PRÊMIOS ESTUDANTIS INTERCOM 2023: CONFIRA ENTREVISTA COM AS VENCEDORAS DAS CATEGORIAS GRADUAÇÃO E MESTRADO ACADÊMICO

27 de julho de 2023

Neste ano, a Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) realiza a segunda edição do Prêmio Intercom de Comunicação, que substituiu as premiações Freitas Nobre, Francisco Morel e Vera Giangrande para reconhecer as melhores pesquisas desenvolvidas no ano anterior em quatro categorias, popularmente conhecidas como Prêmios Estudantis Intercom: Doutorado, Mestrado Acadêmico, Mestrado Profissional e Graduação.

Os 12 trabalhos vencedores – três em cada categoria – foram escolhidos pelo júri com base nos critérios estabelecidos no regulamento da premiação: contribuição para a área; relevância e atualidade do tema; abordagem teórico-metodológica; e qualidade do texto. A cerimônia de premiação será realizada no dia 6 de setembro na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) em Belo Horizonte, durante a etapa presencial do 46º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom 2023).

Na edição passada, o JORNAL INTERCOM trouxe entrevistas com Lorena Cruz Esteves (UFPA), primeira colocada na categoria Doutorado, e com Jefferson Saylon Lima de Sousa, primeiro colocado em Mestrado Profissional. Para esta edição, conversamos com as pesquisadoras que ficaram no primeiro lugar das categorias Mestrado Acadêmico e Graduação. Confira:

Luiza Gomes Henriques, 1º lugar na categoria Mestrado Acadêmico com a dissertação Quando o outro fala por si: gradiente de participação popular em ações de comunicação da Fundação Oswaldo Cruz em tempos de epidemia, defendida no Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (PPGICS/Icict-Fiocruz) sob a orientação de Inesita Soares de Araujo.

JORNAL INTERCOM – Como foi o processo de participar dos Prêmios Estudantis Intercom?
LUIZA HENRIQUES – O programa onde eu cursei o mestrado (PPGICS/Icict-Fiocruz) é que fez a inscrição. Eu nem sabia que estava inscrita. Soube da premiação quando recebi um e-mail da coordenação do programa informando a mim e a minha orientadora, Inesita Soares de Araujo.

JORNAL INTERCOM – Para você, o que significa receber o primeiro lugar do prêmio em sua categoria?
LUIZA HENRIQUES – Penso que premiações desse tipo – ainda mais concedidas por uma instituição com a notoriedade da Intercom – são dadas a trabalhos que contribuíram de forma relevante com o campo de conhecimento em que se inserem. O prêmio é um símbolo de reconhecimento de um trabalho bem fundamentado que incentiva os pesquisadores responsáveis por ele e, ao mesmo tempo, informa o campo acerca de temas, perspectivas teóricas e metodologias que estão sendo avaliados como férteis, produtivos. Pessoalmente, é uma alegria, honra e grande fonte de satisfação saber que todo o esforço, os sacrifícios pessoais, as dores físicas [risos] que todo cientista brasileiro – suponho – experimente possam ter dado um bom fruto à sociedade e à comunidade científica, retribuindo o aprendizado que venho tendo na pesquisa e na atuação profissional em uma instituição pública de ciência e saúde.

JORNAL INTERCOM – Qual é a contribuição que sua pesquisa dá ao campo da Comunicação?
LUIZA HENRIQUES – Acredito que a principal seja pautar a importância de as instituições públicas criarem mecanismos para promover uma escuta qualificada da sociedade civil organizada (particularmente, movimentos sociais e organizações populares) nas suas ações de comunicação. Esse princípio, comunicacional, dialógico e democrático por natureza, está previsto em, ao menos, dois princípios do Sistema Único de Saúde (SUS): a participação social e a equidade. A crítica à falta de transparência e à ineficácia de políticas públicas construídas de “cima para baixo”, sem participação da população, é comum a diversos movimentos sociais, atuantes em diferentes campos da vida: moradia, segurança alimentar, gênero, segurança pública, saúde (sentido estrito) e outros. No campo da Comunicação e Saúde, essa crítica se expressa por meio de diagnósticos fartamente documentados que sinalizam que as instituições públicas, em contextos de crise sanitária, continuam mobilizando uma forma autoritária de se comunicar com a população, fundamentada no modelo transferencial, descontextualizada e que desconsidera informações e saberes previamente existentes.

A pesquisa que desenvolvi junto à professora Inesita problematiza essa “impermeabilidade comunicativa” do poder público – que é constituído não só por ministérios, câmaras e cortes, mas também autarquias e fundações no Executivo. Ao mesmo tempo, ao documentar iniciativas do campo da Comunicação que furam esse bloqueio e conseguem enxergar e dialogar com esse “outro”, acredito que estejamos incentivando que metodologias mais participativas na comunicação sejam experimentadas. Não apenas por coerência com o princípio da fé pública dessas instituições e de sua função social nos referidos contextos sanitários, mas para o próprio alcance do objetivo de comunicar com diferentes grupos de pessoas a partir da ciência. Sabemos que essas metodologias podem não ser convenientes ao modo corrente de fazer comunicação, centrado na figura do emissor, mas acreditamos que nosso campo seja dinâmico e fértil o suficiente para experimentarmos novos modelos.

JORNAL INTERCOM – Em sua visão, qual é a importância de existir um prêmio como esse?
LUIZA HENRIQUES – Acredito que as premiações sejam instrumentos eficazes para destacar produções científicas relevantes para um dado momento histórico. É uma forma de atrair atenção para um determinado tema e, assim, estimular entre os pesquisadores um fluxo de reflexões e estudos naquela direção. Penso no prêmio como um recurso simbólico que ajuda a organizar as informações de um campo de conhecimento, amplificando assuntos e pesquisas que apresentem abordagens inovadoras. Olhando dessa forma, os prêmios podem ser geradores de novos trabalhos e movimentar o campo científico em direções que beneficiem ainda mais a sociedade.

Marcia Daniela Pianaro Valenga, 1º lugar na categoria Graduação com o trabalho de conclusão de curso (TCC) A nova forma de assistir o jornalismo: uma análise de recepção dos produtos jornalísticos disponíveis no streaming Globoplay, desenvolvido para obtenção do Bacharelado em Jornalismo na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) sob orientação de Graziela Soares Bianchi.

JORNAL INTERCOM – Por que decidiu inscrever sua monografia no Prêmio Intercom de Comunicação?
DANIELA VALENGA – Conforme o desenvolvimento do meu TCC avançava, minha orientadora, Graziela Soares Bianchi, identificou um potencial do trabalho se conseguíssemos realizar os objetivos propostos e já me incentivava a pensar formas de disseminar os resultados após a conclusão do trabalho. Durante a banca de avaliação da monografia, os professores que participaram, Eliza Bachega Casadei e Marcelo Engel Bronosky, reiteraram a opinião de minha orientadora, apontaram o potencial que o TCC teria dentro de premiações e me incentivaram a acompanhar os calendários para inscrever o trabalho. Desde o começo deste ano, acompanhei as publicações da Intercom para estar atenta à abertura do edital dos Prêmios Estudantis de 2023, pela relevância e pelo alcance que a Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação possui.

JORNAL INTERCOM – Para você, o que significa receber o primeiro lugar do prêmio em sua categoria?
DANIELA VALENGA – Receber o primeiro lugar valida um esforço de meses empregados para entregar o trabalho proposto. Quando a lista de trabalhos homologados na premiação foi divulgada, observei os TCCs inscritos e a potência que todos possuem. Por isso, ter o trabalho escolhido entre eles é uma honra muito grande. Além do reconhecimento pessoal, compreendo como um reconhecimento a todo o departamento de Jornalismo da UEPG. É a primeira vez que um trabalho é premiado nos Prêmios Estudantis do Intercom, mas o histórico de pesquisa no departamento é longo. Antes do TCC, realizei pesquisas de iniciação científica, e isso ocorreu porque há um grande incentivo das e dos professores do departamento para que as alunas e os alunos participem de grupos de pesquisa – no meu caso, o Grupo de Pesquisa em Mídias Digitais (Gemidi). A ideia de pesquisar jornalismo e streaming surgiu em uma reunião do grupo, conheci a base da bibliografia do meu TCC em debates nesse espaço, minha orientadora do TCC é coordenadora do grupo, meu TCC é a continuação de uma pesquisa de iniciação científica e tive a ajuda de integrantes do Gemidi em momentos de desenvolvimento do TCC, como, por exemplo, para submeter o projeto de investigação no Comitê de Ética em Pesquisa. Não há como desenvolver uma pesquisa de forma individual, pois ela é impactada pelo contexto acadêmico que se está inserido e pesquisadores que estão ao seu lado. Por isso, considero que esta vitória não seja somente minha, mas de todo o departamento de Jornalismo da UEPG.

JORNAL INTERCOM – Qual é a contribuição que sua pesquisa dá ao campo da Comunicação e como o prêmio aumenta esse alcance?
DANIELA VALENGA – Minha pesquisa perfilou, de forma inicial, o potencial de consumo de jornalismo em plataformas de streaming, por meio de uma análise de recepção dos produtos jornalísticos na plataforma Globoplay. Em um levantamento que realizei anteriormente à monografia, em uma iniciação científica, percebi que pesquisas relacionadas a streaming e jornalismo ainda eram poucas. Observei os anais digitais dos congressos da Intercom e da Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura (ABCiber) e do Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor), entre os anos de 2015 e 2019, e identifiquei somente 61 trabalhos na área nos anais do Intercom, sendo que apenas três dos artigos tinham como foco temáticas relacionadas ao jornalismo. De 2019 para cá, percebi, de forma informal por acompanhar a área, que se estão produzindo mais investigações sobre jornalismo e streaming e, entre os trabalhos realizados que ajudam a compreender o cenário da área nessas plataformas, está o meu TCC.

Minha pesquisa indica que, quando comparada à ficção, a presença do jornalismo em plataformas de streaming ainda é inicial, por meio de documentários ou transposição de conteúdos exibidos na televisão ao vivo. Porém, identifica que há um potencial de consumo desses produtos na plataforma e, portanto, um possível novo mercado para o jornalismo, além de uma temática de investigação. Ainda há muitas perguntas que precisam de respostas quando pensamos em streaming e, mais ainda, quando pensamos o jornalismo nessas plataformas. Algumas delas espero responder em futuros projetos de pesquisa, no mestrado e no doutorado. Mas torço para que minha pesquisa e a visibilidade dada pela premiação incitem novas investigações na temática.

JORNAL INTERCOM – Em sua visão, qual é a importância de existir um prêmio como esse?
DANIELA VALENGA – Prêmios como esse valorizam pesquisas realizadas em meio a diferentes ataques à ciência e a cortes de incentivos financeiros, principalmente quando falamos em Ciências Humanas e Sociais. Além disso, mostram como estão sendo desenvolvidas diversas investigações potentes na área e visibilizam pesquisas e pesquisadores. Pensando em especial na minha categoria, os Prêmios Estudantis Intercom abrangerem a graduação é um reconhecimento à pesquisa que se faz nessa etapa da trajetória acadêmica, que muitas vezes não recebe os devidos créditos. Há muitas graduandas e muitos graduandos se dedicando à pesquisa paralelamente a disciplinas, estágio, trabalho etc. Essas investigações também merecem ser lidas, divulgadas e reconhecidas dentro da área, mas isso nem sempre ocorre. A Intercom trazer a categoria de Graduação é um incentivo para quem está nessa etapa.

Para conhecer todos os trabalhos premiados no Prêmio Intercom de Comunicação 2023, clique aqui.

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