ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>Anais :: Intercom :: Congresso Intercom</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01247</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PT04</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Releitura - Fotografia de Tomaz Farkas</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Natália Pessôa de Azevedo Albuquerque (Universidade Católica de Pernambuco); Luan Mateus Amorim da Silva (Universidade Católica de Pernambuco); Julianna Nascimento Torezani (Universidade Católica de Pernambuco)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Analógica, Digital, Fotografia, Releitura, Thomaz Farkas</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O trabalho realizado trata-se de uma releitura da fotografia Bailarina ensaiando na UNE (Rio de Janeiro, década de 1940) do fotógrafo nascido em Budapeste e naturalizado brasileiro, Thomaz Farkas. A produção partiu de uma atividade realizada na cadeira de História da Fotografia do Curso de Fotografia na Universidade Católica de Pernambuco e resultou na pesquisa bibliográfica do artista, assim como do movimento que ele fez parte, o Foto Cine Clube Bandeirantes (FCCB). Posteriormente foram feitos estudos documentais acerca da fotografia de Farkas e, por fim, o trabalho de produção e pós-produção da releitura da fotografia dele.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Pensado na disciplina de História da Fotografia do Curso Superior de Fotografia da Universidade Católica de Pernambuco, o projeto teve como objetivo realizar uma releitura do trabalho de fotógrafos brasileiros vistos ao longo da disciplina. O profissional escolhido foi o húngaro, naturalizado brasileiro desde os seis anos de idade, Thomaz Farkas. A escolha partiu de uma identificação sentimental dos alunos com o trabalho de Farkas, sua linguagem fotográfica e seu estilo de composição. A fotografia selecionada para a releitura foi Bailarina ensaiando na UNE (Rio de Janeiro), imagem que faz parte da série "Bailarina", uma série realizada durante seus estudos sobre luz e movimento na década de 1940, que brinca com a iluminação do ambiente e com a sombra das bailarinas. O objetivo da releitura foi realocar o espaço esperado da dança clássica, fugir dos estúdios e trazer o balé para as ruas. Pensando nisso, notou-se que na prática muitas coisas se tornam diferentes do que é planejado e, por isso, foi preciso ter outras opções, como implementar um nova história, diferente da contada por Thomaz Farkas, e, para isso, foi optado por escolher outra modalidade de dança: a dança contemporânea, algo que comunica melhor com o Recife, cidade onde a fotografia foi realizada. O método de construção do trabalho partiu do princípio de que faz-se necessário uma pesquisa bibliográfica a fim de analisar vida e obra do artista em questão, assim como contextualizar com o momento histórico, realizar pesquisa documental para estudar as fotografias de Thomaz Farkas em si e pôr em prática o propósito inicial: realizar a releitura do Farkas. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O projeto tem como objetivo geral fazer uma releitura de uma fotografia de Thomaz Farkas, partindo de uma minuciosa pesquisa sobre sua vida e obra, observando suas influências na fotografia e na arte e, dessa maneira, descobrir o cerne do seu trabalho como fotógrafo. Os objetivos específicos do trabalho são: escolher uma fotografia e, posteriormente, analisar a produção da mesma; perceber e investigar os métodos e nuances por trás do trabalho realizado por Farkas; procurar, em detalhe, as técnicas utilizadas e os objetivos perseguidos por Farkas em sua série para, desta forma, conseguir definir quais os passos necessários para que a releitura fosse realizada. O processo passou por dificuldades até atingir um resultado satisfatório, sendo necessário dar uma nova conotação a imagem. Além disso, fazer o tratamento da imagem, um processo de pós produção, é fundamental para a imagem construa uma identidade própria dos autores daquela obra e não tratando-se apenas de uma ligação com a obra de referência. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A escolha por fazer uma releitura do trabalho de Thomaz Farkas parte da importância, antes de tudo, de realizar pesquisa acerca das contribuições sociais do trabalho desse artista naturalizado brasileiro, por isso faz-se necessário uma justificativa social. Ainda na sua juventude, Farkas participou do Foto Cine Clube Bandeirantes (FCCB) em São Paulo, um fotoclube que trouxe para o Brasil uma nova função para a fotografia, com novas formas de retratar o que há do outro lado da lente com intencionalidade artística. Assim como os outros integrantes do FCCB, trouxe a arte para a fotografia brasileira século passado. Além disso, fotografou cidades como São Paulo e Rio de Janeiro em um tempo de desenvolvimento e crescimento urbano, além de retratar moradores de bairros populares e do centro histórico do Rio de Janeiro, com uma visão mais humanista, algo próximo do fotojornalismo e da fotografia documental. Fotografou, também, a cidade Brasília em seu período de construção. Durante a década de 1960, Farkas deixa a fotografia para explorar um pouco de algo que ele sempre gostou: cinema. Realizou documentários com a "Caravana Farkas", retratando, como ele mesmo dizia: "o Brasil para os brasileiros". Foi durante a Ditadura Militar que Farkas percorreu o Brasil, dirigindo os filmes e mostrando facetas do Brasil que eram desconhecidas. Isso era uma revolução, visto que a realidade da época estava sendo registrada e documentada. Thomaz Farkas também contribuiu para a sociedade transmitindo conhecimento por meio da revista que ele fundou, Revista Fotóptica, uma revista que falava sobre fotografia, cinema e óptica. Além disso, abriu a primeira galeria no Brasil exclusiva para fotografía, a Galeria Fotópica, ratificando ao fazer fotográfico a possibilidade de uma conotação artística. A escolha por uma releitura do trabalho de Farkas tem como justificativa pessoal e parte, de maneira geral, de uma identificação com suas obras. Ambos os criadores da releitura apreciam a forma que Thomaz Farkas retrata as pessoas, fotografias com alto contraste, principalmente quando se trata de fotografia analógica em preto e branco e os desenhos densos das sombras formadas devido a luz dura e intensa na fotografia de Thomaz Farkas, tendo em vista que fez parte do Foto Cine Clube Bandeirantes, grupo de fotógrafos que em suas composições prezam pelo preto e branco em alto contraste. Além disso, como justificativa acadêmica, nota-se que o estudo bibliográfico e documental de Thomaz Farkas é de muita importância dentro da academia, visto que o trata-se de um fotógrafo de muita relevância na história da fotografia do Brasil. É fundamental que o estudo sobre Farkas, assim como os demais fotógrafos modernistas, seja realizado por outros profissionais vinculados à fotografia, pois dessa forma puderam propagar a história da fotografia moderna, além de permitir o estudo de técnicas utilizadas na época. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Para esse trabalho, foi feita uma pesquisa bibliográfica abordando a vida e a obra de Thomas Farkas. Fotógrafo nascido em Budapeste, Hungria, em 1924 veio morar no Brasil com a família aos seis anos. Seu pai trouxe para São Paulo um negócio desenvolvido pela família, a loja Fotóptica, em que vendia equipamentos fotográficos, uma das primeiras lojas do ramo no Brasil. Foi por meio dessas influências que Farkas cresceu e aos oito anos de idade ganhou do seu pai sua primeira câmera fotográfica, tendo a oportunidade de aprender brincando. Durante dez anos realizou várias fotografias, podendo retratar sua família e acontecimentos da cidade, um verdadeiro experimento visual. As curiosas fotografias feitas durante sua infância e adolescência tem como causa não só o fato dele ter um contato com a fotografia desde cedo, mas também devido ao fato de Farkas ter sido sempre um jovem curioso, além de ser formado em Engenharia Elétrica e Mecânica. Sua paixão seguiu adiante e aos dezoito anos, em 1942, tornou-se sócio do Foto Cine Clube Bandeirantes (FCCB) em São Paulo, um clube para debates sobre fotografia que tinha como base as influências das vanguardas europeias e norte-americanas, foi onde surgiu e se desenvolveu a fotografia moderna no Brasil, visto que os membros deste grupo, como Geraldo de Barros, José Oiticica Filho, José Yalenti e Eduardo Salvatore, eram considerados fotógrafos modernos. Em 2015, veio para o Museu de Arte Moderna de Recife a exposição fotográfica Moderna para sempre com imagens deste grupo. As características e a linguagem fotográfica do grupo são: alto contraste, preto e branco, motivos geométricos como a arquitetura, detalhes dos objetos e experimentação artísticas com outras linguagens, além de efeitos de múltiplas exposições, solarização e intervenções nas imagens. Todos fotografavam em preto e branco e alguns eram ótimos laboratoristas, já que havia retoque em laboratório químico de fotografia neste momento. Os membros do grupo buscavam procurar novas perspectivas e inovar a composição das fotografias, usando composições geométricas e elementos seriados. Eles não queriam que a fotografia fosse apenas a captura da realidade, mas que a fotografia fosse uma outra maneira de enxergar o mundo, de forma não convencional. Essa ideia é ratificada com o comentário do curador e crítico de fotografia Rubens Fernandes Júnior (2011) quando disse:  Thomaz Farkas procurou inicialmente no Foto Cine Clube Bandeirante(FCCB) uma possibilidade de expressão, mas aos poucos, foi encontrando seu caminho e produziu um consistente trabalho fotográfico. Suas formas geométricas acentuadas, seus estranhos ângulos de visão, rompendo o silêncio das formas, sua visão estética instigante apontam para uma das experiências mais renovadoras da fotografia brasileira (FERNANDEZ JÚNIOR, 2011) Foi dessa forma que, assim como Farkas, Geraldo de Barros e German Lorca se tornaram pioneiros da fotografia moderna no Brasil. Foi lendo revistas e livros norte-americanas que Farkas conheceu os renomados fotógrafos modernos norte americanos Ansel Adams e Edward Weston, artistas que buscavam explorar as formas dos objetos, usufruindo bem do contraste formado das altas e baixas luzes. Farkas chegou, inclusive, a trocar correspondências e ir visitar Weston nos Estados Unidos, na década de 1940. Foi por meio destes que Thomas Farkas sofreu influência do movimento norte-americano da fotografia direta, ou Straight Photography, corrente que buscava na fotografia o fazer artístico por meios unicamente técnicos da fotografia, diferentemente da fotografia pictorialista, que buscava uma aproximação com as pinturas e manipulava a fotografia a mão. Como já dito por outro membro do FCCB, José Yalenti (apud COSTA; SILVA, 2014):  há assuntos que só podem ser pintados e nunca fotografados, pois convencem exclusivamente pelas suas cores, e há outros que só podem ser fotografados, e nunca pintados, pois convencem pelas suas formas geométricas e as linhas que perfazem . No entanto, mesmo diante dessas influências, o fotógrafo acreditava que a imagem não deveria passar por processos de explicação em sua análise, pois  a fotografia emociona ou não emociona , como disse certa vez Farkas (apud FERNANDES JUNIOR, 2011), isso quer dizer que a fotografia não deve passar por processo de verbalização, pois a fotografia fala por si só. Tendo em vista que Farkas era muito jovem quando ingressou no Foto Cine Clube Bandeirantes, ainda não tinha vícios da visão acadêmica. Trouxe para a fotografia moderna no Brasil uma visão fora do comum, com composições e ângulos inusitados, gerando uma quebra no senso do equilíbrio. Fez com que as pessoas, ao analisar suas obras, refletissem sobre como a fotografia foi feita: onde ele estava quando fotografou e qual a inclinação da câmera ao realizar a fotografia, pois como disse Arlindo Machado (1984) em A ilusão especular, 1984:  [...] os enquadramentos em ângulos tortuosos e insólitos desnudam a função da fotografia como forma de exercício de olhar: posição excêntrica, a perspectiva age explicitamente como instrumento de deformação e a posição do olho/sujeito se denuncia como agente instaurador de toda ordem . (MACHADO, 1984) Ainda muito jovem, em 1949, Farkas tem sua primeira mostra individual Estudos Fotográficos,no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP). Posteriormente, no mesmo ano, foi reconhecido no exterior e sete de suas obras foram para a coleção do Museum of Modern Art (MoMA), em Nova York, provando a proporção que tua Fotografia, reconhecida como arte, tomou. Entre os anos de 1964 e 1972, desenvolveu um projeto chamado Caravana Farkas, se afastando um pouco do fazer fotográfico e migrando para a produção de vídeo. Nesse projeto, Farkas foi produtor, patrocinador, diretor de cinema e de fotografia ao realizar documentários pelo Brasil. Produziam o documentários com o propósito de mostrar a realidade do Brasil naquela época, o que era inovador e, também, muito importante para que fosse apresentado o Brasil para os brasileiros. Os filmes foram referências no Brasil e premiados no país e no exterior. Foi durante esse período, também, que começou a dar aulas de fotografia nos Departamentos de Cinema e Jornalismo da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Posteriormente, em 1970, lançou a Revista Fotóptica que falava sobre fotografia, cinema e óptica. Em 1979, abriu a primeira galeria voltada exclusivamente para fotografia, a Galeria Fotóptica. Tendo em vista toda a história de Thomaz Farkas e que foi realizada uma pesquisa bibliográfica, foi escolhida para a realização da releitura a fotografia Bailarina ensaiando na UNE (Rio de Janeiro, década de 1940), uma fotografia feita durante o período em que Thomaz Farkas participava do Foto Cine Clube Bandeirantes, fazendo necessário, em segundo lugar, a realização de uma pesquisa documental acerca das produções de Farkas na época. Nesse período, os participantes eram, na grande maioria, jovens que procuravam trazer perspectivas inovadoras e, como dito no livro A fotografia moderna no Brasil de Helouise Costa e Renata Rodrigues da Silva (2004):  O pioneirismo destes fotógrafos centrou-se justamente na busca de uma visão pessoal, desenvolvida intuitivamente, sem um projeto explícito de modernidade . Com Farkas não foi diferente, o jovem buscava sempre novos ângulos e, também, problematizou o movimento na fotografia, principalmente através de expressões de dança.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A fotografia Bailarina ensaiando na UNE (Rio de Janeiro, década de 1940) em particular, chamou a atenção devido a leveza que a imagem transmite e a poética de sua forma. A imagem parece comunicar que a bailarina se torna grande diante da luz que a incide, que ela se engrandece quando dança. Trata-se de uma imagem que transmite certa leveza, não só pela posição da bailarina, que estica-se ao longo do quadro, mas pela composição, que traz um grande espaço de respiro na forma da imensidão vazia do estúdio. A posição vertical da imagem, unida a este vazio, conduzem o olhar através de todo o quadro, indo de cima, onde a bailarina está, até o fim da imagem, onde vemos sua sombra. Essa preocupação em criar uma imagem que aproveita todo o espaço disponível do quadro, transformando o seu consumo em um processo apreciativo mais lento nos faz refletir sobre o modo e o contexto que a fotografia original foi realizada. Thomaz Farkas fotografava com câmera analógica e filme preto e branco, em uma época que as fotos levavam mais tempo sendo vistas e produzidas, o que se diferencia bastante dos tempos atuais, de imagens instantâneas na produção e consumo. Joan Fontcuberta em seu texto Por um manifesto posfotográfico diz:  Da síndrome de Hong Kong aprendemos que hoje a urgência da imagem por existir prevalece sobre as qualidades da própria imagem. Esta pulsão garante uma massificação sem precedentes, uma poluição icônica que por um lado vem sendo implementada pelo desenvolvimento de novos dispositivos de captação visual e por outro lado, pela enorme proliferação de câmeras  seja como aparelhos autônomos ou incorporadas a telefones móveis, webcams e dispositivos de vigilância. Isto nos imerge num mundo saturado de imagens: vivemos na imagem e a imagem nos vive e nos faz viver (FONTCUBERTA, 2011). Para Fontcuberta, a produção de uma fotografia de maneira imediata tem um peso maior na sociedade moderna do que o pensamento meticuloso sobre a imagem. E com o processo de releitura, pode-se praticar a criatividade, apostando que as referências, vivências e o repertório permitam que algo novo seja criado dentro de uma experiência diferente daquilo que vivenciamos em nosso dia-a-dia. Assim como Thomaz Farkas tinha Edward Weston ou Ansel Adams como referências para a criação da suas obras naquela época, a releitura da fotografia da bailarina tem a fotografia de Farkas e fotografias digitais contemporâneas como referências para a sua criação. Tendo isso em vista, a releitura foi feita com câmera digital e utilização de flash, em conjunto com o rádio flash, principalmente devido às circunstâncias da iluminação ambiente. A escolha comunica que não só as imagens são diferentes, com suas formas e cores, mas também o modo como a imagem da releitura foi criada. Cada imagem, sendo a original ou a releitura, carrega em si o tempo e a atmosfera em que foram criadas. Além disso, a imagem também passou por processo de tratamento por meio de softwares, permitindo um fluxo diferente da imagem original e dando uma nova conotação a imagem. A ideia central da releitura era levar às ruas o balé e resignificar o seu lugar de direito. Para isso, foi decidido, durante a pré-produção utilizar uma das ruas do Bairro do Recife, Marco Zero da capital pernambucana, entre o Shopping Paço Alfândega e a Livraria Cultura. A modelo convidada é a bailarina Raíssa Andrade Lemos, estudante de Dança Contemporânea, e o equipamento utilizado para a realização da fotografia foi uma câmera modelo Canon EOS 70D com uma lente Sigma Art 35mm 1.4 e um flash Youngnou 565 EX II na função rádio. A princípio, seria utilizado luz ambiente porém, no dia em questão, 26 de maio de 2017, Recife estava com o clima nublado, difundindo a luz do sol, o que não geraria o efeito desejado de uma sombra dura e alongada, portanto foi decidido utilizar um flash em potência máxima, a fim de gerar o efeito pretendido. A fotografia foi realizada exatamente às 16:43 horas, momento que chovia de leve na cidade o que, por meio da refração da luz do flash nas gotículas de água da chuva, criou um pequeno arco-íris acima da modelo. Durante a produção foi escolhido o ângulo plongée, onde o fotógrafo se posicionou em uma passarela acima da rua onde a modelo estava. Esse ângulo pode transmitir uma ideia de inferioridade do objeto ou modelo fotografado, por colocar o espectador à cima do fotografado. A escolha foi realizada com o objetivo de aumentar a importância do local ao redor da modelo e dar mais espaço para que sua sombra se projetasse ao longo da rua, transmitindo a ideia de uma dança que se espalha por todos os lugares. Foram realizados diversos cliques, pois foi sugerido à modelo que ela permanecesse realizando diversos movimentos típicos da dança contemporânea para que fosse capturado um movimento fluído e natural. A imagem foi feita com velocidade do obturador 1/250, abertura do diafragma f/ 5.6, ISO 100 e flash em máxima potência. Para a etapa de pós-produção foi utilizado o programa Adobe Lightroom com o intuito de realizar pequenos ajustes na cor e na iluminação geral da fotografia. Inicialmente foi feito uma correção geral na exposição da imagem, com o intuito de ajustar os níveis de preto e intensificar o efeito de contraluz, aumentando as altas luzes e sombras mas sem perder os detalhes e texturas presentes no chão. Em seguida, adicionamos à imagem uma curva de contraste, também conhecida como  curva em S , que aumenta o contraste, a variação de tonalidades claras e escuras, na fotografia utilizando a ferramenta de  Curvas do software. O passo seguinte foi intensificar o arco-íris presente na fotografia. Para isso, foi feito um ajuste mais específico nas cores usando as ferramentas  HSL e  Calibração , aumentando a saturação, a intensidade, das cores presentes no arco-íris. Outro ajuste local realizado foi em cima da modelo, com o intuito de aumentar ainda mais a sombra e esconder um pouco mais os detalhes presentes nela, como roupas. E o último ajuste local realizado tem o intuito de trazer de volta à imagem a sombra projetada ao longo da rua pela modelo com o disparo do flash. Ambos os ajustes foram feitos utilizando a ferramenta  Pincel de Ajustes do Adobe Lightroom.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">A realização deste trabalho proporcionou contato com fotografias admiráveis, não só com a fotografia Bailarina ensaiando na UNE (Rio de Janeiro, década de 1940), mas também com outras fotografias de Farkas e de outros modernistas brasileiros. O processo como um todo foi muito enriquecedor, visto que, como estudantes de Fotografia, o estudo da História da Fotografia permite entender o porquê da fotografia ser do jeito que é hoje. No entanto, a importância não está só no estudo bibliográfico, mas também no estudo da forma da fotografia em si, visto que é de grande importância, não só para os fotógrafos, como para aqueles que estudam a imagem de forma geral, ter uma educação visual, é importante saber ler imagens. Por isso, a prática neste processo foi essencial para o entendimento dos procedimentos que Thomaz Farkas passou para a realização da fotografia Bailarina ensaiando na UNE. Foi, então, na realização da releitura dessa fotografia que foi deparado com dificuldades e imprevistos do dia, como aconteceu com o céu nublado, impedindo a realizar da sombra da bailarina sendo projetada. No entanto, com conhecimentos extras, foi possível realizar a projeção da sombra com a ajuda do flash. Com todas essas experiências, pode-se perceber, como já dito pelo crítico de arte Lorenzo Mammì (Instituto Moreira Salles):  Entre pesquisa formal e testemunho histórico, a fotografia de Thomaz Farkas encontra um lugar que é só dela , um lugar onde suas obras devam ser cuidadas e preservadas, visto que trata-se de de um fotógrafo que importante na história da fotografia brasileira.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">COSTA, Helouise; SILVA, Renato Rodrigues da. A fotografia moderna no Brasil. Cosac Naify, 2004.<br><br>FERNANDES JUNIOR, Rubens. Viva Farkas! In: Icônica. 29 de março de 2011. Disponível em <http://www.iconica.com.br/site/viva-farkas/>. 13 maio 2018. <br><br>FONTCUBERTA, Joan. Por um manifesto pós-fotográfico. In: Revista Studim. N. 36, julho de 2014, UNICAMP. Disponível em: <http://www.studium.iar.unicamp.br/36/7/index.html>. Acesso: 21 maio 2018.<br><br>MACHADO, Arilindo. A ilusão especular. São Paulo: Gustavo Gili, 2015. <br><br>SOBRE THOMAZ FARKAS. In: Instituto Moreira Salles. Disponível em: <https://ims.com.br/2017/06/01/sobre-thomaz-farkas/>. Acesso: 13 maio 2018.<br><br> </td></tr></table></body></html>