós seres contextualizados socialmente, historicamente, politicamente, economicamente e culturalmente, nem sempre estamos inseridos na nossa realidade, mas na de um centro emanador de um discurso." (SANTOS, 2016, p.18). Aliar os conceitos de Jornalismo Educativo ao Jornalismo Contextualizado com o Semiárido é uma oportunidade de educar o espectador para olhar além do chão rachado e carcaça de animal na beira da estrada, mas entender toda uma conjuntura histórica, política, econômica e social do Semiárido Brasileiro. Um jornalismo educativo e contextualizado com a região gera autoconhecimento, pertencimento e emancipação. O que está sendo mostrado não é o  discurso oficial , mas é a realidade da comunidade para ela mesma  os assuntos discutidos tem a ver com o que é de interesse desse povo, bem como suas histórias, dificuldades, manifestações culturais e curiosidades. No telejornalismo, conforme Coutinho (2009), o mundo é mostrado a partir de enquadramentos e recortes técnicos e políticos que tem a ver com as rotinas produtivas, ritmos, condições de tempo e espaço. No entanto, citando novamente a teoria da agenda setting, é possível observar como muitas pessoas se baseiam pelo que veem na TV e tem tal conteúdo como verdade absoluta. Quando se trata de afirmações sobre determinadas tendências e realidades, é gerado um senso comum e isso acontece com a forma como o nordeste e os nordestinos são representados. A proposta do Jornalismo Contextualizado com o Semiárido é quebrar com esse paradigma de região-problema e trazer à tona uma verdade regional com enquadramentos diferentes dos vistos na grande mídia hegemônica. 5.2 Entrevista e Reportagem Outros autores que me acrescentaram na construção do projeto foram Heródoto Barbeiro e Paulo Rodolfo de Lima, com a segunda edição do  Manual de Telejornalismo  os Segredos da notícia na TV , sobre como proceder enquanto jornalista em campo e produção de texto e Muniz Sodré e Maria Helena Ferrari (1986), com o livro  Técnica de Reportagem  Notas sobre a narrativa jornalística , para falar sobre as peculiaridades da reportagem. As orientações dadas por Barbeiro e Lima (2005) no Manual do Telejornalismo são que na produção de uma reportagem sejam observados fatores como as locações da matéria, a linguagem simples para que qualquer pessoa consiga compreender claramente, atentar para a ordem cronológica da história para facilitar o entendimento, não dar margem para duplo sentido e a necessidade de imagens e palavras andarem juntas. De acordo com eles,  a reportagem deve ser completa em si mesma, com começo, meio e fim. Nunca imagine que o telespectador já conhece os antecedentes do fato mesmo que venha sendo noticiado com insistência . Sodré e Ferrari (1986) definem a reportagem como sendo uma ponte que liga o leitor ao acontecimento. De acordo com estes, as principais características de uma reportagem são a humanização do relato, predominância da forma narrativa, objetividade dos fatos narrados e texto de natureza impressionista. É importante ressaltar que, embora a definição usada pelos autores seja de texto impresso, a essência da reportagem permanece nos demais meios de comunicação. No entanto, a depender de qual seja, deve-se pensar em outras questões, como a composição de imagem, no caso de reportagem para televisão, já que se trata de uma produção audiovisual. De acordo com Heródoto Barbeiro e Paulo Rodolfo de Lima (2005), a entrevista, composição da reportagem, tem a função de  esclarecer fatos e  revelar conhecimentos . Seguindo as orientações do Manual do Telejornalismo, o repórter deve colocar-se no lugar do telespectador e perguntar aquilo que lhes é de interesse. A pergunta deve ser curta e bem direcionada para que o entrevistado não deturpe e fuja da questão. A ordem das entrevistas marcadas no processo de produção foi definida de forma que as fontes governamentais ficassem por último, caso fosse necessário rebater alguma informação e mesmo tirar dúvidas adquiridas durante o processo. Essa é uma das vantagens da reportagem, ainda de acordo com os autores, já que é permitida uma proximidade maior da isenção tão desejada pelos jornalistas em suas produções, posto que mais de uma fonte é ouvida (os dois lados), há a ambientação e as conversas em off para que o repórter tire alguma dúvida que lhe reste. Vale ressaltar que a escolha das fontes, bem como das cidades onde seriam feitas as gravações, não foi feita de forma aleatória. Como o jornalista é também um investigador, todo o processo foi marcado por pesquisas e verdadeira  caça as fontes . Foram estabelecidos critérios de proximidade com a realidade local e com o que eu queria passar no meu produto. A proposta nunca foi enaltecer a seca nem os problemas que ela causa, até porque, essa condição ambiental não é puramente natural, mas muito mais profunda  e aqui deixo claro que essa profundidade refere-se às políticas públicas eficazes, ou a ausência delas  e não daria para abarcar tudo isso no produto. Portanto, seria preciso tratar o tema com cuidado. A intensão foi sim chamar a atenção para as possibilidades de convivência com o Semiárido e de renda, além de evidenciar a riqueza cultural do território.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">6.1 Pré-produção O processo de pré-produção começou no final de 2016, na fase de elaboração do projeto. Na construção do anteprojeto eu já carregava a ideia de fazer como nota final do meu curso, algo relacionado à minha cidade natal, Santaluz-BA. Numa oportunidade de feriado prolongado que fui pra minha cidade natal, aproveitei para conversar com aquele que seria uma das minhas fontes, o historiador Nelci Lima da Cruz. Na ocasião conversamos sobre a chegada do sisal em Santaluz. Mapeamos lugares que poderíamos ir para mostrar a trajetória do sisal na cidade e região, já que a planta teria partido dali para os demais municípios. Seguiu-se então um processo de pesquisas e levantamento de possíveis fontes para o meu material: Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira, Fundação APAEB, Companhia Nacional de Abastecimento, a Conab, Embrapa Semiárido, Cooperativa Fibras do Sertão, Cooperafis e Associação de Produtores de Sisal do Estado da Bahia. 6.2 Gravações Depois do processo de pré-produção, levantamento de dados, fontes e montagem da equipe, foi a vez de partirmos pra estrada. No total foram 1.003 quilômetros rodados e cinco cidades visitadas. A esquematização das reportagens começou bem antes de chegarmos ao território, através dos contatos por telefone e fidelização de pessoas que funcionaram como produtores in loco. As gravações aconteceram em cinco cidades: Santaluz, Valente, Araci, Serrinha e Retirolândia e em Salgadália, distrito de Conceição do Coité. A escolha das duas primeiras não foi aleatória. De acordo com textos da Embrapa, por exemplo, e segundo o historiador Nelci Lima da Cruz, o sisal teria chegado na Bahia primeiro em Santaluz e só então se espalhado para as outras cidades do território. Por isso esse município foi um dos pontos de gravação. Valente, por ser sede da Fundação APAEB e por conta da atuação da Associação na cidade é conhecida como a capital do sisal. As demais, se deu pelo fato de ser onde estariam os entrevistados. Depois da produção em campo, voltamos para casa com um bom material visual e muitas informações, mas ainda faltavam as respostas dos órgãos governamentais, principalmente a SDE para saber mais sobre o que estava sendo feito pela cultura do sisal. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Bahia informou que não estava coordenando o PROSISAL, Programa Emergencial e Estruturante da Cadeia Produtiva do Sisal da Bahia, elaborado em 2013, numa ação conjunta entre a subcâmara criada pela Câmara Setorial de Fibras Naturais, produtores, exportadores e demais agentes da cadeia produtiva de sisal. As demandas apresentadas no documento, se fielmente cumpridas, poderiam representar uma mudança positiva na cadeia produtiva do sisal. Questionei sobre as pesquisas para desenvolvimento de uma máquina desfibradora que atenda as demandas da cultura e seja segura, produtiva e eficiente, e fui informada que a responsável por isso seria a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia, órgão que quando procurado disse não estar desenvolvendo nada do tipo. Indaguei também sobre a questão dos dados quantitativos da cultura que estão espalhados entre secretarias do governo e órgãos governamentais e, além disso, cada instituição tem um número de diferente ou não tem nenhum. Ele reconheceu que isso é uma falha do governo para com a cultura e que naquela mesma semana o assunto seria pautado em reunião interna. Ainda sobre a máquina desfibradora, uma necessidade dos trabalhadores da cultura, já que o conhecido "motor paraibano" representa riscos para eles, desde a primeira máquina criada por Faustino Silva, um pesquisador independente, foram feitas inúmeras adaptações até uma última versão apresentada, a Faustino VII. Inclusive, há quem diga que a máquina Cosibra, usada na Fazenda Mandacaru, tenha tido como protótipo um dos equipamentos criados por Faustino, mas o gerente de produção não confirmou essa informação, disse apenas que foram mais de 20 anos de pesquisas e investimentos. A máquina Cosibra tendo sido criada pela Companhia sisal do Brasil ou não, o fato é que um pequeno produtor não teria condições de fazer o mesmo que a companhia fez e fica refém do motor paraibano, que é o que pode comprar. A Faustino VII deveria ser uma máquina acessível, segura e produtiva. 6.3 Produção dos textos e edição Tendo em mãos todas as informações necessárias, foi a vez de construir os textos de cada reportagem. Embora os enfoques já tivessem sido pré-definidos no processo de pré-produção, seguir esse percurso com os textos não foi tão simples. Por outro lado, a prática do estágio fez com que essa etapa fluísse melhor. Cada palavra e expressão foram pensadas cuidadosamente e à medida que os textos iam sendo fechados, mandava para minha orientadora revisar. Depois de todos concluídos e devidamente ajustados, aconteceu a primeira gravação do off  texto narrado pelo repórter no qual sua imagem não aparece. Durante o processo de construção do texto, foi acontecendo também a escolha das falas das fontes. Entreguei os trechos para o editor com as sonoras marcadas para que não ficassem muito grandes, mas depois ainda foi necessário fazer mais cortes, principalmente na reportagem 3, que inicialmente ficou com mais de 9 minutos de duração. Todas deveriam seguir o tempo médio de 7 minutos que já havia sido definido. Embora essa duração seja considerada grande para os padrões comerciais, é tolerável para uma série experimental de reportagens, como é o caso. Apenas a terceira reportagem ficou com backgroud (som que se ouve em segundo plano na reportagem), pois tinha um porquê de estar ali  eram as músicas das Cantadeiras do Sisal. As outras duas matérias e até a metade da terceira ficaram apenas com o som ambiente para trazer o espectador o mais próximo possível daquela realidade. Nem todos os entrevistados entraram nas reportagens para que não ficasse muito grande e a seleção foi acontecendo naturalmente. O nome da série levou um tempo para ser concebido, mas ficou a ideia que eu queria passar de  rota por conta do percurso que fizemos para as gravações e a indicação de o sisal ser  a fibra do sertão , representando a força do povo sertanejo, já que essa é a fibra natural mais dura que existe. A vinheta de abertura foi feita numa manhã e a ideia que eu tinha era de que representasse um movimento para ilustrar a  rota do sisal . Os pássaros voando foram colocados para mostrar que há vida no Semiárido, uma infinidade de espécies de fauna e flora que encontram na região um ambiente propício. As nuvens estão lá porque, apesar do clima com baixa umidade característico da região, o céu não é sempre sem nuvens e também não é um lugar onde a chuva é inexistente. A trilha é uma música de pífano, flauta feita de bambu, da lista do programa de edição. Foi escolhida porque é um som alegre que representa o Nordeste, de certa forma e por ser muito utilizada em Caruaru-PE, o que simboliza a união Bahia-Pernambuco que eu estou vivendo, já que sou baiana e atualmente moro em Petrolina, cidade pernambucana. A cada olhada, uma nova correção e inúmeros reparos de imagens e também de narração foram feitos, até que, enfim, as reportagens ficaram prontas, a vinheta de abertura e encerramento foi feita e por último, a arte de capa e de mídia. Depois de essa etapa concluída, foi a hora de gravar os DVDs, imprimir as capas e os discos e finalizar.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">De forma simples, construir um Jornalismo Contextualizado é olhar ao redor e tirar dali o que vale a pena ser noticiado, entendendo que culturas e nossas pessoas são notícias também. Para um Jornalismo Educativo, basta sensibilidade e preocupação com o que se está  alimentando os espectadores, já que, de uma forma ou de outra, o jornalismo sempre pode educar. O que é preciso enquanto comunicadores, é refletir que tipo de  aula está sendo ofertada. Quando falo em Jornalismo Educativo, não pretendo falar de currículo escolar, muito menos entrar na questão da Educação Contextualizada, propriamente dita. Mas refletir como podemos tirar da nossa realidade a notícia na qual o sertanejo vai se reconhecer com as suas dificuldades, mas também com suas manifestações culturais e infinitas possibilidades. Foram anos construindo uma visão deturpada da região semiárida, atribuindo um julgo de fome, miséria, desprezo e impossibilidades, mas já está mais do que na hora de lutarmos juntos para essa desconstrução. Somos convivência, cultura, vivacidade, garra e não é necessário sair do Nordeste para ter uma vida melhor. Os Meios de Comunicação de Massa e os demais meios dominantes, como a Educação, também precisam entender isso. Fazer comunicação pode ser considerado fácil, mas fazê-la com ética e compromisso exige responsabilidade e porque não dizer, sensibilidade. Fazer jornalismo no (e para) o Semiárido é ainda mais delicado por se ter um tesouro nas mãos, na voz ou imagem do comunicador que pode ser espalhado nos corações dos sertanejos. Não é possível, num passe de mágica, fazer acontecer o que se precisa, tratando-se de questões políticas efetivas, mas há como, pelo menos, contribuir para a emancipação de um povo forte através da representação midiática e mexer, nem que seja um pouco no assunto e fazer com que os governantes se voltem pro Território do Sisal no Nordeste baiano.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">AGRICULTURA, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a. Disponível em: <http://www.fao.org/economic/futurefibres/fibres/sisal/es/>. Acesso em: 8 set. 2016.<br><br>AZAMBUJA, Cíntia Neves de. Jornalismo Educativo: da teoria à prática na TV universitária. 2008. Dissertação de Mestrado. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Estácio de Sá. Rio de Janeiro, RJ. Disponível em: <http://www.estacio.br/mestrado/educacao/dissertacoes/dissertacao_cintia_azambuja.pdf>. 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